Separa-os todo um oceano e muitos milhares de quilómetros, mas isso não impede a cantora norte-americana Sarah Bollinger e a banda algarvia «Low Tech Groove» de criar música e de a gravar em estúdio em conjunto. Depois de uma primeira experiência no verão passado, os músicos voltaram a atuar juntos ontem, no Cenas, em Tavira e sobem novamente ao palco este sábado, n’ «Os Artistas», em Faro, a partir das 22h30.
Esta é uma história que começa num acaso, continua com a criação de uma grande empatia entre a cantora e os músicos portugueses e culmina agora com uma colaboração alargada, no âmbito do lançamento do primeiro disco dos «Low Tech Groove». Esta banda de jazz, blues e funk, criada em Faro há cerca de um ano, junta Marco Canas, no saxofone tenor, Paulo “Gefites” Franco, na bateria, Paulo Silva, no contrabaixo, João Araújo, nas teclas e Pedro Gil, na guitarra.
Em agosto de 2013, a jovem artista norte-americana, que passava uma temporada em Faro, para aprender português, foi assistir a um concerto de «Low Tech Groove» no Barti Café, na capital algarvia e acabou a cantar uma música com a banda. Uma experiência que agradou a ambas as partes, que se juntaram uma semana depois, para um concerto em conjunto.
Sarah Bollinger admitiu, a rir, que, depois do que aconteceu da primeira vez que veio a Portugal, não conseguiu estar muito tempo longe do Algarve. «Estive aqui no Verão passado e foi ótimo. Eu e a banda tivemos esta conexão mágica e, desde então, mantivemo-nos em contacto», disse a artista ao Sul Informação.
«Eles começaram a trabalhar num álbum novo, escreveram uma série de temas originais. E desafiaram-me a criar letras para algumas. Eu escolhi três e trabalhei nelas», contou a cantora.
Tudo isto aconteceu virtualmente, uma vez que Sarah Bollinger estava nos Estados Unidos, ainda no rescaldo do lançamento do seu primeiro disco «Both/And», que foi apresentado no dia 30 de agosto de 2013. «Fomos trocando ideias. Mandávamos as coisas para lá e para cá, até que chegámos ao ponto em que todos gostávamos do resultado. Correu muito bem», contou.
Foi Sarah Bollinger quem começou!
Isto de editar em disco o fruto desta colaboração transatlântica, há que dizê-lo, foi mesmo Sarah que começou. «Em dezembro, fui contactada por uma pequena editora, a “Sweet Soul Records”, do Japão, que relançou o disco naquele país», disse.
Nestes casos, é habitual que as editoras peçam faixas extra, para distinguir o disco que vão apoiar e lançar num novo mercado, do já disponível nos Estados Unidos. «Eles queriam duas faixas diferentes e como tínhamos gravado o concerto do Barti Café, perguntei aos rapazes se podia usar uma das músicas. Desta forma, eu e os Low Tech Groove estamos na versão japonesa do álbum», contou.
Paulo Franco revelou, por seu lado, que a gravação do primeiro disco da banda algarvia está já numa fase avançada. «Neste momento, o disco está a ser editado aqui em Faro, no BoxMusic Studios, pelo Luís Rocha e o Davis. Ainda não temos a certeza de quando o lançaremos, pois ainda faltam os últimos retoques, mas esperamos que antes do verão, talvez em maio, esteja cá fora», disse o baterista.
Portugal fica entre Moçambique e os EUA
A vinda de Sarah ao Algarve, embora não fosse fulcral (com a tecnologia moderna, a distância não é um problema), foi a «situação ideal». «Eu faço voluntariado social em Moçambique e como tive de lá ir agora, aproveitei para fazer uma paragem de uma semana aqui», explicou a cantora.
E, já que vinha a Portugal, os «Low Tech Groove» sugeriram o agendamento dos concertos de hoje e amanhã, para mostrar o trabalho que têm desenvolvido em conjunto, temas do disco «Both/And» e «alguns standards de jazz».
Para já, não está ainda pensada uma viagem dos algarvios até aos Estados Unidos, mas nem Paulo Franco nem Sarah Bollinger colocam a hipótese de lado. Mas, como parece provar a história entre os «Low Tech Groove» e a cantora norte-americana, tudo é possível.