A Câmara Municipal de Vila Real de Santo António vai solicitar uma auditoria aos laboratórios do Instituto do Mar e da Atmosfera (IPMA) devido às «constantes discrepâncias» entre os dados das análises do IPMA e os resultados das análises requisitadas pela autarquia de VRSA a um laboratório independente, no que se refere ao nível de toxinas dos bivalves da costa algarvia.
«Mais uma vez, os exames pedidos pela autarquia ao laboratório oficial e devidamente certificado que efetua as análises para a Junta de Andaluzia (Espanha) contrariam os resultados do IPMA e revelam que a presença de toxinas na costa do concelho é inferior aos mínimos legais, pelo que a apanha de bivalves não deveria estar proibida», afirma Luís Gomes, presidente da Câmara Municipal de VRSA.
«Se dois institutos oficiais apresentam resultados diferentes para o mesmo tipo de análises, temos de exigir ao Estado que monitorize a situação, assuma as suas responsabilidades e apure a situação até às últimas consequências, uma vez que estamos a falar da subsistência de centenas de famílias de mariscadores que deixam de ter rendimentos durante os períodos de interdição», prossegue Luís Gomes.
Da mesma forma, o município de VRSA volta a exigir ao IPMA «rapidez e transparência» na divulgação dos resultados das análises que estão na base das interdições de apanha e captura de moluscos bivalves na zona L9, localizada na Praia de Monte Gordo.
«Numa altura em que os sistemas de informação do Estado estão disponíveis em múltiplas plataformas e se exige a transparência das instituições, não podemos admitir que as análises que são efetuadas não tenham correspondência em tempo real com os valores divulgados no sítio do IPMA, que reportam aos meses de março e maio. Isto é não ter consideração pelas centenas de famílias que estão a viver situações dramáticas», nota Luís Gomes.
Esta tomada de posição acontece depois dos múltiplos contactos feitos pela autarquia de VRSA junto do IPMA e da Secretaria de Estado do Mar, entidades que até agora não apresentaram quaisquer sugestões para os problemas apontados pela autarquia.
Em junho, os mariscadores da Baía de Monte Gordo e o executivo da Câmara Municipal de VRSA também se tinham reunido com o Secretário de Estado do Mar Manuel Pinto de Abreu, para solicitarem a revisão dos valores e das condições de atribuição dos fundos de compensação, de forma a minimizar os prejuízos dos mariscadores que estão impedidos de capturar bivalves.
Esta semana, a Olhãopesca anunciou que vai pedir ao Secretário de Estado do Mar para que os níveis de segurança ou os limites regulamentares de toxinas DSP sejam revistos.
Segundo a organização de produtores, desde meados de maio que a captura e a comercialização de conquilha está interdita na zona Sul devido à presença de biotoxinas, mas esta continua a ser capturada e vendida no mercado paralelo, e servida em restaurantes, sem que haja consequências para a saúde conhecidas, o que leva a Olhãopesca a desconfiar dos resultados das análises.