A criação de uma espécie de estação intermodal, que integre o transporte ferroviário, rodoviário, mas também o automóvel e as bicicletas, perto do Patacão, é uma das principais propostas do Plano de Mobilidade e Transportes de Faro, apresentado na quarta-feira, 28 de Junho.
O Plano prevê ainda um velho sonho dos farenses: a transposição da linha ferroviária que agora separa a cidade da ria para Norte da zona urbana. A linha atual seria aproveitada para um meio de transporte mais leve, como o metro de superfície, permitindo então fazer a tantas vezes falada ligação ao Aeroporto e ao campus de Gambelas da Universidade do Algarve.
Na zona intermodal, situada a Norte da EN125, uma espécie de estação terminal que congregue todos os meios de transporte, públicos e individuais, o objetivo é que haja ligações para Faro por outros meios de transporte.
Quem conduz poderá, por exemplo, deixar o carro nessa zona e apanhar um autocarro para Faro ou até utilizar uma das bicicletas do ponto de bikesharing previsto. Este ponto de confluência também quer conectar a região entre si e com o resto do país.
Mas as ideias deste Plano de Mobilidade não ficam por aqui. Outra delas, também aspiração já antiga, é a construção de uma ponte pedociclável (para peões e bicicletas) entre o Montenegro e o Parque Ribeirinho de Faro. Até porque uma das ideias base deste documento é diminuir a barreira entre a cidade e a Ria Formosa.
Com esta ponte, a distância entre os dois locais seria encurtada, privilegiando dois tipos de mobilidade suave – andar a pé ou de bicicleta. Esta será, caso a sua construção avance, «uma infraestrutura leve e de madeira», segundo explicou Bruno Borges, engenheiro de ambiente.
Apesar das propostas serem do agrado de muitos, a verdade é que nenhuma delas é vinculativa, já que o plano é apenas a definição de uma estratégia. Aliás, Rogério Bacalhau, presidente da Câmara de Faro, explicou isso mesmo, dizendo que «este é um documento estratégico que nos permite ter uma visão global daquilo que é a mobilidade no concelho».
O Plano de Mobilidade e Transportes, acrescentou, «é um trabalho de três anos, feito em paralelo com a revisão do Plano Diretor Municipal [PDM]. O documento dá-nos um conhecimento mais aprofundado do que é a mobilidade hoje e com isso podemos projetar aquilo que possa vir a ser o futuro».
Voltando às propostas: a nível da rede pedonal, há eixos prioritários de intervenção em Faro, como, por exemplo, o Aeroporto, a Vila Adentro, o Fórum Algarve, o Terminal Rodoviário ou o Parque Ribeirinho.
Quanto à rede viária, os pontos mais urgentes passam pela construção da variante à EN2 ou de uma circular Sul no Montenegro.
E há mais: o Plano de Mobilidade e Transportes de Faro, entre as 60 propostas que apresenta, divididas em sete temas, também prevê construir 40 quilómetros de ciclovias, 13 pontos de bikesharing e parques de estacionamento, nos principais acessos da cidade, para combater a utilização do carro dentro de Faro. Ou seja, quem chega à cidade de carro (e não só), deixaria a sua viatura estacionada e depois optaria ou pela mobilidade leve (bicicleta) ou pelos transportes públicos.
Por isso, nestes parques, haverá circuitos de autocarro, com linhas urbanas e interurbanas para as pessoas se deslocarem.
Quanto à Praia de Faro, a ideia passa por criar uma deslocação mais sustentável até ao local.
Outras propostas passam pela criação de mais áreas pedonais ou pela implementação de zonas com velocidade máxima de 30 km/hora,
A juntar às questões mais palpáveis – como as obras – também vai existir uma campanha de sensibilização e de educação rodoviária.
Paula Teles, coordenadora do Plano de Mobilidade e Transportes, disse, nesta sessão, ser com «orgulho que se chega a uma fase destas». Até porque Faro foi uma das localidades onde houve mais propostas para este documento: cerca de mil, quer em reuniões, quer através de participação pública. Das mil pessoas que participaram, perto de 650 fizeram-no respondendo a um inquérito promovido pela autarquia.
O Plano ainda está aberto a discussão, onde podem participar entidades públicas e privadas, agentes do setor e a própria sociedade civil. Aliás, como foi revelado na sessão, os cidadãos podem dar o seu contributo para a terceira fase deste projeto, a versão final do Plano de Mobilidade e Transportes, que deve ficar concluído até ao final do ano.
Quanto às obras necessárias para concretizar as ideias apresentadas, para já, não se vislumbra quando poderão avançar, até porque não estão definidas ainda as possíveis fontes de financiamento.
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Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação