O protesto contra «os sucessivos cortes no financiamento do ensino superior» vão marcar nova Semana de Receção ao Caloiro da Universidade do Algarve, que irá decorrer 17 a 25 de setembro.
A Associação Académica da UAlg colocou a tónica principal do evento na contestação aos cortes decretados pelo Governo às Instituições de Ensino Superior públicas, em detrimento das praxes, e promete tomar medidas no sentido de prevenir abusos, na receção aos novos alunos.
A presidente da AAUAlg Filipa Braz da Silva acusa o Governo de quebrar o seu compromisso «em não baixar o financiamento das instituições de ensino superior em mais de 1,5 por cento no orçamento de 2015», garantindo que o corte, na Universidade do Algarve, chegará aos «6,5 por cento, o que é totalmente inadmissível».
«Entre 2010 e 2015 o corte do financiamento público na Universidade do Algarve é de 32 por cento, de 44 milhões de euros para 30 milhões. Numa Universidade em que o número de alunos subiu, na primeira fase de acesso, 15 por cento, relativamente ao ano anterior, isto é impossível de perceber», defendeu a representante dos estudantes da UAlg.
Ao mesmo tempo que aponta baterias à tutela, a AAUAlg garante que vai fazer um esforço para evitar abusos durante as praxes, na instituição. «Serão distribuídos panfletos pelos novos alunos que explicam para que serve a praxe e quais os limites da mesma, bem como os órgãos internos e externos a que os caloiros devem recorrer se se sentirem lesados e que incluem o Conselho de Veteranos, o Reitor e o Ministério da Educação, para além da própria Associação Académica», revelou a associação.
Filipa Braz da Silva: “Os novos alunos, tal como todos os outros, têm de ter informação que lhes permita defender os seus direitos, tanto na praxe, como na qualidade de ensino”
Estes folhetos também incluirão informação sobre as razões da contestação que será feita durante a Receção ao Caloiro 2014, até porque se diligenciará para que os novos alunos unam a sua voz aos protestos.
«Ainda estamos a acabar de combinar com as comissões de praxe o que vamos fazer, mas o desfile do caloiro terá, certamente, cânticos de contestação aos cortes e ao Governo e a procissão das velas terá também uma forma de contestação, até porque a chama do conhecimento e a luz ao fundo do túnel estão definitivamente apagadas com a atual política de financiamento do ensino superior», refere Filipa Braz da Silva.
«A ligação entre a praxe e a contestação aos cortes faz sentido, uma vez que é uma altura em que os caloiros são bombardeados com informação. O facto de termos um panfleto simples em que de um lado estão informações sobre as praxes e do outro lado estão informações sobre os cortes no financiamento do ensino superior, facilita a comunicação com os estudantes, que é a nossa grande prioridade. Os novos alunos, tal como todos os outros, têm de ter informação que lhes permita defender os seus direitos, tanto na praxe, como na qualidade de ensino, que deve, segundo a lei, ser qualitativamente exigente», explicou a mesma responsável, referindo-se aos panfletos que serão distribuídos.
Buraka Som Sistema é cabeça de cartaz
Entretanto, a Semana de receção ao Caloiro de 2014 já tem programa e mote: «Nem as bestas cortam na educação!». O evento de início de ano letivo, justificado pela entrada de novos alunos na UAlg, contará com diversas iniciativas ligadas às tradições académicas, mas é, igualmente, tempo de festa.
Entre 17 a 25 de Setembro, para além dos eventos diurnos, que incluem um peddy paper, um Mega Bootcamp, dinamizado pelo gabinete de desporto, o desfile do caloiro, a sapatada, a missa do caloiro e o tribunal de praxe, também haverá concertos, nos quais se destaca o de Buraka Som Sistema.
A bem conhecida banda portuguesa atuará no dia 20 de setembro, um sábado, no recinto que será instalado junto às Piscinas Municipais de Faro.
Antes disso, há a Monumental Serenata de início do ano letivo, no Largo do Carmo, no dia 17 de setembro. O recinto da Receção ao caloiro é inaugurado com a atuação de Tunas Académicas, no 18 de setembro, uma quinta-feira, que dá início a um programa de animação musical que segue até dia 25 (ver cartaz ao lado).
«A organização da vertente noturna da Semana de Receção ao Caloiro é muito exigente financeiramente para a Associação, e fisicamente para os membros da sua Direção Geral, mas não é a nossa prioridade. Fazemo-la porque é uma tradição e porque a Associação Académica necessita de recursos financeiros para pagar as suas dívidas», justificou Filipa Braz da Silva, que tem afirmado, por diversas vezes, que a AAUAlg «não é uma comissão de festas».
Ainda assim, estes eventos têm-se mostrado determinantes para fazer face à difícil situação financeira da AAUAlg, que teria, «no início de 2013, mais de um milhão de euros de passivo e mais de 300 mil euros de capitais próprios negativos». Uma dívida aliviada pelas Semanas Académicas, de Receção ao Caloiro e Arraiais, de 2013 e 2014, que permitiram «obter mais de 200 mil euros de resultado positivo», contas que serão «tornadas públicas em breve».
