A partir de dia 5 de abril, sexta-feira, o parque de estacionamento do Hospital de Portimão vai passar a ser pago, por decisão do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio (CHBA).
Nesta data entrará em funcionamento a concessão de todos os parques de estacionamento dessa unidade hospitalar à Companhia de Parques de Estacionamento SA, implicando o seu pagamento pelos utentes que aí se desloquem.
Em circular datada de dia 22 de março, e distribuída internamente no hospital, a administração do CHBA explicava que «pretende evitar a ocorrência de situações como as que têm vindo a acontecer, com maior incidência nos últimos anos, e que põem em causa a segurança dos colaboradores do CHBA e dos seus bens: assaltos, vandalização das viaturas e roubos de material, a que se junta a utilização abusiva dos parques de estacionamento por parte de terceiros, coma consequente diminuição dos lugares disponíveis para funcionários e utentes da instituição, como tem sido visível para todos».
O Conselho de Administração acrescenta que a concessão do parque irá «disciplinar os fluxos de acesso, com vista a uma aumento de segurança e da facilidade de estacionamento».
A informação constante desta circular será, aliás, colocada esta segunda-feira, dia 1, no site do Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio, como esclarecimento aos utentes, disse ao Sul Informação fonte das relações públicas daquele hospital.
Na prática, e ao que o nosso jornal apurou, só permanecerão totalmente gratuitos os 38 lugares de estacionamento ao longo da rua entre a rotunda do hospital e a primeira entrada para a unidade. De resto, todos os outros lugares passarão a ser taxadas para os utentes, sendo que alguns deles se mantêm gratuitos, mas com acesso controlado, para os funcionários.
Quem já protestou contra esta medida, aliás muito contestada quando foi aventada pela primeira vez no ano passado, foi a Comissão Coordenadora Concelhia de Portimão do Bloco de Esquerda, que considera tratar-se «de uma medida inadmissível» e que a administração do CHBA está a «legalizar mais um roubo aos utentes do Hospital».
Em comunicado, o BE salienta que «seria expectável e de bom senso que a Administração do CHBA não avançasse com o pagamento do parqueamento, numa altura de agravamento da crise social e que vai onerar os utentes do Hospital, quando já têm que pagar taxas moderadoras elevadas – impostas pelo governo PSD/CDS – nas suas deslocações às urgências, consultas externas e a outros serviços hospitalares».
É que, salientam os bloquistas, «o pagamento do estacionamento será mais uma taxa acrescida. De um modo geral, os utentes esperam diversas horas para serem atendidos, agravando-se assim a taxa de estacionamento».
Por outro lado, para o BE, «a situação é ainda mais grave quando não existe, praticamente, qualquer alternativa de estacionamento aos parques pagos», já que os 38 lugares gratuitos «rapidamente ficarão lotados, pois até o maior parque de estacionamento no interior – o Parque 1, junto ao Heliporto – será também a pagar para todos os funcionários do Hospital, o que irá complicar igualmente a sua situação no acesso ao seu local de trabalho, pois muitos dispõem de viaturas».
A tudo isto há ainda a acrescentar a diminuição dos transportes “Vai Vem”, que, sublinham os bloquistas de Portimão, «vai levar a que mais utentes recorram a viaturas particulares, ficando obrigados ao estacionamento pago».
Para o Bloco de Esquerda, «a concessão dos parques de estacionamento do Hospital visa, fundamentalmente, favorecer interesses privados à custa do interesse público e dos bolsos dos utentes de saúde».
«Se tem falta de verbas para o Hospital, a Administração deverá reclamar junto do governo e não castigar os mais desfavorecidos e os mais fragilizados – os utentes do Serviço Nacional de Saúde. O pagamento do estacionamento do Hospital de Portimão não é mais do que da mercantilização do estacionamento nos espaços do Serviço Nacional de Saúde, o qual funcionará como fonte de financiamento para entidades públicas e privadas, à custa da doença e da urgência dos doentes», frisam.
O BE acrescenta que irá promover ações de protesto contra as medidas da Administração do CHBA, nomeadamente, e tal como aconteceu no ano passado, pelos vistos sem resultados práticos, «a apresentação de moções de repúdio nos órgãos autárquicos de Portimão e uma reunião com a Câmara Municipal desta cidade».