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A plataforma de demonstração de energia solar que está a ser instalada em Martim Longo vai produzir o seu primeiro megawatt no fim de julho próximo, dando assim início à concretização de um projeto onde serão investidos, na primeira fase, 18 milhões de euros.

A plataforma, que ocupa uma área total de 42 hectares num terreno a cerca de um quilómetro daquela localidade do concelho de Alcoutim, tem como primeira inquilina a empresa portuguesa Magpower, que aí está a instalar painéis solares em oito hectares, usando a inovadora tecnologia do fotovoltaico de concentração. Seguir-se-ão duas outras empresas, uma europeia e outra norte-americana. No total, esta primeira fase permitirá instalar quatro megawatts de potência.

A plataforma, cujos estudos de viabilidade e projetos técnicos estão atualmente a ser financiados a 70 % pelo PO Algarve 21 no âmbito do QREN, foi visitada a 9 de maio, Dia da Europa, pelos presidentes da Comissão de Coordenação Regional do Algarve e da Câmara de Alcoutim, por ser um dos bons exemplos da aplicação de fundos europeus na região algarvia em geral e naquele concelho em particular.

Marc Retcher, um dos responsáveis pela Enercoutim, a Associação Empresarial de Energia Solar de Alcoutim, explicou, em entrevista ao Sul Informação, que a plataforma de Martim Longo se destina a criar condições para instalar grande parte das 15 licenças de experimentação que o Governo emitiu em 2009, mas das quais «nenhuma está ainda em funcionamento. Agora a plataforma conseguiu a estreia dessas licenças».

Retcher adiantou ainda que os equipamentos que já estão a ser instalados no local e os que irão ser implementados no futuro utilizam a «tecnologia solar de concentração, uma tecnologia de última geração, muito diferente da fotovoltaica, e que é mais eficiente e ocupa menos espaço. No futuro, espera-se que essa seja a tecnologia mais utilizada».

O responsável acrescentou que «Alcoutim e Martim Longo são áreas com bons recursos solares, onde o terreno é de baixo valor alternativo», razões que levaram os promotores da Enercoutim a escolher esta zona.

 

Plataforma de Martim Longo será montra mundial

 

Porque se trata de uma tecnologia muito recente e, em certa medida, ainda experimental, ela «ainda não está implantada em muitos locais, pelo que se prevê que este parque possa atrair todo o tipo de pessoas, desde financiadores, investigadores, outros governos, com interesse em ver como funciona. Não há no mundo muitos locais com fotovoltaica de concentração a funcionar na rede em situação comercial, só a nível experimental», acrescentou Rechter. Em Portugal este é mesmo o primeiro «parque deste tamanho, com uma vertente comercial e de demonstração».

Luís Freitas da Silva, outro dos responsáveis pela Enercoutim, salientou que «o que era habitual era cada produtor ter todo o seu sistema de ligação à rede. Este conceito de plataforma vem revolucionar isso e permite criar aqui uma montra para os diversos produtores».

«Criámos esta plataforma que é toda uma área infraestruturada, com vedação, ligação à rede, posto de seccionamento. Isso facilita a instalação de projetos de painéis solares dos nossos clientes, que são as empresas que têm as licenças para produzir energia. Esses clientes beneficiam da eficiência de custo operacional que a plataforma propõe, já que esta partilha de custos ajuda os promotores a avançar. Este novo conceito de plataforma permite atrair para cá o investimento, ao oferecer vantagens a nível operacional e financeiro», completou Marc Rechter.

Além disso, «com esta concentração de instalações de diferentes tipos de tecnologias de solar concentrado, esta plataforma vai ser interessante para que diferentes pessoas a visitem. Várias marcas e diferentes soluções dentro do fotovoltaico concentrado vão estar aqui. Isso significa que as pessoas interessadas em investir no setor virão aqui visitar para perceberem como funciona, mas também como se mantém».

«O objetivo é trazer para cá algumas tecnologias de mais nova geração para serem testadas, para criar mais alguma dinâmica no setor solar. As empresas precisam de demonstrar que os sistemas funcionam e demonstrar os custos de manutenção desses sistemas. Isto poderá também ser uma área de melhoramento das tecnologias, com a colaboração de universidades, centros de pesquisa e das próprias empresas de tecnologia. Pode ser uma verdadeira montra», reforçou Marc Rechter.

