A direção do Clube de Ciclismo de Tavira, liderada por Luís Constantino , apresentou ao presidente da Assembleia Geral do clube a sua demissão, segundo o comunicado divulgado hoje ao fim da manhã.
A direção do CCT salienta que se trata de uma «demissão muito pensada, mas que neste momento se torna irreversível».
E explica as razões: «primeiro por toda a conjuntura que se vive e que impede esta Direção de dar aos seus atletas aquilo que eles verdadeiramente merecem».
Depois por causa dos «entraves constantes colocados a esta Direção para desempenhar as suas funções por parte de algumas entidades».
Em terceiro lugar, a direção demissionária sublinha que «este clube, pela dimensão que atingiu, não se compadece com ser gerido de forma amadora, mas sim de forma profissional, com alguém a estar diariamente no clube para tratar dos muitos assuntos que têm que ter resposta e resolução imediatas».
Finalmente, a quarta razão para a demissão tem a ver com «problemas de saúde de alguns dos seus dirigentes, que têm feito com que o início desta nova época desportiva não esteja a ser planeada da forma desejada».
«Assim, e para o bem do Clube, achámos por unanimidade tomar tal posição», acrescenta a direção, para logo acrescentar: «de certeza que muita gente se irá interrogar do porquê agora?»
«A resposta é simples: porque estamos ainda no início da nova época, e porque sabemos que nos bastidores existem candidatos a terem novas ideias e quem sabe novas condições financeiras para os nossos atletas».
«De uma coisa podem estar os nossos sócios certos: esta Direção sai do Clube com o sentimento do dever cumprido, mas também com mágoa de verificar que algumas entidades não nos ajudaram em alguns momentos importantes da vida».
«Saímos mas vamos continuar disponíveis para ajudar este grande clube, assim queiram os novos dirigentes», garantem os demissionários.
«Durante o nosso mandato, fizemos história ao vencer uma Volta a Portugal com um ciclista formado no Clube (Ricardo Mestre), e só não repetimos a graça em 2012 pelas razões conhecidas (quedas do Ricardo), mas sempre procurámos dar aos nossos bravos ciclistas o melhor. Isso já não foi possível em 2012 e piorou agora em 2013, mas eles nunca viraram a cara à luta», elogia a direção cessante.
«Neste nosso momento de saída, não queremos deixar de engrandecer o exemplar comportamento de todos eles, pois foram eles que, tanto em 2012 e agora 2013, decidiram ir para a estrada, lutando contra todas as contrariedades, mas lutando sempre em defesa do clube em cada prova em que competiam», sublinha.
A direção demissionária lamenta ainda «que a cidade e os Tavirenses só tenham tido orgulho neles quando estes ganharam a Volta e não mostrassem o mesmo sentimento quando eles foram para a estrada a ganhar o ordenado mínimo. Esta é uma mágoa que nós, dirigentes, sentimos, tal como os atletas».
E deixam uma garantia: «estamos e estaremos ao lado dos nossos ciclistas e restante staff, sempre de corpo e alma, e porque queremos o melhor para eles, achámos por bem tomar esta posição, que esperamos satisfaça alguém».
A Carmin-Prio-Tavira, que é a equipa profissional do Clube de Ciclismo de Tavira, é uma das seis formações profissionais portuguesas de ciclismo, tendo participado este mês na Volta ao Algarve, embora sem qualquer resultado de destaque.
A equipa profissional tem atualmente como diretores desportivos os antigos ciclistas Nelson Vitorino e Nentcho Dimitrov, depois de Vidal Fitas ter abandonado as funções em setembro de 2012.
Em outubro, a equipa viu também sair a sua “estrela”, o ciclista Ricardo Mestre, para a equipa espanhola do Euskaltel Euskadi, do escalão Pro Tour.
A equipa algarvia ganhou quatro edições consecutivas da Volta a Portugal, de 2008 a 2011, as três primeiras com David Blanco e a última com Ricardo Mestre.