Ao todo, são 124 as paragens da Rota do Petisco, uma verdadeira maratona gastronómica que começou esta sexta-feira, dia 5 de Setembro, e termina a 12 de Outubro, passando por Portimão, Ferragudo, Alvor, e, este ano pela primeira vez, Mexilhoeira Grande e Silves.
A romaria dos petisqueiros já começou ontem, com centenas de pessoas a invadir, literalmente, as ruas das localidades participantes, aproveitando a noite cálida.
Os estabelecimentos aderentes oferecem aos participantes quer a modalidade “Petisco”, composta por um pratinho e uma bebida ao preço unitário de €2,50 em 105 estabelecimentos de restauração e similares, quer a modalidade “Doce Regional”, composta por uma sobremesa e uma bebida, com o preço unitário de €2, em 19 pastelarias.
Além do centro de Portimão (zonas azul, verde e amarela com 54 estabelecimentos), Praia da Rocha (zona laranja com 19 estabelecimentos), Alvor (zona castanha com 23 estabelecimentos) e Ferragudo (zona rosa com 12 estabelecimentos), em 2014 a Rota do Petisco também chega à Mexilhoeira Grande (zona lilás, com quatro estabelecimentos) e a Silves (zona vermelha, com 12 estabelecimentos), cidade convidada desta quarta edição.
Conheça o que cada uma das zonas tem para oferecer:
Zona Azul: Zona Ribeirinha de Portimão
O Arade petisca? É claro que sim. Primeiro, é preciso forrar o estômago. A Massinha do Caldo do Trinca-Espinhas bate-se em duelo com a Sopa de Peixe da Taberna de Maré.
Se quer saber quem vence este confronto de titãs, o melhor é provar ambas. Sem espinhas, chegam os clássicos da Rota.
Se gostou no ano passado, é ver se este ano estão ainda melhores as Papinhas de Berbigão do Forte e Feio e as Feijoadas para todos os gostos.
A d’O Venâncio chega com Gambas, O Meco não dispensa os Búzios e a Zizá enreda-se nos oito braços do Polvo. Sem pânico, o fiel amigo irá salvá-lo. A Bucha de Bacalhau da Bacalhoada é já uma instituição.
Mas não há lugares cativos e a Sardinha roubou-lhe a cadeira na Patanisca d’À Ravessa. Má que jêto?! Com sotaque de Alvor, as Ostras do Comidinhas tomam a palavra e passam-na aos Enchidos.
O Balau pô-los a Pau e a Dona Benta pegou na Alheira e fê-la toda às Bolinhas. A Salsicha não teve melhor sorte, Enrolada em Couve e servida na Tapa Latina.
Há salsicha sem pão? Passemos então ao doce trigo. No Clube União, aparece em Fatias Recheadas com… surpresa! Só saberá quem experimentar. E porque não uma Tostinha muito especial no Velocity Café para saborear sem pressas?
Bem acompanhada, a tosta também bate à porta da Mercearia Bio e é ver como a Manteiga de Amendoim de Aljezur se espraia nela.
Já ia um doce, não? Por estes lados, o figo e a amêndoa ditam as regras. A Casa Inglesa sugere o tradicional Queijinho de Figo, enquanto a Pastelaria Arade guarnece o irresistível fruto com Chocolate e Alfarroba. Mas a tradição ainda é o que era no Café Nacional, onde o Doce continua Fino e o figo só aparece no licor.
Zona Amarela: Centro de Portimão
No coração da cidade, vamos enganar a dieta. A Salada de Ovas d’O Infante ou a Salada de Verão do Café Brasil? São saladas, afinal… Bem, talvez o 86-60-86 não esteja garantido após uma passagem pelo Fregineco do Mataporcos e pelo Pica Pau da Pétala Doce. Mas com um pezinho de dança, tudo irá ao sítio.
Visite o Kim e os seus clássicos Picos à Musiko. E continuamos na nossa Rota suína (sem ofensa). A Assadura do Kibom é de lamber os beiços, enquanto o Porco Preto d’O Mané (novamente, sem ofensa) mostra a Faceira e não é possível resistir ao apelo da carne, sobretudo quando dorme em Vinha d’Alhos e acorda em Papas de Milho no Alameda Park.
É que nesta terra, até na Hortinha há Bifana. Mas continuemos a ludibriar a balança. “São Cogumelos, senhor!” – diz o Kalahari, escondendo a Alheira no regaço.
