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centro de saúde de silvesUma utente de 87 anos, que esteve esta segunda-feira no Centro de Saúde de Silves, para um exame de seguimento a um tratamento que estava a fazer, acabou sem acesso a consulta por, alegadamente, lhe ter sido dito por uma funcionária  administrativa que o único médico de serviço estava ocupado até ao final do dia e não a poderia atender.

Uma situação que deixou a família revoltada e que, segundo o neto da utente, Márcio Baptista, obrigou a levá-la a um hospital privado. Em causa, esteve a realização de um raio-x que revelasse se o tratamento a líquido num pulmão que Maria, a sua avó, tinha acabado de realizar, havia, ou não, surtido efeito.

Contactada pelo Sul Informação, a Administração Regional de Saúde do Algarve confirmou que, ontem, «por constrangimentos de renovação em termos de contratualização de prestação de serviços médicos, apenas esteve um médico de serviço na consulta de recurso», em Silves.

«Contudo, esta situação não colocou em causa o normal funcionamento dos serviços e a prestação de cuidados de saúde à população», assegurou a ARS.

«De acordo com informação dos serviços administrativos da unidade de saúde de Silves, por volta das 17h30 ainda existiam vagas disponíveis para marcação de consultas de recurso. Por isso, a Direção Executiva do ACES Barlavento estranha a situação reportada e não tem conhecimento de qualquer reclamação nesse sentido», acrescentou a ARS do Algarve.

Quem também não acha a situação normal é Márcio Baptista, que conta que a sua irmã e a avó estiveram no Centro de Saúde por volta do meio dia e, na altura, foi-lhes transmitida a inexistência de vagas para aquele dia, «sem ser apontada qualquer alternativa». E «não foram as únicas a receber essa resposta», assegura.

Isto depois de terem tido o cuidado de contactar o Centro de Saúde, antes de saírem de casa, para confirmar que estava de serviço um radiologista. «Ao chegar lá, confirmaram que havia radiologista, mas que o médico já tinha as vagas completas até às 20 horas», disse. O radiologista não pode fazer o exame sem um pedido do médico.

O neto da utente de 87 anos acrescentou que a sua irmã não terá feito reclamação no livro, algo que garante que ele próprio teria feito, caso estivesse presente. Também não sabe dizer se outros utentes avançaram com queixa no Livro de Reclamações.

«Não faz sentido que um Centro de Saúde que está aberto até às 22 horas não arranje forma de fazer um exame de rotina a uma idosa», considerou Márcio Baptista. Apesar de, à partida, poder não ser visto como um procedimento de emergência, a família não quis arriscar e optou por recorrer ao privado, dada a idade avançada da senhora e a natureza do problema que a vinha afetando. «Posso mandar a conta à direção do Centro de Saúde?», ironizou.

medicosA «falta de recursos humanos e materiais» neste Centro de Saúde até já motivou uma pergunta do Grupo Parlamentar do PCP ao Ministério da Saúde.

Numa nota enviada às redações na segunda-feira, os comunistas revelam que uma comitiva que integrou o deputado eleito pelo Algarve Paulo Sá visitou o local, «tendo-se inteirado dos problemas que afetam o normal funcionamento desta unidade de saúde, nomeadamente, ao nível dos recursos humanos, das instalações, da rede informática e do parque automóvel».

«No Centro de Saúde de Silves, faltam 4 a 5 médicos de família. A carência de médicos tem sido suprida, de forma parcial e precária, com o recurso a empresas prestadoras de serviços. Faltam ainda enfermeiros (pelo menos 2), assistentes técnicos e assistentes operacionais. A falta de assistentes técnicos tem sido colmatada com o recurso – indevido, em nossa opinião – a trabalhadores precários com contrato de emprego e inserção, enquanto a falta de assistentes operacionais é colmatada com o recurso – também indevido – à externalização de serviços», descreve o Grupo Parlamentar do PCP, na pergunta colocada à tutela.

Outros problemas identificados pelos comunistas prendem-se com a rede informática, que «não é adequada, possuindo uma largura de banda insuficiente, que se traduz numa excessiva lentidão de resposta do sistema informático».

«Há ainda problemas ao nível das instalações. A Extensão de Saúde de São Marcos da Serra não tem condições adequadas de funcionamento, sendo necessário e urgente dotar esta unidade de saúde de novas instalações. A sede do Centro de Saúde, assim como as extensões de saúde de Pêra e de São Bartolomeu de Messines, têm problemas ao nível de infiltrações e humidade, precisando de obras de beneficiação», acrescentou o PCP, que quer saber quais as medidas que o Governo pensa tomar para corrigir estes problemas.

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