O Porto de Pesca de Olhão foi contaminado por um derrame de gasóleo, após o choque entre duas embarcações. Para agravar, o posto de combustível ali existente teve uma avaria e provocou outro derrame de combustível, com consequências ainda imprevisíveis para o frágil ecossistema da Ria Formosa.
As situações são hipotéticas, mas constituem um risco real, razão que levou a Autoridade Marítima a promover um exercício de combate à poluição do mar, esta quinta-feira, naquela infraestrutura portuária de Olhão.
A simulação foi pensada pelo Departamento Marítimo do Sul da Autoridade Marítima Nacional e pela Capitania do Porto de Olhão e envolveu outras entidades, como a Autoridade Nacional de Proteção Civil, a Docapesca, a Câmara Municipal de Olhão e a Ambiolhão.
«O exercício Olhão 2016 tem três objetivos principais, no que diz respeito às operações de combate à poluição no mar: treinar de modo consistente os meios atribuídos ao Departamento Marítimo do Sul e à Capitania do Porto de Olhão; treinar e incrementar a cooperação com outras entidades, em particular as autarquias e demonstrar à população em geral as capacidades e determinação dos serviços responsáveis pelo combate à poluição do mar no Algarve», enquadrou o comandante do Porto de Olhão Rui Nunes Ferreira.
Esta é, de resto, uma prática comum do Departamento Marítimo do Sul, que promove exercícios desta natureza duas vezes pro ano. Desta vez, foi escolhido o Porto de Olhão, um local com forte tráfego marítimo, que se localiza no coração do Parque Natural da Ria Formosa.
«O simulacro desenvolveu-se em duas frentes, ambas no interior do Porto de Pesca: um primeiro cenário em que duas embarcações – uma atracada e outra em trânsito – embateram uma na outra, com o consequente derrame de combustível, e em segundo cenário em que uma avaria no posto de abastecimento de combustível da Docapesca teria também como consequência o derrame para a Ria», segundo a Câmara de Olhão.
«O exercício consistiu na contenção das manchas de poluição e consequente limpeza da matéria poluente, para posterior transporte e tratamento pela Ambiolhão. Estiveram envolvidas neste simulacro cerca de 75 pessoas, 6 embarcações, 5 viaturas pesadas e uma viatura da Proteção Civil», acrescentou a autarquia.
Como é normal nestas situações, os meios envolvidos na resposta a este acidente começaram por conter o derrame com barreiras físicas, para evitar o alastramento, dedicando-se, em seguida, a bombear a matéria poluente para dentro de tanques rápidos, para posterior transporte e tratamento.
«De acordo com os técnicos que coordenaram as operações no local, não seria particularmente difícil lidar com incidentes como os que hoje foram simulados caso acontecessem efetivamente, o que se prende com o facto de se tratar de um local abrigado, onde a ondulação é praticamente inexistente. Numa zona de praia, ou em mar aberto, o grau de dificuldade acentuar-se-ia, daí a necessidade de se proceder ciclicamente a exercícios desta natureza, que garantam uma resposta pronta das autoridades em caso de desastres ambientais», ilustrou a Câmara de Olhão.
A capacidade em enfrentar um acidente desta natureza, ontem demonstrada pelas entidades envolvidas, deixou o presidente da Câmara de Olhão convencido. «É sempre interessante ver como se processam no terreno operações desta natureza e ficamos todos muito mais descansados ao constatarmos que existem autoridades, técnicos e profissionais formados e em grau de prontidão máximo, caso um incidente desta natureza aconteça na realidade», disse António Pina.
Veja fotos do exercício: