A Câmara de Olhão abateu perto de 5 milhões de euros das dívidas da autarquia e reduziu o passivo das empresas municipais em cerca de 2,6 milhões de euros, desde que o atual executivo tomou posse.
Esta redução do passivo foi conseguida «com medidas do lado da despesa e da receita», nomeadamente o corte nos gastos com festas e uma reestruturação interna, que permitiu «poupar 250 mil euros por ano, só com a redução das chefias», revelou o presidente da Câmara de Olhão António Pina.
Apesar da aplicação de cortes, houve áreas em que o investimento se manteve, nomeadamente a «educação, a ação social e o desporto», vistas como prioritárias pelo executivo socialista e que «não sofreram qualquer corte». Tirando estas áreas “sagradas”, houve lugar a emagrecimento em quase todos os outros itens.
As poupanças conseguidas permitiram «saldar quase todas as dívidas de curto prazo», bem como começar a abater algumas de médio/longo prazo.
«A consolidação das Finanças foi uma das nossas prioridades, desde que tomámos posse. A Câmara de Olhão, à semelhança de muitas outras, teve um quadro de grandes dificuldades, devido à redução das receitas. Não era um município extremamente endividado, como outros, tanto que só pediu 4 milhões de euros ao PAEL, mas tinha alguns problemas. Com a nova lei, que obrigava a este controlo, esta acabou por ser a grande dificuldade», revelou António Pina, ao Sul Informação.
António Pina: “Temos procurado explicar melhor às pessoas e a preocupação em estar mais abertos. Porque algumas das mentiras, dos fantasmas e meias-verdades que se criaram, nos últimos anos, só aconteceram porque não nos esforçámos a explicar melhor”
«Começámos por reduzir no setor das festas, no apoio que dávamos. Também reduzimos alguns investimentos. Do lado da despesa, reduzimos em pessoal, nomeadamente nas chefias», ilustrou, acrescentando que nos eventos se passou a gastar menos 190 mil euros/ano que anteriormente.
Hoje, e dois anos depois da tomada de posse do atual executivo, a dívida da autarquia e das empresas municipais baixou em 4,9 milhões de euros, segundo números que já tinham sido avançados num balanço dos dois primeiros anos de mandato, feito por António Pina em Novembro. Nas dívidas de curto prazo, a fornecedores, entre outubro de 2013 e o mesmo mês de 2015, houve uma redução de 5,28 para 2,9 milhões de euros, ou seja, abateu-se cerca de 2,4 milhões de euros.
Nas obrigações de médio/longo prazo, mais ligadas a empréstimos e à verba pedida ao abrigo do Plano de Apoio às Autarquias Locais (PAEL), a redução foi de cerca de 2,5 milhões de euros, mais precisamente, dos 21,6 para os 19,1 milhões de euros. Tudo somado, a autarquia Olhanense tem agora uma dívida total de 22 milhões de euros, quando, em 2013, ascendia aos 26,9 milhões.
No que toca às empresas municipais, a Fesnima (responsável pela organização de eventos, entre outras) já não tinha qualquer dívida em 2013 e assim continua. O mesmo não se podia dizer dos Mercados Municipais de Olhão, que deviam 128,1 mil euros, dívida já saldada. A Ambiolhão ainda continua a ser um grande peso nas contas do municípios, ainda que tenha havido uma redução substancial. Em 2013, esta empresa municipal tinha um passivo de 15,1 milhões de euros, entretanto reduzido para os 12,5 milhões de euros.
Apesar deste ajuste, foi possível «devolver cerca de um milhão de euros aos olhanenses, em Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI)», devido à redução desta taxa «em 20 por cento».
Como já havia feito na sessão de balanço dos dois anos de mandato, António Pina voltou a salientar que o seu executivo introduziu mudanças, naquilo que é a interação com a oposição e a população. Até porque o atual edil, ao contrário do seu antecessor Francisco Leal, não conta com maioria nem na Câmara, nem na Assembleia Municipal.
«Procurei adaptar à minha imagem a gestão da autarquia, que não será nem melhor nem pior que a anterior. Há uma nova forma de governar, em diálogo permanente com as outras forças partidárias, até porque não temos maioria. Teve de haver aqui um reajustamento, um processo de aprendizagem entre todos, não só de quem está no poder, mas também da oposição, que foi obrigada a ter uma postura mais construtiva e menos oposicionistas», disse o edil.
Uma tarefa que não tem sido tão difícil como se adivinhava, ao início, já que, «felizmente, contamos com vereadores que são todos gente decente, que está por Olhão e colocam o desenvolvimento do concelho como a prioridade».
«Temos procurado explicar melhor às pessoas e a preocupação em estar mais abertos. Porque algumas das mentiras, dos fantasmas e meias-verdades que se criaram, nos últimos anos, só aconteceram porque não nos esforçámos a explicar melhor», disse.