É um histórico do futebol português. Entre 1990-1991 e 2001-2002 andou pela Primeira Divisão e em 1994-1995 alcançou um quinto lugar e a qualificação para a Taça UEFA, com uma equipa que tinha nomes históricos como Hassan Nader, Peter Rufai, Carlos Costa, Paixão, King ou Hajry.
Entretanto, e depois de 17 anos consecutivos na Primeira Divisão até 2002, o Farense passou por momentos dramáticos, a braços com uma grave crise financeira e uma rocambolesca queda até aos confins do futebol nacional.
Agora, os desafios são outros. Depois de em 2006/ 2007 ter recomeçado a competir na II Distrital, o Farense vive um momento histórico: é o único clube invicto a competir esta época nos campeonatos nacionais de futebol.
Com 17 vitórias e cinco empates em 22 jogos na fase regular da III Divisão, o Farense prepara agora a fase de subida à II Divisão, o desafio a que se propôs o técnico Manuel Balela, quando resolveu voltar ao clube pela terceira vez enquanto técnico principal.
Também um técnico da casa e um dos grandes responsáveis pela temporada da equipa de Faro, foi com ele que o Sul Informação foi falar, acerca do presente e do futuro do histórico Farense, que o presidente António Barão já disse por várias vezes querer ver no primeiro escalão o mais depressa possível. E o mais depressa, já o disse também, são quatro anos.
O técnico Manuel Balela reforça o desejo ao Sul Informação, mas diz que há mudanças para fazer para que esse salto seja possível. E passos para dar. Um a um. O próximo é já este domingo, fora de casa, a contar para o primeiro jogo da fase de subida à II Divisão. E tem nome: Messinense.
Sul Informação- São 17 vitórias e cinco empates. O Farense teve um trajeto imaculado na fase regular da III Divisão (Série F). Depois desta fase regular, toda a gente espera, agora, a subida de divisão do Farense. Espera manter o ritmo – e a invencibilidade?
Manuel Balela – Sim, claro. E também sabemos o que temos de fazer: é dar continuidade ao trabalho efetuado e ter presente que o objetivo – que é a subida de divisão – ainda não foi alcançado. Já temos muito caminho desbravado para alcançar esse objetivo, mas também estamos conscientes de que, para chegar lá, o caminho vai ser complicado, porque a motivação das outras equipas para tentar ganhar ao Farense – que ainda não perdeu – é bastante grande. Portanto, para conquistar a subida e nos mantermos invictos, a nossa preocupação passa por ser sérios e respeitar os adversários.
SI- O facto de o Farense ser invicto reforça o favoritismo, mas acrescenta uma motivação suplementar nas equipas adversárias para tentar quebrar essa marca…
MB- Pois, e se eu estivesse do outro lado também pensava dessa maneira… Mas [o facto de estarmos invictos] não aumenta as nossas responsabilidades. A nossa responsabilidade é subir de divisão.
SI- Descontando o chavão do trabalho e do talento, qual é o segredo para o percurso do Farense – que tem sido imaculado – até agora?
MB- Com a experiência que tenho em futebol, e depois de ter trabalhado em todas as divisões, a minha primeira preocupação é sempre a formação do plantel. Aí é que se definem os reais objetivos da equipa. Essa é sempre uma condição do sucesso. E os jogadores estão a dar-nos razão com o trabalho que têm feito. Também tem havido uma grande comunhão no grupo e uma grande empatia da equipa técnica com os jogadores e, claro, o apoio da massa associativa.
SI- O presidente do Farense António Barão já disse várias vezes que acredita na subida ao primeiro escalão a curto prazo – e o mais curto, se fizermos contas, são quatro anos. Partilha da mesma convicção?
MB- Bem, para que isso aconteça, muita coisa tem de mudar no Farense. Penso que ele [o presidente] também está consciente de que, quando afirma esse desejo e essa vontade, tem a consciência que muita coisa vai ter que mudar na estrutura do clube.
SI- Mas tendo em conta até o estatuto histórico do Farense, vê essas mudanças a acontecer? E vê-se envolvido nelas?
MB- Neste momento, e não só no futebol, como em todos os setores da sociedade, é importante olhar para o presente e pensar a curto prazo. Com alicerces fortes no presente, o futuro pode ser sempre melhor. Há uns anos, havia mais garantias em termos económicos, por exemplo. Mas não sei quanto tempo é que pode ou vai demorar devolver o Farense ao patamar onde esteve durante muitos anos. É preciso que muita coisa mude.
SI- Essa muita coisa tem muito a ver com dinheiro?
MB- Tem a ver com dinheiro, claro, mas não só. Mas toda a gente sabe que uma coisa é um orçamento para a terceira divisão, outra é um para uma segunda ou primeira. Outro aspeto é a estrutura: a estrutura tem de ser proporcional ao escalão onde o clube está, para haver garantias e condições para os profissionais.
SI- Tem contrato de um ano, mas há hipóteses de prolongar o vínculo e ajudar – se confirmar a subida de divisão – o Farense a tentar alcançar os tais patamares mais altos?
MB- Sim, tenho contrato de um ano e a subida de divisão é o objetivo que me foi proposto. Felizmente estamos num caminho seguro e positivo. Em relação a ficar no Farense, é algo que temos de falar. As várias divisões são realidades diferentes. Se confirmarmos a subida de divisão, primeiro, há que reunir condições. Depois falaremos…