As vagas que abrem para admissão de médicos, para as unidades hospitalares do Algarve, têm ficado por preencher. Uma situação que para a dirigente do Sindicato dos Médicos da zona Sul Margarida Agostinho se deve a diversos fatores, entre os quais a reestruturação do CHA, que «tem sido muito conflituosa e nada convidativa» e pelo elevado custo de vida.
«O Algarve é caro, principalmente para um médico em início de carreira», ilustrou. Assim, há a tendência para que apenas os jovens médicos que tenham ligações familiares na região optem por se fixar no Algarve. «Se ainda tivessem perspetivas de progressão na carreira, mas elas estão congeladas. Houve colegas que vieram para cá, passaram cá dois anos e acabaram por ir embora», revelou a sindicalista, durante conferência de imprensa conjunta dos Sindicatos dos Enfermeiros, dos Médicos, da Função Pública e da União de Sindicatos do Algarve, esta segunda-feira.
Margarida Agostinho também não esconde que a atual direção do Conselho de Administração, que se tem incompatibilizado com a classe médica, «afasta muita gente». Razões que levam a sindicalista a concordar com a visão do ministro, que acredita que a maioria das 100 vagas abertas para médicos, abertas recentemente para a região algarvia, vão «ficar por preencher».
A solução passa por medidas, por parte do Ministério da Saúde, «para evitar que os médicos e enfermeiros saiam do país», já que a formação é boa e vêm cá buscar muitos profissionais, para ir para fora». E se no caso dos médicos, tudo indica que há que haver medidas de incentivo para fixação de profissionais, na região, no dos enfermeiros bastará abrir concursos.
No mais recente concurso aberto, com 45 vagas para o CHA, foram centenas os profissionais a concorrer. E porque é que os médicos, que ganham mais, não querem vir e os enfermeiros e outros profissionais de saúde acorrem aos concursos em números tão elevados? «Que eu saiba, não há médicos no desemprego», ilustrou o dirigente regional do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses Nuno Manjua.
Ainda no que toca aos médicos, Margarida Agostinho disse que há medidas que se podem tomar, para tornar mais atrativa a vinda de médicos para o Algarve. «O subsídio de fixação, que já existiu, ficou congelado. Também há zonas do interior em que são as próprias autarquias a proporcionar habitação aos médicos, para os atraiar», ilustrou. «Nós estamos dispostos a conversar sobre esta matéria com o Governo, o ministério é que parece pouco interessado», assegurou.
Já o dirigente da Usal António Goulart considera que o problema principal não é que os médicos se mostrem relutantes em vir para o Algarve, mas sim que «o Governo, conhecendo o problema, não tome medidas para o resolver».