Perto de cinco milhões de euros é o montante total dos prejuízos estimados pelas Câmaras de Lagoa e Silves nos seus concelhos, em consequência da passagem do tornado, na sexta-feira, dia 16. Estes dados foram ontem apresentados pelos autarcas Rogério Pinto (Silves) e José Inácio (Lagoa), numa reunião com dois ministros e três secretários de Estado, em Lisboa.
O concelho mais afetado foi o de Silves, com um total de 3,7 milhões de euros, dos quais 1,6 milhões em danos nos bens públicos, e 2,1 milhões nos privados.
Em Lagoa, segundo o relatório apresentado pelos autarcas ao Governo, os prejuízos ascendem a 350 mil euros nos equipamentos públicos e a 1,1 milhões nos privados.
Rogério Pinto, presidente da Câmara de Silves, revelou ao Sul Informação que a recuperação mais dispendiosa é a das piscinas municipais, numa obra estimada em 383 mil euros, seguindo-se o edifício da Câmara (345 mil), o edifício da Junta de Freguesia (228 mil) e as muralhas da almedina (210 mil euros).
Entre os equipamentos públicos afetados, há ainda a contabilizar o mobiliário urbano e sinalética (135 mil), o edifício da Rua Serpa Pinto, onde se situam as carpintarias e a serralharia municipal (105 mil euros), o estádio municipal pelado (50 mil euros), os espaços verdes (49.600 euros), o mercado municipal (47 mil euros), o castelo (37.640), a casa mortuária (32 mil), duas viaturas municipais (23 mil euros), o Teatro Mascarenhas Gregório (5700) e finalmente vidros na Biblioteca Municipal (1500).
Ainda em Silves, no que diz respeito a danos sofridos por privados, o destaque vai para o Estádio Dr. Francisco Vieira, do Silves Futebol Clube, cujas bancadas e muros ruíram, e para apartamentos, onde foram destruídas marquises e equipamentos que lá existiam, vidros e telhados, bem como painéis solares, caldeiras e antenas parabólicas, e ainda as viaturas de residentes e autocaravanas de turistas.
Em Lagoa, segundo adiantou ao Sul Informação o autarca José Inácio, os 350 mil euros de danos em equipamentos públicos referem-se aos vidros e outros equipamentos da Escola EB 2,3 Jacinto Correia (30 mil euros), à escola de trânsito, ao skate parque, a um autocarro de transportes escolares e a mobiliário urbano e jardins.
O arranjo da ponte pedonal sobre a EN125, que ficou severamente danificada e custará perto de 52 mil euros, vai ser assumido pela concessionária das estradas e por isso não entra nestas contas.
O autarca de Lagoa esclareceu, porém, que a sua principal preocupação é com os prejuízos sofridos pelos particulares, já que há seis moradias e cerca de 80 apartamentos muito danificados, alguns dos quais perderam telhado, portas, janelas, vidros e o recheio de mobiliário e equipamento, não estando sequer em condições de serem habitados.
O problema é que há pessoas que não têm seguros ou cujos seguros não cobrem os estragos e que, em alguns casos, perderam todo o recheio dos apartamentos, viram portas, janelas e telhados voar e ainda ficaram com os seus carros danificados.
Acontece que, salientou o presidente da Câmara de Lagoa, «só pode haver apoios sociais para quem tem rendimento mínimo», o que não é o caso da maioria das pessoas das urbanizações Lagoa Sol e Jardins de Lagoa, na zona nova da cidade, onde se localiza o grosso dos prejuízos.
José Inácio acrescentou também que, na reunião de ontem com os cinco membros do Governo em Lisboa, foi decidido não declarar o estado de emergência, uma vez que isso «faria com que as seguradoras se pusessem totalmente de fora e ainda seria pior para as pessoas».
Mais otimista parece estar o edil do vizinho concelho de Silves. Rogério Pinto salienta o «tempo recorde» que o Governo levou para atuar no apoio aos municípios e populações afetadas pelo tornado de sexta-feira passada. «Ainda não passou uma semana e já o Governo está a tomar decisões», sublinhou o autarca silvense, referindo-se à resolução do Conselho de Ministros de amanhã, quinta-feira, que há de definir os termos e os montantes do apoio.
«Depois da reunião que ontem tivemos em Lisboa, e de lhes termos comunicado o montante e o tipo de prejuízos, eles estão agora a estudar nos gabinetes as soluções que vão apresentar amanhã», salientou Rogério Pinto. No entanto, frisou, «terão de ser soluções dentro dos condicionalismos legais».