A D. Luísa Reis sempre comeu e cozinhou cavala – «cozida, grelhada, alimada, frita é que não» – mas ainda assim quis participar nas aulas que o Chefe Valter Castanheira deu esta sexta-feira no Mercado Municipal de Portimão, a culminar a passagem da campanha de valorização daquele peixe, promovida pela Docapesa.
«Estou aqui para ver se me ensinam outra maneira de cozinhar a cavala, que eu sei que é um peixe muito bom, não só por ser saboroso, mas por ser bom para a saúde. Quando eu era miúda, a cavala era um peixe dos pobres e até se dizia que fazia mal, por ser peixe azul. Mas agora sabe-se que é bom para o coração», explica ao Sul Informação, enquanto põe o avental, calça as luvas e se posiciona junto à bancada.
A primeira receita de sexta-feira foi sobre como cozinhar «cavala albardada, risoto de abóbora e curgete e tártaro de tomate». Logo pela manhã de sexta-feira, não foi fácil encontrar voluntários para as aulas, dadas pelo Chefe e professor da Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão num canto do Mercado de Portimão, transformado em cozinha.
Rui Santos, da direção comercial da Docapesca, bem como os seus colegas, bem se esforçaram para conseguir alunos, mas a pressa das compras de final de semana estava a dificultar-lhes a tarefa. Ainda assim, surgiu outra voluntária, a D. Maria Elisa. E depois, com a bancada preenchida pelo próprio Rui Santos e por um outro colega da Docapesca – duas senhoras, dois homens – começou a aula.
«Ontem tivemos aqui 10, 12 pessoas em casa sessão, e até havia gente em espera. Hoje está mais fraco»…
Mas, mal o Chefe Valter Castanheira começou a primeira aula da manhã e começou a explicar em pormenor o que ia fazendo, pelo menos duas dezenas de pessoas juntaram-se à volta dos voluntários, para seguir com atenção e comentar o que se passava.
A primeira receita – a tal «cavala albardada, risoto de abóbora e curgete e tártaro de tomate» – começou com a operação de dividir o peixe em dois filetes. Uma senhora já octogenária que assistia comentou: «isto fiz eu durante 30 anos, todos os dias, horas e horas, quando trabalhava na fábrica» de conservas. «Mas nunca fiz cavalas albardadas. Sardinhas sim!» E lá ficou a ouvir as explicações do chefe.
A tarefa de cortar os filetes, embora seja relativamente simples – e o chefe exemplificava – tem uma técnica que precisa de prática. «Estes peixes são sensíveis, tem que controlar a força da mão. Conseguiu fazer melhor à segunda vez?», perguntava o professor às suas alunas aplicadas. «Ao fim de 50 caixas já estará uma profissional», brincava.
A D. Maria Elisa, que confessava não ser lá grande amante de cozinhar, garantia: «trabalhei 40 anos na Docapesca, mas lá nunca fiz nada disto».
O segredo destas cavalas albardadas? O facto de em vez de usar farinha de trigo na polme, se usar farinha de milho, resultando bem mais crocante. Um segredo simples, que foi explicado passo a passo.
No fim, o Sul Informação provou e está em condições que aquele prato, que não levou mais de meia hora a preparar – a cavala, o risoto e o tomate – estava uma delícia!
A Docapesca está a correr o país com ações de promoção do consumo da cavala – um peixe rico em Ómega3, ótimo para a saúde e bem mais barato. Na sexta-feira, por exemplo, comprava-se cavalinhas fresquíssimas no Mercado de Portimão a 2 euros ou 2,5 euros por quilo.
Na quinta e na sexta-feira, a campanha esteve nos Mercados de Portimão e de Olhão, para aulas de culinária e degustações finais. Ao todo, participaram mais de três centenas de pessoas, entre as que puseram mãos à obra, as que simplesmente assistiram e ainda as que apenas provaram as iguarias. E que iguarias!
Em Portimão, no primeiro dia houve «tarte fina de cavala com cebola confitada» e «torricado de cavala com gaspacho», e no segundo «cavala albardada, risoto de abóbora e curgete e tártaro de tomate» e ainda «cavala com crosta de pimento e puré de couve flor baunilhado». Tudo delicioso, fácil e rápido de confecionar. E uma forma diferente de preparar um peixe cujo consumo a Docapesca quer promover, de modo a acrescentar-lhe valor e assim aumentar as suas vendas e os rendimentos dos pescadores.
«A cavala, rica em ómega 3, é abundante na costa portuguesa e capturada pela frota do cerco, sem restrições de contingente, mas tem baixo valor comercial. No entanto, pode e deve ser valorizada, contribuindo para o aumento da rentabilidade da frota, a retribuição justa do pescador e um consumo económico e responsável», explica a Docapesca.
A cavala é «uma espécie de sabor intenso e fácil de preparar, devido à ausência de escamas, cujo consumo a tradição consagrou na confeção de pratos simples e com carácter regional».
No entanto, as características gastronómicas e nutricionais desta espécie de peixe «justificam a sua utilização na preparação de um elevado número de pratos, em conjunto com outras espécies, tanto na cozinha tradicional como nas novas preparações culinárias», nomeadamente no sushi, que agora está tão na moda em Portugal.
Depois de ter estado em Olhão e Portimão nos dias 11 e 12 de julho, a campanha vai passar o mês de agosto no Algarve. Assim, nos dias 3 e 4 de agosto, haverá aulas de culinária e degustações nos Mercados Municipais de Quarteira e Loulé, seguindo-se depois Faro (dias 10 e 11) e ainda Silves e Albufeira (17 e 18).
As sessões, sempre com a presença de chefes da Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, estão abertas a todos, são gratuitas, e vão decorrer das 10h00 às 11h00 e das 11h00 às 12h00.
A campanha de promoção da cavala, desenvolvida em colaboração com os Municípios, as Escolas de Turismo e Hotelaria da região e com a Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe (ANICP), decorre nos Mercados Municipais e grandes superfícies, onde os visitantes podem participar em aulas de culinária e degustações gratuitas e aprender a confecionar receitas inovadoras com Cavala fresca e em conserva.
Esta campanha insere-se na missão da Docapesca – Portos e Lotas, S.A. da prestação de um serviço de qualidade ao setor da pesca, nomeadamente ao nível da primeira venda de pescado e no âmbito do projeto CCL – Comprovativo de Compra em Lota.
Participe! Vai ver que é uma forma diferente e divertida de passar uma hora. E de certeza que vai aprender truques e receitas saborosas, para surpreender lá em casa com os seus recém adquiridos dotes de cozinha. Nem sequer é preciso inscrição. Basta comparecer nos mercados nos dias e horas indicados.