O ministro dos Equipamentos e das Infraestruturas Pedro Marques garantiu que o projeto de eletrificação da Linha de Caminhos de Ferro do Algarve é para avançar, em resposta a uma pergunta feita pelo deputado algarvio do PSD Cristóvão Norte, na audição ordinária deste governante que teve lugar esta quarta-feira, no Parlamento.
Apesar de ter assumido que esta parte do investimento previsto para a ferrovia no Algarve continua nos planos do atual Governo, Pedro Marques não se pronunciou sobre a ligação ferroviária ao Aeroporto, que o parlamentar social-democrata também quis saber se ia ser feita.
A obra de eletrificação da Linha do Algarve e de extensão da linha até ao Aeroporto Internacional de Faro estava prevista na versão original do Plano Estratégico de Transportes e Investimentos (PETI), lançado pelo Governo liderado pelo social democrata Pedro Passos Coelho. Mas, recentemente, a empresa Infraestruturas de Portugal fez uma revisão ao plano, onde previa a anulação desta obra.
A pergunta de Cristóvão Norte, deputado eleito pelo Algarve, permitiu lançar alguma luz sobre esta matéria, já que ainda não se sabia se a decisão política (do Governo) iria acompanhar a prévia indicação técnica (da Infraestruturas de Portugal). O que não é certo é que sejam investidos os 55 milhões de euros inicialmente previstos, que serviriam para levar a cabo diferentes intervenções.
«O ministro assumiu que a eletrificação da linha seria para avançar, mas não fez qualquer referência à ligação ao Aeroporto de Faro. Não se comprometeu com prazos, nem com montantes, e referiu que os fundos comunitários podem ser uma fonte de financiamento a considerar», descreveu o deputado algarvio do PSD, numa nota enviada à comunicação social.
O anúncio que a eletrificação da Linha do Algarve e demais obras previstas para melhorar a ferrovia, na região, poderiam ser suspensas, foi muito mal recebido pela generalidade dos setores da sociedade algarvia.
Os presidentes de Câmara algarvios foram mesmo apanhados desprevenidos pelo relatório da Infraestruturas de Portugal, o que os levou a pedir uma «reunião urgente» com a tutela.
«Se for verdade, é óbvio que não ficamos contentes. Esta seria uma decisão que prejudicaria seriamente o Algarve e tudo faremos para o evitar», assegurou o presidente da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve Jorge Botelho no final de Dezembro, altura em que se soube da existência do relatório da empresa de capitais públicos.
O descontentamento por uma eventual queda deste investimento prende-se com diversos fatores, os quais Cristóvão Norte recordou no enquadramento à pergunta que fez a Pedro Marques.
«A rede atual é marcada pela obsolescência técnica e degradação do material circulante, aos quais se somam os constrangimentos rodoviários», defendeu o deputado, o que torna o investimento na ferrovia «crucial para o desenvolvimento da região».
No PETI, aprovado em 2014, estava previsto um investimento de 55 milhões na linha férrea algarvia. Esta intervenção e a requalificação dos Portos de Portimão e Faro eram as duas únicas obras a realizar no Algarve que constavam deste documento. Custariam uma cerca de 110 milhões de euros, uma pequena fatia do investimento total.