Os Chefes de equipa das urgências do Centro Hospitalar do Algarve ameaçaram «manifestar a sua indisponibilidade para a continuidade de funções a partir de 15 de Junho», caso o Conselho de Administração do CHA, que junta os hospitais de Faro, Portimão e Lagos, não esclareça alguns pontos do novo Regulamento do Serviço de Urgência, nomeadamente no que toca à autoridade dos chefes de equipa.
Os 17 médicos que ocupam este cargo, nos diferentes hospitais, enviaram um abaixo-assinado ao Presidente do Conselho de Administração do CHA Pedro Nunes, onde fazem depender a sua manutenção nos cargos que agora ocupam de alterações às novas regras de funcionamento das urgências.
Em causa está a alegada equiparação das figuras do chefe de equipa da urgência (médico) e do Enfermeiro de Coordenação que, segundo os médicos, coloca estes profissionais «em absoluto pé de igualdade», criando, «ao contrário do que sempre fora dito até então, uma chefia “bicéfala” do Serviço de Urgência».
O regulamento foi publicado dois dias depois de uma reunião entre a direção do hospital e das urgências e os chefes de equipa. Neste encontro, dizem os médicos, ficaram diversas questões por esclarecer, o que causou o espanto pela publicação do regulamento e a ameaça de renunciar ao cargo.
Contactado pelo Sul Informação, o administrador do CHA Pedro Nunes desvalorizou a situação, garantindo que tudo não passa de um mal entendido, que pretende esclarecer com os médicos em causa em nova reunião, que acontecerá «na próxima sexta-feira».
Para este responsável, o novo regulamento servirá para partilhar competências em algumas áreas menos sensíveis, nomeadamente de cariz administrativo, o que permitirá «aliviar os chefes de equipa».
Já os médicos garantem que os Enfermeiros de Coordenação – figura que, garantem, não colocam em causa – passam a poder «tomar decisões sobre assuntos da área médica, de que é exemplo último e mais recente a possibilidade de decidir relativamente ao transportes de doentes urgentes e emergentes».
Pedro Nunes diz que esta regra, que terá sido instituída através de uma circular interna, em final de Maio, não significa que os enfermeiros possam decidir quem é ou não transportado, apenas que passam a poder autorizar o ato administrativo, ou seja, «a despesa associada», ao transporte de um doente.
«Não haverá autorização para tomada de decisões na área médica. O médico é que continua a determinar se um doente é, ou não, transportado», assegurou Pedro Nunes. Tudo isto, assegurou, serve para «aliviar os médicos» e é «um facto menor» que, acredita, «será devidamente esclarecido na sexta-feira».
Além destas questões, os chefes de equipa do CHA querem explicações, noutras áreas, nomeadamente quanto à remuneração dos chefes de equipa «enquanto tal».