Demorou cerca de 20 anos, mas a obra de requalificação das Quatro Águas, em Tavira e da estrada que lhe dá acesso «já começou».
A intervenção tem um prazo de execução previsto de um ano, mas o presidente da Sociedade Polis Ria Formosa Sebastião Teixeira quer vê-la já bem avançada, em junho próximo, de modo a interferir o menos possível com o enorme fluxo de turistas e residentes que usa aquela zona para aceder à Ilha de Tavira.
A obra foi consignada ontem pela Polis Ria Formosa, numa cerimónia que teve lugar na Câmara de Tavira. Entre promotor e Câmara Municipal, foi unânime a visão de que esta é uma intervenção que «será boa para todos», já que vai permitir, não só, melhorar o acesso às Quatro Águas, como requalificar a zona junto ao cais de embarque para a Ilha de Tavira e recuperar as margens e taludes, em risco de ruir.
«A ideia desta obra é reordenar, devolver a dignidade ao espaço e mitigar riscos para pessoas e bens. Penso que é uma obra que toda a gente vai gostar e espero que o empreiteiro colabore, de modo a que não cause muita entropia na época balnear», disse Sebastião Teixeira, à margem da consignação da obra.
Como explicou o arquiteto paisagista Gonçalo Gomes, da equipa da Polis Ria Formosa, esta obra irá incidir no acesso viário, desde a curva da Fábrica, melhorando a zona de circulação automóvel e criando uma nova via, pedonal e ciclável, com zonas de descanso sombreadas. Ao mesmo tempo, irá requalificar a zona de restaurantes e dos quiosques, até agora marcada por estacionamento desordenado, bem como os taludes e margens, que sofrerão uma intervenção de modo a «estancar a erosão», ao mesmo tempo que proporcionam à população «o contacto direto com a Ria Formosa».
Outro dos grandes objetivos da obra é ordenar o estacionamento, que se tem feito sem regras, no espaço que houvesse disponível, ao longo dos anos. Assim, irá perder-se «um número considerável de lugares», embora continue a existir o parque junto ao Clube Náutico e se mantenha dedicado a este fim um terreno que está fora do âmbito da intervenção.
Em compensação, será criada uma zona dedicada aos transportes públicos e outra de cargas e descargas, com um largo que permitirá a todo o tipo de veículos aceder às Quatro Águas e dar a volta, de forma confortável. Por outro lado, a criação de uma via pedonal e ciclável permitirá uma circulação mais segura, para quem opte por ir a pé ou num veículo não motorizado.
Também será criada uma nova zona de estacionamento no local que, um dia, irá acolher o novo Porto de Pesca de Tavira, entre a curva da Fábrica e a Ponte dos Descobrimentos. O projeto do Porto foi «colocado na gaveta pelo Governo», segundo o presidente da Câmara de Tavira Jorge Botelho, mas a autarquia não perde a esperança de o ver avançar, até porque faz parte de um plano global de requalificação da frente ribeirinha que idealizou.
Isso não impede, ainda assim, que possa ser usado, entretanto. «Já obtivemos a autorização da Agência Portuguesa do Ambiente para limpar o terreno, para esse fim. Será uma nova bolsa de estacionamento, que permitirá servir a Baixa de Tavira e as Quatro Águas», revelou Jorge Botelho.
«Hoje, ganhámos 20 anos, que é há quanto tempo se fala nesta obra. Esta intervenção vai-nos trazer, certamente, muitas alegrias e permitir à cidade crescer», considerou o edil tavirense.
Quatro Águas já está, faltam os embarcadouros e o Porto de Pesca
Apesar de esta obra ser considerada um grande avanço, ainda ficam a faltar algumas peças na estratégia de requalificação da frente Ribeirinha de Tavira. Uma delas até está intimamente relacionada com a obra ontem consignada, já que a empreitada não inclui a requalificação do cais propriamente dito, nomeadamente dos embarcadouros, nem nas Quatro Águas, nem na Ilha de Tavira.
Esta obra, esclarecem tanto Sebastião Teixeira como Jorge Botelho, terá de ser lançada pela Docapesca, que é a entidade com jurisdição nesta área. Aliás, a questão da jurisdição sempre foi um problema, quando se falava de requalificar as Quatro Águas. «Porque acham que nunca se fez nada, em 20 anos?», questionou Jorge Botelho.
Na apresentação que fez da obra, Gonçalo Gomes explicou que o processo foi moroso e complicado, já que houve necessidade «de sentar à mesma mesa muitas entidades e de obter muitos alvarás». Mas acabou por se atingir um consenso, para bem da dignidade da zona «e do ambiente».
«Não quisemos aliar o processo dos cais a esta obra, para não a inviabilizar. Entretanto, e depois de um período em que ninguém sabia bem quem era o responsável pelos cais, chegou-se à conclusão de que era a Docapesca. Já tive uma reunião com o seu presidente, há cerca de três meses em que esse assunto foi falado», revelou Jorge Botelho.
A Câmara de Tavira é o principal financiador nacional deste projeto, comparticipado a 70 por cento pela União Europeia. A autarquia tavirense entra com 20 por cento do total e o Estado entra com os restantes 10 por cento. A obra foi consignada à empresa Vibeiras.
Esta é a segunda obra a avançar em Tavira, no âmbito do Polis, depois da Marginal de Cabanas, já concluída. Até final de 2015, prazo limite para fazer as obras, caso se queira contar com apoios comunitários, ainda será lançada a obra de requalificação do passeio entre Pedras d’el Rei e Santa Luzia, que espera apenas luz verde do Tribunal de Contas, o que deverá acontecer «no prazo de dois meses, se tudo correr bem», segundo Sebastião Teixeira.