Se pensa que no Algarve tem chovido muito, engana-se. De tal modo, que a região se mantém oficialmente em situação de seca, fraca (no Barlavento) ou moderada (no Sotavento), obrigando a empresa Águas do Algarve SA a gerir, com cuidados acrescidos, a água disponível nas quatro barragens destinadas ao abastecimento público na região (Odelouca, Bravura, Odeleite e Beliche).
É que, «apesar de grande parte do território português ter registado, no mês de janeiro, valores de quantidade de precipitação superiores aos valores médios, sendo inclusive o valor médio nacional de janeiro o maior dos últimos 15 anos (189,0 mm) o que o caracteriza como um mês muito chuvoso, na região do Algarve a situação em termos de precipitação tem sido distinta do restante território».
De acordo com informação do IPMA, em janeiro de 2016, o valor mensal mais baixo de quantidade de precipitação a nível nacional foi registado no Algarve, no concelho de Castro Marim, e a nível nacional, apenas na região do sotavento Algarvio ocorreram valores inferiores ao normal, panorama que se tem vindo a manter durante o mês de fevereiro, salienta a Águas do Algarve.
Por outro lado, o presente período húmido de 2015-2016, e salvo um episódio registado no início de novembro de 2015, «tem sido caracterizado por baixos valores de quantidade de precipitação e consequentemente baixas afluências de água às albufeiras que constituem origens de água para o abastecimento público ao Algarve».
Com a agravante de o ano hidrológico anterior (2014-2015) ter sido «igualmente caracterizado como seco, partindo já as albufeiras de uma situação de disponibilidade baixa, em termos de armazenamento de água».
Neste cenário de baixas precipitações e da análise dos volumes e disponibilidades hídricas das quatro albufeiras que constituem origens de água do Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água do Algarve (Odelouca, Bravura, Odeleite e Beliche), verifica-se que, «no período húmido deste ano hidrológico de 2015-2016, e face ao período homólogo do ano anterior, os caudais de regularização das albufeiras não foram suficientes para suprir as necessidades registadas, não permitindo assim incrementos em termos de percentagem de armazenamento de água».
Ou seja, como tem chovido muito pouco, pelo segundo ano consecutivo, a água armazenada nas barragens não é ainda suficiente para as necessidades de abastecimento do Algarve.
Ainda segundo o IPMA, a 31 de janeiro, a quase totalidade da região do Algarve encontrava-se em situação de seca fraca, com exceção da área em que se insere a bacia da albufeira da Bravura, sendo que a região do Sotavento Algarvio encontra-se já em situação de seca moderada.
Em balanço, «a situação em termos de disponibilidades de água superficial para o abastecimento público é menos desfavorável na região de Barlavento Algarvio, sobretudo pela disponibilidade de uma nova origem de água superficial, a Albufeira da barragem de Odelouca, associada a uma estratégia da Águas do Algarve SA de gestão plurianual e integrada das origens de Água do Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água do Algarve, superficiais e subterrâneas.
No entanto, acrescenta a empresa, «face à situação mais desfavorável registada no Sotavento, que merece acompanhamento extraordinário», a Águas do Algarve SA está já a «implementar medidas de gestão adicionais para salvaguardar as necessidades do abastecimento público à região na época alta que se avizinha».