Desidério Silva vai ser o próximo presidente da Entidade Regional de Turismo do Algarve (ERTA). A única lista a votos não reuniu consenso, tendo em conta os cinco votos contra e sete em branco, em contraponto com os 18 a favor, situação desvalorizada pelo recém-eleito responsável pelo Turismo do Algarve, que considerou que isso sucedeu por a sua lista «não ser política».
Um resultado «dentro das expetativas» de Desidério Silva, que reafirmou aos jornalistas, momentos após saber o resultado da votação, o cariz não político da equipa que escolheu, como já o havia dito ao Sul Informação na passada semana.
«Acho que [a ausência de consenso] tem a ver com o facto de esta não ser uma lista partidária. É uma lista técnica e de empresários e acho que é essa a razão. O que é absolutamente contraditório», considerou.
Uma situação que o futuro presidente da ERTA considera que lhe confere uma «liberdade muito grande de não estar sujeito a lobbies nem a pressões». E promete que vai «abanar» a região e defendê-la «junto do Poder Central e das entidades com responsabilidades no turismo».
A sua entrada na ERTA vai significar a saída de presidente da Câmara de Albufeira, apesar de não ser ilegal acumular ambas as funções, anunciou ainda Desidério Silva.
«A partir do final deste mês, pedirei a suspensão do meu mandato. Esta minha missão aqui é de tempo inteiro, de dedicação completa. Conforme estipula a lei, será o meu vice-presidente [José Carlos Rolo] que me irá substituir», anunciou.
Desidério Silva é autarca pelo PSD, mas garantiu que tem o desejo de trabalhar com todos os decisores, independentemente da sua orientação política.
«Estou aqui mais para unir do que dividir e é o que quero fazer. Os meus colegas [autarcas], sejam do PS ou do PSD, serão os primeiros a dar contributos em relação aos territórios que têm, à valorização dos seus produtos, para a complementaridade que eu acho interessante para aquilo que é nuclear, que é o Sol, o Mar e as Praias», disse.
Quanto aos objetivos concretos da sua candidatura, Desidério Silva prometeu uma apresentação detalhada e estruturada das suas propostas para o dia da tomada de posse que, apesar de ainda não ter data definida, deverá ocorrer no início de novembro.
Mas deixou a ideia que é preciso mexer com a região e passar a mensagem «às tutelas», para mais quando se aproxima um Inverno «que será muito difícil». «Isto já não é uma questão conjuntural, é estrutural e é preciso encontrar soluções de continuidade», disse.
AHETA e USAL falam em «comissão liquidatária»
As eleições desta segunda-feira também têm a pesar sobre elas a anunciada lei-quadro para as Regiões de Turismo, que promete vir revolucionar a estrutura organizativa destas entidades. Um ponto que foi focado antes da votação pelo presidente da União de Sindicatos do Algarve (USAL) António Goulart, que apelidou a futura direção como comissão liquidatária, e foi reforçada, à margem da sessão, pelo presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) Elidérico Viegas.
Ao ser questionado sobre se considera que a direção que acabava de ser eleita era uma comissão liquidatária, Elidérico Viegas considerou que «tudo indica que sim». «Como sabemos há nova lei para ser aprovada na Assembleia da República brevemente e que vai implicar que haja novas eleições», referiu.
Caso seja aprovada, esta lei vai «alterar completamente a correlação de forças», hoje com um maior peso de entidades públicas, para que o setor privado passe a ter uma posição maioritária. Uma decisão que Elidérico Viegas aplaude e que considera que apenas peca por tardia.
Desidério Silva lembrou, por seu lado, que a lei «está para sair há um ano» e que não tem data prevista para ser aprovada. «Não fui eu que marquei estas eleições, nem as promovi ou acelerei. Há um contexto natural, em que o presidente da ERTA acabou o mandato e pediu ao presidente da Mesa da Assembleia Geral [órgão do qual Elidérico Viegas é o presidente cessante] que fossem marcadas eleições », lembrou. «O que a região não pode é estar parada», considerou.
Além disso, garantiu, não veio para a ERTA «para comissões liquidatárias nem para despedir ninguém», apesar das conhecidas limitações orçamentais daquela entidade. «Eu vim para cá em função do orçamento que houver e das vontades e naquilo que é a valorização do território por outras formas. (…) Esta casa tem aqui muitas pessoas que têm dado e darão o melhor de si. Se calhar, consoante a experiência que tem, poderão reajustadas no sentido de uma valorização maior. O importante é vestir a camisola. Isso é sagrado», avisou.
A nova equipa na direção da ERTA
Desidério Silva, 61 anos, presidente da Câmara de Albufeira desde 2002, Duarte Padinha, 39 anos, diretor do departamento de marketing do Turismo do Algarve, Eliseu Correia, 44 anos, agente de viagens, Carlos Luís, 68 anos, agente de viagens e Ricardo Cipriano, 33 anos, diretor geral do Castro Marim Golfe & Country Club, serão os efetivos.
A lista inclui ainda quatro suplentes: João Paulo Sousa, 48 anos, diretor geral do Benamor Golf, Marina Leal Correia, 41, diretora geral da marina de Portimão, José Procópio dos Santos, 55, presidente do conselho de administração do grupo Luna Hotéis, e Ana Maria Rosa, 58, diretora hoteleira.
A lista candidata à mesa da assembleia-geral, eleita com 20 votos a favor, cinco contra e cinco em branco, é composta por João Rosado, 43 anos, que preside em representação da Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve, Isolete Correia, 59 anos, representante da Associação Portuguesa de Portos de Recreio, e Laurentino de Almeida, 56 anos, que representa a Associação dos Industriais de Aluguer de Automóveis sem Condutor.