A Estalagem do Guadiana, construída nos anos 80 do século passado pela Câmara Municipal de Alcoutim para atrair turistas para este remoto concelho do Nordeste Algarvio, está agora à venda, por 1,3 milhões de euros.
A estalagem, que nos últimos anos assumiu o nome de Guadiana River Hotel, funcionou desde o início com exploração do Grupo Hoteleiro Fernando Barata, a quem a autarquia concessionou o equipamento. No entanto, o grupo, nos últimos anos, vinha acumulando dívida, não pagando as rendas devidas. No ano passado, o novo executivo autárquico, liderado pelo socialista Osvaldo Gonçalves, decidiu rescindir o contrato de concessão.
«Quando chegava o Inverno, eles fechavam o hotel por largos meses. Além disso, tinham uma situação de dívida para connosco. Por isso, fomos falar com eles e antecipámos a rescisão do contrato», disse o autarca Osvaldo Gonçalves, em entrevista ao Sul Informação.
Depois de avaliar as suas opções, a Câmara de Alcoutim resolveu iniciar um «processo de alienação» da antiga estalagem à beira do Guadiana. O concurso para a venda do equipamento foi aberto no princípio deste mês de Janeiro, com um prazo de 60 dias após essa data.
O preço base da venda é de 1,3 milhões de euros, mas, tendo em conta a dimensão do hotel – apenas 31 quartos – e o facto de se tratar de um edifício com quase 30 anos, há quem considere o preço demasiado elevado, para mais numa conjuntura de retração do investimento.
Mas o presidente da Câmara de Alcoutim manifesta-se «otimista», uma vez que a autarquia já recebeu «alguns contactos de potenciais interessados. Já temos mesmo mostrado o equipamento a interessados, que vêm até cá para conhecer melhor».
E quem são esses interessados? Osvaldo Gonçalves não quer ainda desvendar, mas garante que se trata de «um ou dois grupos de investidores estrangeiros, nomeadamente um do Brasil, e também portugueses».
A antiga estalagem situa-se à beira do Guadiana, numa posição privilegiada de frente para o maior rio do Sul do país, com a margem espanhola de frente. O edifício tem quase 30 anos e, ao longo do seu funcionamento como unidade hoteleira, «foi sofrendo obras de melhoramento». «O valor que pedimos pelo hotel já tem em conta os desgastes do tempo, admitindo nós que o edifício pode precisar de algumas obras, de algum investimento», refere o presidente Osvaldo Gonçalves.
Mas, além de preparar a venda, a equipa autárquica preparou também «a viabilização da construção de uma ampliação do hotel», que, usando o terreno hoje ocupado pelo campo de ténis, «permitirá aumentar a capacidade hoteleira em mais 20 quartos», o que, admite o edil de Alcoutim, «pode ser fundamental para garantir a rentabilidade da unidade».
E se, afinal de contas, nenhum interessado formular uma proposta concreta para a venda da antiga estalagem do Guadiana? «Nesse caso, iremos iniciar um novo processo para arrendamento da unidade hoteleira», admite Osvaldo Gonçalves.
Alcoutim é daqueles concelhos onde a oferta hoteleira é muito escassa. Neste momento, em todo o município, além da Pousada da Juventude, só há uma hospedaria, ambas na vila e sede de concelho, e três unidades de turismo rural, abertas recentemente. O Hotel de Guerreiros do Rio, construído há poucos anos também à beira do Guadiana, por um privado, na aldeia de Guerreiros do Rio, mais a Sul, já fechou e não se sabe se algum dia reabrirá.
«Nós estamos longe, embora agora, com o IC27 a ligar o litoral a Alcoutim de forma rápida, a distância até pareça ter diminuído. Mas o IC27 tem servido mais como porta de saída de pessoas que trabalham aqui, mas vão viver para Vila Real de Santo António, contribuindo até para a retração do mercado imobiliário de Alcoutim, que para atrair gente para cá», diz, algo desalentado, o presidente da Câmara Osvaldo Gonçalves.