Comerciantes de Ferragudo queixam-se de que, este Verão, a recolha dos resíduos recicláveis quase porta a porta, garantida pelo serviço Ambilinha, tem estado a falhar. Na Urbanização da Hortinha, «há mais de duas semanas que não vêm cá recolher os resíduos e os sacos amontoam-se aí à porta, como se pode ver», diz Bruno Capela, dono de um café e pastelaria.
«Já quase não tenho espaço para armazenar dentro da loja o papelão e a esferovite das embalagens», explica, por seu lado, António Pereira, proprietário de uma loja de eletrodomésticos na mesma zona de Ferragudo.
Luís Alberto, presidente da Junta de Freguesia e empresário na vila, admite: «eu próprio tenho sentido na pele a má qualidade do serviço que está a ser prestado agora».
Os empresários denunciam que o serviço de recolha de embalagens de cartão, papel, plástico, metal e vidro, junto do pequeno comércio, restauração e similares, que começou a ser feito três vezes por semana (segundas, quartas e sextas-feiras), foi depois reduzido a uma vez por semana. «E agora há mais de duas semanas que não aparecem cá».
Alertada para o problema, a Algar Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos SA, a empresa responsável pela recolha e reencaminhamento dos resíduos sólidos no Algarve, que criou o serviço Ambilinha e o concessionou, mediante concurso público internacional, a uma outra empresa, a Hidurbe Gestão de Resíduos SA, diz que vai agora «acionar as cláusulas de penalização que existem no contrato», uma vez que o serviço não está, de facto, a ser prestado como devia.
Em declarações ao Sul Informação, Pinto Rodrigues, diretor-geral, acrescentou que a Algar vai «fazer tudo o que estiver ao nosso alcance» para que o serviço Ambilinha passe a funcionar como deve, situação que também já comunicou à AMAL, a Comunidade Intermunicipal do Algarve, uma vez que as queixas «não têm chegado apenas de Ferragudo».
«Tanto quanto sabemos, a Hidurbe aumentou a sua capacidade de recolha no Verão, tendo passado de 14 para 18 viaturas e atribuído mais horas, mas as queixas continuam», acrescentou aquele responsável.
O Serviço Ambilinha foi criado pela Algar, empresa de cujo capital são sócios minoritários os 16 municípios da região.
O Ambilinha foi criado «a pedido dos nossos acionistas, os municípios, e do pequeno comércio, porque era preciso ajudar os pequenos comerciantes e donos de restaurantes, que tinham dificuldade em levar esses resíduos para os ecopontos ou para o ecocentro mais próximo», explicou ainda Pinto Rodrigues.
O serviço, que o diretor-geral da Algar sublinha nem fazer parte das obrigações desta empresa enquanto responsável pela recolha e tratamento dos resíduos sólidos domésticos, promove a recolha seletiva de resíduos recicláveis, junto dos estabelecimentos – lojas, restaurantes, cafés – de forma totalmente gratuita.
Esses estabelecimentos tornam-se aderentes do serviço Ambilinha, tendo para isso recebido até uma formação sobre a forma de separar os resíduos e de os acondicionar, nos sacos de diferentes cores que lhes são distribuídos, também de forma gratuita.
«A Algar não é responsável pelo que se está a passar com o Ambilinha, quando muito pode ser corresponsabilizada», sublinhou Pinto Rodrigues. «Por isso mesmo, vamos acionar as tais cláusulas de penalização».
No entanto, salientou aquele responsável, «os senhores comerciantes também podiam ajudar, andar uns 50 metros e depositar os resíduos no ecoponto mais próximo, ou ir entregá-los nos ecocentros, em Lagoa ou em Portimão».
É que, frisou, «este é um serviço gratuito que ajuda os comerciantes a cumprir as suas obrigações». Se o serviço está a falhar, pelo menos enquanto as coisas não são normalizadas, «tem que haver alguma entreajuda, por parte dos próprios comerciantes, que são os beneficiários de um serviço que é complemento do nosso contrato de obrigação».
«Se o ecoponto ou o ecocentro não tivessem capacidade, aí poderia dizer-se que a Algar não estava a prestar o serviço público a que é obrigada. Mas não se trata disso», disse ainda.
Entretanto, Luís Alberto, presidente da Junta de Freguesia de Ferragudo, diz que esta autarquia, «dentro das possibilidades», está disposta a «estudar a criação de um serviço de transporte para colocar os resíduos recicláveis produzidos pelo pequeno comércio e pela restauração num único local, para a Algar, a Câmara ou a Ambilinha virem recolher com mais facilidade». Mas já não será este Verão que o serviço poderá eventualmente avançar.