A Direção Regional de Cultura do Algarve ordenou «a suspensão imediata» das obras que estavam a decorrer na Igreja Matriz de Olhão, classificada como Imóvel de Interesse Nacional, sem a necessária autorização das autoridades que tutelam o património. Em causa, as metodologias e materiais que estavam a ser utilizados na intervenção, a cargo da Paróquia de Olhão, que não eram os adequados.
Contactada pelo Sul Informação, a Direção Regional de Cultura revelou que enviou uma equipa ao local, na sequência de uma denúncia, que também chegou às redes sociais. O artista plástico Fernando Silva Grade, que há muito se assume como defensor do património edificado algarvio, denunciou esta manhã na sua página de Facebook a «despudorada betonização da Igreja Matriz» de Olhão, naquilo que considerou um «crime monumental».
«Os nossos técnicos entraram em contacto com o pároco, o padre Armando, que alegou desconhecer que se tratava de um imóvel classificado a nível nacional, que pensava apenas ser a nível municipal. Mostrou-se surpreendido por as obras necessitarem da nossa autorização», disse Rui Parreira, diretor de Bens Culturais da DR de Cultura do Algarve.
Os técnicos deram a indicação para que fossem «suspensas de imediato quaisquer intervenções», algo que o responsável pela paróquia da Nossa Senhora do Rosário, de Olhão, garantiu que iria fazer.
Rui Parreira adiantou que, agora, a paróquia terá de apresentar um relatório preliminar, onde terão de constar «quais as intenções, as intervenções que estão planeadas e os materiais a utilizar», documento que terá de ser feito por um arquiteto devidamente credenciado.
Este relatório servirá de base a uma decisão futura da DR de Cultura, que também terá de avaliar «como se corrige o que de errado já tenha eventualmente sido feito» com estas obras.
«A ideia com que ficou a equipa que foi ao terreno, sobre os métodos de limpeza utilizados nas paredes e nas figuras, é que não foram os adequados, já que foram utilizados jatos de água, o que é péssimo para o material de que são feitas as paredes. Também terá sido usada cal hidráulica com um cheirinho de cimento, o que também não é indicado, devia ter sido usada cal natural», acrescentou Rui Parreira.
Entretanto, a Direção Regional de Cultura do Algarve já enviou «um ofício à Câmara de Olhão no sentido de embargarem de imediato quaisquer obras que venham a ser realizadas» na igreja, daqui para a frente, sem a devida autorização.
O Sul Informação tentou contactar a Paróquia de Olhão, mas não o conseguiu até à hora de publicação desta notícia.