 

Expansão está nos horizontes da Enercoutim

 

«Com esta primeira fase queremos criar aqui alguma massa crítica para atrair mais empresas que possam também instalar-se cá, por exemplo, empresas de tecnologia». De qualquer modo, até ao fim do ano de 2015, ou seja, «dentro de dois a dois anos e meio», a Enercoutim planeia ter os 42 hectares da sua plataforma completamente ocupados. E até já começa a pensar em expansão.

Mas o que é a Enercoutim? «É uma associação empresarial que constituímos para o efeito de montagem e exploração da plataforma», explica Marc Rechter. Os especialistas que viriam a dar origem a este projeto e à Enercoutim, começaram em 2009 com um conceito muito mais vasto, o do Algarve Energy Park, que deveria ter sido instalado no Autódromo do Algarve. Mas, sublinha Rechter, «com a crise esse projeto caiu, já não era viável».

Ainda assim, «avançámos então com uma das componentes do projeto original, que é a atividade de demonstração de tecnologias solares». É isso que está a ser implementado em Martim Longo.

No dia em que a comitiva oficial visitou a plataforma, as obras para permitir a instalação dos primeiros painéis seguiam imparáveis. «Daqui a duas ou três semanas chegam os painéis para serem montados, que estarão prontos em junho. Até ao final do ano, estarão aqui instalados quatro megawatts, com três tecnologias», explicou Marc Rechter ao Sul Informação.

Os primeiros dois megawatts que estão a ser instalados, «são inteiramente concebidos e fabricados em Portugal. É patente portuguesa, tecnologia portuguesa e fabricado cá», pela Magpower, explicou o empresário à comitiva oficial.

Sobre os benefícios dos 18 milhões de euros aplicados num concelho que nunca antes recebeu um tal volume de investimento privado, Rechter fez questão de sublinhar que «este é um investimento que dá impulso à economia local. O impacto do investimento aqui é muito melhor que fazer a mesma coisa ao pé de Lisboa».

 

Setor solar é oportunidade para Alcoutim

 

Francisco Amaral, presidente da Câmara de Alcoutim, concorda plenamente. «Alcoutim tem enormes potencialidades no setor solar, até porque é a subregião da Europa com maior número de horas de sol».

Este investimento permite criar «dezenas de postos de trabalho em Alcoutim e isso é muito importante», frisou o autarca.

Segundo Marc Rechter, neste momento há 25 a 30 pessoas a trabalhar na plataforma, daqui a uma semana esse número aumentará para 35 a 40 pessoas e depois, quando estiver instalada a primeira área de painéis, as operações de manutenção, segurança, limpeza, ocuparão 10 a 20 pessoas.

Mas as esperanças do autarca Francisco Amaral não se ficam por aqui. Em declarações ao Sul Informação, revelou que «neste momento, há um grande interesse pela energia solar em Alcoutim», havendo «outros investidores que compraram 800 hectares em Finca Rodilhas e poderão investir ali 200 milhões de euros e criar 200 posto de trabalho. É um projeto de capitais alemães, que ainda está numa fase muito inicial, mas que, a ser concretizado, será a maior central da Europa».

Tudo isto são boas notícias para um concelho periférico como Alcoutim: «lutamos desesperadamente contra a desertificação e a energia solar é uma das áreas que podemos explorar», concluiu Francisco Amaral.

 

O que é o fotovoltaico de concentração?

A tecnologia do fotovoltaico de concentração utiliza soluções técnicas que permitem concentrar a luz do sol, através de vários sistemas (lente, espelho) numa célula de muita eficiência que traduz a luz em eletricidade. É um sistema muito mais eficiente que o fotovoltaico tradicional.

 

Portugal, de importador a exportador de energia

Marc Rechter, um dos responsáveis pela Enercoutim, recorda que, «ao nível internacional, Portugal é sempre visto como muito avançado em energias renováveis».

Cita mesmo dados do primeiro trimestre deste ano, que indicam que «70% de toda a eletricidade consumida em Portugal foi produzida por energias renováveis».Isso significa «menos 24% de importação de carvão e crude, mais 4% de exportação de energia».

«Daqui a quatro ou cinco anos, Portugal pode tornar-se «um exportador de eletricidade, o que é muito positivo em termos de balança comercial», sublinha ainda o empresário.


Atualizado às 11h35: o terceiro parágrafo, especificando que são os estudos de viabilidade e projetos técnicos da Plataforma que estão atualmente a ser financiados a 70 % pelo PO Algarve 21  no âmbito do QREN.

 

 

 

sulinformacao

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