Finalmente, chega o peixe para pôr ordem na casa. O que é que o Pipo tem? P***eta de Bacalhau, pois então. Quem conseguirá colocar este senhor da Noruega nos eixos? Uma Patanisca nos Unidos? Mas que Açorda!
Que o diga o Carvi, que a tem a acompanhar o Peixe feito Filete. Reduzindo a escala, chegamos às pequenas e saborosas Picas da Maria do Mar. Albardada como é habitual, desfila a sardinha no Lusana, já que na Porta Velha foi posta em Conserva.
Mas não deixemos a cidade sem um encontro tentacular. O Polvo aporta à costa de Lancha para depois descansar na Torrada da Tabernacool. Em Portimão, o Amor é às Fatias, mesmo quando a Laranja se engalana de Chiffon.
Por sua vez, d’A Casa da Isabel ninguém sai de olhos mortiços, pois a Torta é de Cenoura. E numa Zona onde nem a carne é fraca, o pecado mora ao lado na Amênd & Figo. Que ninguém nos oiça, mas dizem que ali há uma Freira beijoqueira.
Zona Verde: Periferia de Portimão
Há mais Portimão para lá do centro. O petisco está aqui para provar e ser provado. O Peixe Assado retira-se e dá lugar ao Lingueirão envolto em Arroz. Sempre em boa forma, ele pega na raquete e vai até a’O Ténis para uma Feijoada. Vocês não sabem nem sonham, mas o feijão vai com todos. Até com Leitão, no Bairradino!
Já mais crescido, o leitão feito porco ruma a outras aventuras. Depois das suas Febras andarem a cirandar com Frutos Vermelhos no Tertúlias Café, pôs os Pézinhos de molho e aromatizou-os com coentros na Quintinha. Mas não podia fazer mais nada senão render-se ao seu fado: numa Loja Portuguesa, com certeza, há Pratinho de Enchidos sobre a mesa.
Portugal vs Holanda: qual o resultado? O Holandês dos Caracóis diz que tudo vai acabar numa grande Salada… de Ovas de Bacalhau, é claro. “Que Frango!” – exclama-se no JJ 25. “Golo!!!” – ouve-se na Cervejaria Portimonense.
Será que foi o Polvo que ganhou esta Salada? Ou, disfarçado à Galega, mudou de desporto para algo mais Radical? Não perca os próximos episódios.
Entretanto, uma parente distante chega à Tasca da Marina: é ela, a Lula, que vem Cheia e deliciosa. Afinal, este é o lado doce de Portimão. Os Sonhos são de Açúcar e Papoilas florescem num Bolo de Limão.
Amêndoa, Gila e Doce de Ovos encontram-se na Queijada do Café Creme e as Tartes, caseiras e variadas, alegram o palato na Geliglu.
Neste e no outro Milénio, a Amêndoa sempre foi a princesa dos Algarves. Grande senhora que é, perdoamos-lhe até que venha toda Torta. A idade não perdoa!
Zona Laranja: Praia da Rocha
Próxima paragem: Praia da Rocha. Quem iremos encontrar ali, espraiado no areal? O atum. Sequinho, sequinho, tal qual uma Muxama, a bebericar um copo de vinho no Aqua Lounge. Junto ao mar, o Peixe é Rei. Na Pampina, até o é de nome.
Não se deixe iludir pela singeleza da companhia! Às vezes, o Pão aparece em Açorda, noutras enrola-se com o Chouriço e faz-se seguir de Caldo Verde – que o diga a Merendeira – mas também há uns e outros, que escondendo no seu interior o telúrico leitão ou a modesta sardinha, são servidos com flutes de champagne e frequentam Boutiques d’Espumantes.
Sim, porque um serão à beira-mar pede requinte e não há nada como uns ares de França. Um Gratin na Marisqueira Coral para começar e, depois, as Francesinhas que do Norte chegaram ao Sul com muita Pregação.
Lá nos está a fugir a boca para a carne! É das dádivas do mar que temos de falar quando o Mar e o Sol convidam a um mergulho seguido de uma saciante Feijoada de Lingueirão. Para retemperar as forças, a Sopa de Peixe também é solução, segundo o Humberto. O Filipe sugere algo mais fresco: o Biqueirão casa-se com o Queijo da Ilha e as papilas gustativas até saltam de alegria.
