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Consegue imaginar o mundo sem mulheres? A Civis e outras associações não! Por isso decidiram reunir cem mulheres para partilharem as suas experiências, as suas conquistas, as suas vidas. Porque o mundo também é feito por mulheres!

Esta será uma maneira diferente de assinalar o Dia Internacional da Mulher amanhã, sábado, dia 8 de Março, às 14h00, reunindo 100 mulheres extraordinárias no Auditório do Museu Municipal de Faro. A entrada é livre e os homens podem – e devem – participar.

Trata-se de uma iniciativa da Civis – Associação para o Aprofundamento da Cidadania, do Projeto Caminhos para a Igualdade da Associação Doina e do Palácio do Tenente, com o alto patrocínio da CIG – Comissão para a Igualdade de Género.

Inês Morais Pereira, presidente da Civis, explicou, em entrevista à RUA FM, que se trata de um encontro diferente do habitual nestes dias da Mulher, porque «não haverá strippers masculinos, não haverá almoços, nem jantares». Serão apenas cem mulheres extraordinárias, portuguesas e estrangeiras, de várias idades e profissões, todas residentes no Algarve, que irão partilhar com a audiência as suas histórias, as suas vidas, as suas conquistas.

Inês explica que, «apesar de haver homens e mulheres que acham que já não é preciso celebrar o Dia Internacional da Mulher», continua a haver questões importantes a debater. Uma delas é a desigualdade salarial, outra a violência doméstica.

«A desigualdade salarial existe, há uma diferença de 16% entre o que os homens e as mulheres ganham. E mais de 85% dos casos de violência doméstica são sobre mulheres. Estas questões têm de ser faladas!»

Assim, um dos objetivos da sessão deste sábado, que se pretende «descontraída e informal», é «reforçar o mérito do trabalho que a mulher faz: que faz em casa, como mãe, filha, neta, cuidadora, que faz na sua profissão, que faz nas associações».

A presidente da Civis salienta também o facto de as mulheres, apesar do seu peso na sociedade, ainda não estarem devidamente representadas nos «lugares de exercício do poder». «Há muitas mulheres nos lugares intermédios, mas nos lugares de decisão elas não estão lá. E porque é que isto acontece?»

 

Caminhar para a igualdade

Marta Costa Lima, responsável pelo Projeto «Caminhos para a Igualdade» da Associação Doina, explicou, por seu lado, que este projeto, que trabalha com imigrantes e com portugueses, pretende «promover a igualdade e combater a violência de género, em especial a violência doméstica, que é altamente preocupante em Portugal».

«Em 2013, morreram em Portugal 33 mulheres vítimas de violência doméstica. Semana sim, semana não, houve uma mulher que foi assassinada pelo cônjuge, ex cônjuge ou companheiro», acrescentou.

No entanto, apesar da realidade fria dos números, Marta Costa Lima considera que «há uma abertura maior dos homens para este assunto, nomeadamente no Projeto Caminhos para a Igualdade. Nas ações de formação começa agora a haver uma distribuição mais equilibrada das inscrições entre mulheres e homens».

Inês Morais Pereira sublinha, a propósito, que «este caminho não se faz sem os homens» e por isso convida-os a estar presentes na sessão deste sábado e a intervir no debate.

Além disso, admite, «os homens também são discriminados pelas mulheres, por exemplo na questão da parentalidade. Os homens querem ser pais, mas as mulheres negam-lhes esse direito».

Apesar disso, frisa, as mulheres sofrem ainda muito mais discriminação. E recorda, de novo, a questão da igualdade salarial, dizendo que «uma mulher tem que trabalhar mais 59 dias por ano para ter o mesmo salário que um homem. São quase dois meses!».

Em Faro, «juntamos cem mulheres, mas às vezes a sensação que temos é que este é um mundo sem mulheres!», conclui a jovem advogada farense e presidente da Civis.



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