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Carlos Henrique, de 55 anos, que foi durante quatro mandatos vereador e até vice-presidente da Câmara de Monchique, então eleito pelo PS, acaba de anunciar que se candidata como independente àquela autarquia.

«Não é uma candidatura contra ninguém ou contra os partidos, mas antes uma candidatura que procura o seu espaço na sociedade, que é por Monchique e que procura nos cidadãos aquilo que eles pretendem e as melhores pessoas para concretizar os projetos», disse Carlos Henrique em declarações ao Sul Informação.

O PS, partido do qual o candidato era militante, tendo agora suspendido a sua filiação, já apresentou a sua candidata à Câmara de Monchique: trata-se da atual vereadora Graça Batalim, que antes foi presidente da Junta de Freguesia.

O PSD, que em 2009 roubou aquela autarquia aos socialistas então liderados pelo dinossauro Carlos Tuta, volta a candidatar o atual presidente da Câmara Rui André.

Apesar do seu discurso apaziguador, a verdade é que Carlos Henrique não gostou que o PS lhe tivesse puxado o tapete. «No ano passado, em julho, num Congresso do PS, aprovou-se a possibilidade de fazer primárias para escolher os candidatos socialistas às Câmaras. Eu sugeri que, em Monchique, quem quisesse candidatar-se apresentava a sua pré candidatura e depois os nomes eram votados e escolhidos pelos militantes e pelos independentes que tenham feito parte das listas do PS. Mas isso não foi aprovado. E a Comissão Política acabou por escolher uma pessoa, à revelia dos regulamentos», explicou ao Sul Informação.

Agora que está do outro lado da barricada, ou seja, que não conta com o apoio de um partido, Carlos Henrique diz-se «entusiasmado». Invocando a sua longa experiência de 26 anos de autarca – presidente de Junta de Freguesia de Monchique durante dois mandatos (1985-1993) e vereador durante quatro (1993-2009) – o candidato salienta que «essa coisa dos partidos não se sente no dia a dia. O que interessa não são os partidos, mas as pessoas e o que elas fazem».

É por isso que, garante, a candidatura do Movimento “MI – Monchique Independente” inclui «gente de vários quadrantes políticos, pessoas que antes de certeza já votaram em vários partidos. O que interessa é que sejam pessoas válidas!».

Para já, o “MI – Monchique Independente” vai candidatar-se à Câmara e à Assembleia Municipal. «De início tínhamos pensado ficar por aqui. Mas agora surgiram-nos uns jovens a lançar-nos o desafio para uma candidatura também à Junta de Freguesia de Monchique. E isso pode ser muito interessante, porque são jovens que querem eles próprios começar a gerir uma autarquia e têm projetos. É preciso dar voz a estas pessoas».

O cabeça de lista à Assembleia Municipal ainda não está escolhido. «Estamos a fazer reuniões preparatórias, a ouvir as pessoas. O grupo depois decidirá».

Para Carlos Henrique, o que é preciso é «ouvir a comunidade real, a pessoa que encontramos na rua. Se calhar, os partidos não chegam aí, falam muito com as elites». Aliás, a sua candidatura já anunciou que «o programa eleitoral será efetuado a partir de um conjunto de reuniões com a população, as instituições e os principais agentes socioeconómicos locais». «A política não se faz de promessas, faz-se de respostas às inquietações do povo, e para saber responder é preciso, primeiro, saber ouvir!», sublinha o candidato.

 

Candidatura independente é inédita em Monchique

 

O Movimento “MI – Monchique Independente” considera que «a apresentação de uma lista independente por parte de um grupo de cidadãos de Monchique às próximas eleições autárquicas constitui um ato ímpar na história democrática do nosso concelho».

Carlos Henrique aceitou o desafio «lançado por muitos Monchiquenses, que não se reveem minimamente nos atores políticos». O objetivo desta candidatura é «promover o espírito coletivo de entreajuda e instaurar uma gestão participativa na ótica do “cidadão para o cidadão”».

O “MI – Monchique Independente” invoca a experiência de 26 anos de autarca de Carlos Henrique, salientando que, «durante este período, geriu pelouros em quase todas as áreas da administração local, à exceção da área financeira e da saúde» e apresenta-o como um «profundo conhecedor do território e das suas gentes», por cujas mãos «passaram também algumas das obras mais emblemáticas do município», o que torna legítima a sua «ambição clara de promover um concelho não só aprazível para os mais idosos, como também, com futuro para os mais jovens».

As duas ideias de fundo do candidato passam por «valorizar as pessoas e melhorar as suas condições de vida, através: do potenciamento dos recursos endógenos e do empreendedorismo; do fomento da habitação e da reabilitação/requalificação urbana; da implementação de novos serviços sociais de apoio; e da aposta na educação e na saúde, pedras basilares no desenvolvimento de qualquer sociedade».

A candidatura independente pretende, ainda, «defender com brio e honra a obra feita por anteriores executivos que integrou, visto que o património está atualmente ao abandono e sem a conservação necessária, o que pode conduzir a uma realidade de há 30 anos».

Carlos Henrique acrescenta que «uma gestão rigorosa e responsável não deve ser bandeira de campanha política, mas sim uma obrigação elementar de qualquer autarca».

A revisão do PDM, tema que o “MI – Monchique Independente” considera ter sido «ignorado pelo atual executivo», é também «prioritária», porque «é fulcral existir um documento estratégico no que concerne à evolução da nossa componente urbana e ao futuro do nosso mundo rural, designadamente a alteração de alguns condicionalismos que há muito nos subtraem condições para atingir um grau de desenvolvimento que a população anseia, e que é, refira-se, perfeitamente possível».

O “MI – Monchique Independente” termina sublinhando que «esta candidatura já é vitoriosa, visto que não pretende concorrer contra ninguém, nem fazer do ato eleitoral um circo com ataques pessoais». Pretende única e exclusivamente exercer com seriedade e nobreza a sua obrigação democrática e colocar ao dispor da população uma alternativa composta por gente capaz, gente que faz!».

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