O que mais há a dizer sobre o Peixe na Rocha? O Maçarico apareceu lá pelos lados do Bar Atlântico e foi Alimado no Branquinho. O Pirata ganhou hábitos dos mares Setentrionais e o seu Salmão tornou-se Tártaro. A Sardinha não se deixou levar e, mesmo depois de um Safari, continuou de Escabeche.
Terra à vista! Mesmo com Bonezinho, os Caracóis ainda conseguem pôr os pauzinhos ao sol. O mesmo já não se pode dizer do Frango do Casalinho, envolvido num luxuriante molho cremoso de especiarias.
Sem lugar a indolências, o petisco do Eurodocepão prepara-se para uma jornada de trabalho: Moelas à Fábrica regadas de tinto. Os mais gulosos também não irão sair da praia sem fazer o gosto ao dente. Deixe as bolas de Berlim e as línguas da sogra para outra altura.
Depois de uma Delícia Algarvia gelada no No Solo Marina, a vida parecer-lhe-á mais doce. Mas se prefere a tradição, então o muito português Pastel de Nata com vista para o mar é a sugestão da Esplanada da Fortaleza. E terminada esta Marafada Rota, todos exclamaremos: “Humm!”.
Zona Castanha: Alvor
Digai, senhores, quais são as novas de Alvor? Ali, À Babuja, há Bacalhau. Chega até à Restinga acompanhado de Grão numa grande Salada e directamente da frigideira para a mesa como suculenta Patanisca no Callixto. Mas Pataniscas há muitas e em Alvor até as há de Berbigão, que o diga quem passa pelo Café na Ria. Outro Café, o Central, regala os olhares com o Lingueirão.
E quem não vai à Bola com um Choco Frito bem temperado? O de Alvor é ainda melhor que o de Setúbal, além de que, por estas bandas, até o há Guisado à Alvor Wine. Sem rivalidades, preparemos o palato para sabores mais intensos.
O Zé Morgadinho serve-nos o seu Biqueirão com todo o prazer. Nós agradecemos a atenção e preparamo-nos para entrar na Gruta e ali descobrir um tesouro em forma de Lulinhas de Vinagrete. Que o Captain Table não o saiba, mas não é preciso mapa para chegar aos seus Carapaus Alimados.
O Marujo, que já viveu outras aventuras, conta-nos histórias da terra e do mar, de quando o Grão se encontrou com o Polvo. Quem ousa lançar uma Praga perante tamanho Ceviche? Só se for para tudo acabar em Sopa, de Peixe é claro, receita da Estrela do Mar. Cinco braços não chegarão para abraçar a Assadura do Silmar e dar vivas pela sua chegada à Rota.
E tu, Ó Rodrigues, o que trazes? Feijoada de borrego, pois então. É sorte grande contar com petiscos assim. Nem no Gastrobar 13 há aziago, antes Migas de Espinafre com Carne de Alguidar; nem o Zé d’Anica tem maus fígados, pois os dele são de Frango com o travo doce do Vinho do Porto.
Só faltam os Enchidos, que se envolveram em Tortilha no French Connection. Os ovos ainda chegam para outras companhias. Com Tomate ganham cor no Algarve e Companhia. Afinal, nem só de peixe e carne se faz esta Rota e os vegetarianos também confortarão os seus estômagos em Alvor.
Aqui fica a sugestão: trincar uma Tostada de Pimentos, Cebola e Legumes no Old Up antes de se encostar a’O Muro para saborear um magnífico Puré de Grão de Bico com Azeite.
Depois, é hora dos gulosos. Na Yogurteria, o Iogurte aparece no Gelado mas não vem só, traz com ele o irresistível Petit Gateaux e um toque especial com o Crocante de Amêndoa.
O fruto que inspirou lendas e há séculos desafia os dentes dos Algarvios volta a fazer das suas. Sentou-se no Plaza Caffé, pediu um licor e enrolou-se numa deliciosa Torta.
Zona Rosa : Ferragudo
À margem oriental do Arade, chega uma brisa de Sueste. Sinta o inigualável aroma de uma Sopa de Peixe de fazer crescer água na boca. Em Ferragudo, o peixe não é rei – é rainha. Já andou a marchar nos santos populares, já teve uma festa só dela e agora atravessa o rio. Bem temperada em Vinagrete, chega à Casa Grande. É ela quem manda aqui e, por isso, diz-se à Chefe no Tutti Tapas.
