«Os museus e o património cultural não estão à venda!» é o mote da concentração «de informação e repúdio» marcada para sexta-feira, dia 18, às 11h00, frente à Fábrica do Inglês, em Silves.
A concentração é promovida pela APAI (Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial) e conta com o apoio das Comissões Nacionais Portuguesas do ICOMOS e do ICOM.
No manifesto de convocatória dessa iniciativa, sublinha-se que «está em curso o processo de desmantelamento para venda dos equipamentos da chamada “Fábrica do Inglês”, em Silves».
Neste espaço, classificado como “património de interesse municipal”, está sediado o Museu da Cortiça, considerado em 2001 como “Melhor Museu Europeu” na categoria de património industrial.
Ora, sublinha a organização, os novos proprietários do edifício da Fábrica do Inglês (a Caixa Geral de Depósitos) e do espólio do Museu da Cortiça (o Grupo Nogueira), comprados em hasta pública no passado dia 30 de maio, são «fiéis depositários de um património de contornos únicos e de grande significado histórico/cultural em Portugal, mas também afetivo, para a própria cidade de Silves».
Acontece que, as condições de conservação do edifício, fechado há vários anos, estão agora ainda mais afetadas «pela remoção sem precauções de equipamentos leiloados», nomeadamente máquinas frigoríficas dos antigos restaurantes que aí funcionaram e cuja retirada implicou, por exemplo, «partir paredes e portas, sem se saber se serão agora repostas». Isto num edifício sujeito a restrições, por ser classificado como «imóvel de interesse municipal».
A degradação das condições de conservação do edifício da Fábrica do Inglês, que alberga, numa das suas alas, o Museu de Cortiça, e da própria «coleção museal», obrigam, segundo os promotores da concentração, «por razões de interesse público, ao rápido esclarecimento por parte dos novos proprietários do destino que pretendem dar a estes valores culturais».
«A cidade de Silves quer saber, o país quer saber, todos aqueles que se preocupam com a herança histórica e cultural guardada pelos nossos museus querem saber», sublinham.
Na concentração de sexta-feira será lida a moção aprovada durante a Jornada de Arqueologia Industrial recentemente realizada no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa, «a qual se constituirá em petição em defesa dos valores patrimoniais e museológicos em causa».