O emblemático Café Aliança, em Faro, vai reabrir em breve «tal como as pessoas se recordam dele». O estabelecimento comercial, que faz parte da história da cidade, vai passar a ser explorado por uma família farense, que apostará em criar «uma típica cervejaria portuguesa onde se poderá degustar um bom bife e uma bela cerveja», mas onde não faltarão produtos mais ligados à região «como o marisco», revelou ao Sul Informação um dos promotores do projeto, que prefere, para já, manter o anonimato.
Um modelo de negócio que, garantiu, «não terá nada a ver com qualquer franchising», nomeadamente as marcas 100 Montaditos ou Starbucks. Esta informação tem circulado, em Faro e nas redes sociais – nomeadamente como reação ao artigo do Correio da Manhã, que anunciou a reabertura do Aliança, dentro em breve – mas não tem qualquer ligação à realidade, assegurou.
Outra garantia dada é da manutenção da traça exterior e dos elementos emblemáticos no interior do edifício, um ex-libris da capital algarvia, «não só por ser obrigatório por lei, mas porque é nossa intenção preservar o Aliança».
A (leve) transformação do Aliança poderá ser desfrutada, esperam os promotores deste projeto, «no início de 2016», embora não haja, ainda, uma data definida. «O projeto de obra já está aprovado e o início dos trabalhos está dependente de algumas burocracias normais neste tipo de empreendimento», revelou o futuro dinamizador do Aliança.
A partir do momento em que as burocracias sejam ultrapassadas, «a obra será de curta duração». O novo Aliança ocupará o rés-do-chão do edifício que dá, de um lado, para a Rua de Santo António e, do outro, para a rua da Marinha. As salas que, num passado recente, estiveram associadas ao Aliança, onde chegaram a funcionar uma tabacaria e um cibercafé, não estão incluídas.
Foi o estado do edifício situado entre a seguradora Fidelidade e a antiga mercearia existente naquele quarteirão que levou ao fecho do Aliança, em 2010, por questões de segurança. Na altura, a área ocupada pelo café era bem maior e abrangia o rés-do-chão de três edifícios.
O atual projeto só incide «sobre o edíficio do Aliança em si», que se encontra estável. «Daí que a Câmara tenha aprovado o projeto», salientou o promotor. A mesma área já havia sido utilizada pela candidatura do socialista Paulo Neves em 2013, durante a campanha eleitoral das Autárquicas, e acolheu diversas tertúlias.
A última vistoria ao edifício foi realizada há cerca de um ano e identificou a necessidade de «obras de conservação», nomeadamente limpeza da fachada, recuperação de zonas da cobertura e pequenos arranjos, mas não detetou «qualquer risco para pessoas ou bens», segundo a vereadora da Câmara de Faro Teresa Correia.
De resto, a empresa familiar que vai explorar o Aliança já é, neste momento, a inquilina do espaço, uma vez que «foi assinado o contrato de arrendamento e este já entrou em vigor».
Contactado pelo Sul Informação, o presidente da Câmara de Faro confirmou que, da parte do Município, já foi dada a luz verde ao projeto e que foi aceite um pedido para prolongamento da licença da obra de reabilitação do edifício, por parte dos seus proprietários. Será este projeto que os novos arrendatários irão levar a cabo.
«Nós fizemos um trabalho muito persistente junto dos proprietários do imóvel, no sentido de os consciencializar para a importância daquele espaço para a cidade e de o recuperar», enquadrou Rogério Bacalhau.
«Da nossa parte, estamos dispostos a ajudar naquilo que pudermos. Este é um espaço emblemático da cidade, as pessoas têm muitas boas memórias do Aliança. Espero que o investimento possa avançar», disse.
A aposta vai mesmo ser realizada, embora os valores envolvidos na recuperação do edifício e lançamento do novo negócio não sejam revelados pelos novos arrendatários do Aliança.
«Não achamos que seja relevante o valor do investimento. O que é importante é que as pessoas concentrem as suas energias em recuperar, preservar e disponibilizar aquilo que é de todos nós. Neste caso específico, falamos do Aliança, mas existem muitos outros espaços que necessitam de atenção», consideram.
Os promotores do renovado Aliança são «uma família de Faro, com negócios em diversas áreas, não apenas na da restauração».
(Atualizada às 10h35 com dados sobre as condições de segurança do edifício)