Toc Toc! Quem é? É a Massada. Massada de quê? De Peixe, o que havia de ser? Os frutos do mar imperam por estes lados. Ai, conquilhas! Havia um conde francês que não lhes conseguia resistir. Se passasse pela Ria, regalar-se-ia com esta bela Canja.
Para empurrar, um copo a seguir ao outro e já nem conseguiria contar até 39, número de Taberna que, no cardápio da Rota, apresenta uma fresca Salada de Polvo. Será que tão nobre senhor conseguiria sobreviver à modernidade?
O que diria ele se soubesse que, no Café Duplex, as Hambúrgueres são de Camarão e a Sangria ganha tons de azul na Gaivota para acompanhar um bem guarnecido Pratinho de Enchidos? Certamente, nada. Até porque a boca estaria ocupada com outros afazeres. Sigamos os seus passos à procura das várias formas que o pão pode tomar e das suas novas companhias.
No Bar de Ferragudo, é o Paté de Atum que se estende opulente sobre ele. Na Hortinha, toma a forma de uma Tosta bem recheada. E mais o Q? Há novas na vila: a francesinha aportuguesou-se e chama-se agora Francisquinha, é senhora de bem e procura petiscador com intenções sérias.
Mas a Rota em Ferragudo só termina depois de se adoçar o bico. É passar pela Mercearia da Vizinha e fazer um pedido bem ao gosto da terra: “É uma Torta Melosa e um licor de figo, se faz favor!”.
Zona Lilás – Mexilhoeira Grande
Afastamo-nos do litoral e começamos a entrar onde a terra é generosa nos seus frutos. Pela Mexilhoeira Grande passou um frade que disse saber fazer uma deliciosa sopa só com uma pedra… mais uma couve, um chouriço, alguns feijões, mas tudo só para dar uma outra graça. A Pedra é que é essencial nesta Sopa.
Se não acreditam, vão mas é dar uma Curva, porque aqui a Feijoada é de Taralhões. “É de quê?” – perguntam. Provar e descobrir, eis a receita. Até lhes vão saltar os Parafusos. Para encontrá-los, é só ir à Oficina.
Há para todos os gostos nesta Mista bem regada. No fim, Tassbem! Acreditem que vai ser assim, sobretudo depois de uma Torta Algarvia com a tão conhecida abaladiça destas terras: a doce melosa. Próximas aventuras noutras paragens.
Zona Vermelha: Silves
Este ano, Silves foi convidada para uma Rota e a cidade, afoita, aceitou prontamente. Em tempos passados, foi este um Recanto dos Mouros. Hoje, nem o Javali escapa de ser Estufado e saboreado por ávidos petiscadores.
Recordemos então Xelb com os sabores da terra e do mar dispostos na Tapa da Art’Taska Lounge Caffé. Podemos ir mais longe no tempo e chegar até à Cilpes dos romanos. Será que havia então Ensopado de Cabrito a encher as mesas? O que importa é que, em 2014, este não falta na Ponte Romana.
É de encher as medidas e ganhar energia para subir A Ladeira e ali encontrar o fiel amigo Bacalhau entre brasas. Nada que dê água pela Barbinha. Umas tiras de choco frito bem temperadas resolvem logo a situação. Os Carapaus também se juntam à festa: de Escabeche na Tasca Bene e Alimados na Churrasqueira Valdemar. É que até se viram os copos no Paulo’s Pizza quando a Patanisca de Bacalhau chega à mesa acompanhada pelo arroz de feijão.
Para desmoer, nada melhor do que subir até ao Castelo de Silves e encontrar a solução para um grande dilema: Doce ou Salgado? A resposta é: ambos. Sim, porque este Figo, já bem bronzeado, não é nenhum pãozinho sem sal e o Queijo de Ovelha que o diga.
Com o palato preparado para a gulodice, o excelso petiscador ficará íntimo da algarvia amêndoa nas suas mais variadas formas. Entre Al-Karib e a cristianíssima Sé não há lugar para a espada, pois tudo se resolve com Tarte e Pastel. No estômago, ainda vai restar um lugarzinho. A Dona Rosa espera todos os amantes da boa mesa com uma Torta de comer e chorar por mais.