A Comissão de Utentes da Via do Infante (CUVI) diz lamentar que «mais uma vez o Algarve volte a viver um Verão infernal» pois «nada se alterou» na questão das portagens da A22.
Por isso, no próximo domingo, 23 de Julho, aquela Comissão marcará presença no desfile de motos da Concentração Internacional do Motoclube de Faro, à semelhança do que já aconteceu noutros anos.
«O governo do PS continua a prosseguir a mesma política do governo anterior – persiste em manter umas portagens injustas e criminosas que continuam a destruir muitas famílias e o Algarve», considera a CUVI.
«Inclusivamente, os deputados do PS têm votado na Assembleia da República, ao lado do PSD e do CDS/PP, contra diversas propostas de outras forças políticas que propõem a eliminação das portagens na Via do Infante», acrescenta.
Em comunicado, a CUVI aborda também as obras na EN125 que «estão longe de terminarem numa parte da via».
«E nem se sabe quando começa a requalificação dos troços situados entre Vila Real de Santo António e Olhão. Para agravar a situação, temos a errada requalificação da via, onde proliferam os traços contínuos em retas com vários quilómetros, para desespero de utentes, empresários e outras entidades», considera.
Ainda assim, tal como o Sul Informação já deu conta, esta questão dos traços contínuos poderá vir a ser revista.
Aquela comissão vai mais longe nas acusações ao dizer que os «governantes, a concessionária e outros responsáveis políticos» estão a «gozar com o Algarve e com as suas populações».
Todas estas questões «têm contribuído para o aumento dos acidentes rodoviários, incluindo nos troços requalificados, com muitos mortos e feridos, o que comprova que a EN125 não constitui uma alternativa à Via do Infante», diz a CUVI.
Segundo a comissão, «desde o início do ano e até 15 de Julho já ocorreram no Algarve 5241 acidentes (mais 249 que no ano anterior) com 19 vítimas mortais (mais 6 do que em 2016) e 90 feridos graves (mais 17 do que em 2016), grande parte na “rua urbana” 125».
A CUVI tem, também, uma palavra para o primeiro-ministro António Costa. «Não se pode comportar como Passos Coelho! O primeiro-ministro já reconheceu que a EN125 não constitui alternativa, que é um autêntico “cemitério” e prometeu estudar o contrato da parceria público-privada (PPP) e eliminar as portagens no Algarve, a principal região turística do país».
«Além disso, a PPP da Via do Infante agrava a ruína da região e do país, ao permitir a canalização de muitos milhões para os bolsos da concessionária. O prometido é devido! Quantos mortos mais, quantos mais feridos graves, quantas mais famílias irão ser sacrificadas no altar da insensibilidade gélida dos nossos governantes? Não, esta tragédia não pode continuar», acrescenta.
A Comissão de Utentes vai levar a cabo neste Verão «mais um conjunto de ações pela eliminação das portagens na Via do Infante e por uma correta requalificação da EN125».
Algumas dessas iniciativas, como buzinões, marchas lentas e protestos anti-portagens, serão marcadas «pelo fator surpresa», segundo a CUVI.
A comissão não descarta, também, protestos «junto às residências de férias» dos governantes.