«Se eu tivesse uma máquina do tempo, voltava atrás e repetia esta experiência uma e outra vez, em loop», garantiu Sabrina Ildefonso. A ETIC_Algarve não arranjou uma máquina do tempo para permitir que esta sua aluna e outros colegas seus que estagiaram em diferentes cidades europeias ao abrigo do programa Erasmus+ a possam reviver, mas já garantiu a extensão do programa «ETIC_Algarve In_Motion» por mais dois anos e em formato alargado, o que permitirá que mais 32 jovens tenham um primeiro contacto com a sua área profissional fora de Portugal.
O anúncio da renovação do protocolo entre a Escola de Tecnologias, Inovação e Criação do Algarve e o Programa Erasmus+ da União Europeia foi feito ontem, 9 de Maio, Dia da Europa. A ETIC_Algarve deu a boa notícia durante as celebrações desta efeméride, no âmbito das quais promoveu sessões informativas sobre programas de mobilidade europeia e aproveitou para fazer o balanço dos dois anos dos projetos de mobilidade In-Motion e «Etic_Algarve In_Cluster». O primeiro, com duração de dois anos, dirigiu-se a alunos e permitiu distribuir 23 finalistas por quatro cidades (Sevilha, Málaga, Roma e Praga), onde estiveram dois meses. No segundo caso, o projeto durou um ano e visou o intercâmbio de professores e formadores, com docentes da escola algarvia a rumar até outros estabelecimentos de ensino estrangeiros e colegas seus de outros países a fazer o caminho inverso, durante uma semana.
Segundo revelou ao Sul Informação Virgínia Inácio, a responsável pela coordenação dos projetos Erasmus+ na ETIC algarvia, a nova candidatura que foi feita a este programa europeu, já aceite, contempla ambas as dimensões, embora, desta vez, tudo esteja integrado no mesmo “bolo”. Assim, além de (pelo menos) 32 alunos, o acordo inclui o intercâmbio de 14 elementos do staff da ETIC.
«Soubemos na semana passada que a nossa candidatura tinha sido aprovada. Desta vez, conseguimos alargar para 32 alunos, que em vez de dois meses, ficam três nos países de acolhimento. Também incluímos novos parceiros. É muito gratificante poder dar esta oportunidade aos alunos, pois isto é algo que os marca muito e lhes muda a vida», disse Virgínia Inácio, que dentro da ETIC_Algarve é apelidada, carinhosamente, de “Virgínia Erasmus”.
Os alunos beneficiam de uma bolsa que inclui «a viagem, seguro, estadia e dinheiro para alimentação, que, pelo feedback que tivemos, chega perfeitamente para estar lá e até aproveitar para atividades de lazer».
«Nesta primeira candidatura do In_Motion, tínhamos 20 candidaturas aprovadas, mas pela boa gestão que fizemos conseguimos enviar 23 alunos», salientou, por seu lado, Nuno Ribeiro, diretor da ETIC_Algarve. E mais é, neste caso, melhor, pois no atual ano letivo houve alunos que referiram que o facto de terem a oportunidade de estagiar ao abrigo do Erasmus+ os levou a procurar esta escola.
Garantir uma oportunidade de estagiar além-fronteiras requer o esforço dos formandos dos diferentes cursos oferecidos pela escola sediada em Faro. «Nós atribuímos as bolsas por mérito, durante o percurso formativo, mas também na sequência de um desafio criativo, em que todos os alunos são convidados a participar. O mote é a Europa e, a partir dele e da sua área de formação, os alunos têm de apresentar uma proposta», acrescentou Virgínia Inácio.
Ontem, dia 9 de Maio, foi novamente lançado o repto para que os alunos deem asas à sua imaginação e apresentem projetos que os possam levar a estagiar noutro país. E se houvesse quem pudesse estar na dúvida se havia ou não de se candidatar a uma bolsa de estágio Erasmus+, os testemunhos de colegas seus que já passaram pela experiência terá ajudado a entusiasmá-los.
Mais do que uma experiência profissional, apontada como muito frutuosa pelos diferentes alunos que deram o seu testemunho, o estágio Erasmus+ é apontado pelos que passaram dois meses numa das quatro cidades de acolhimento como uma experiência de vida inesquecível e uma oportunidade para alargar os horizontes pessoais.
A nível laboral, as experiências foram bem distintas. Para alguns, «foi quase como umas férias», não porque não tenham tido de trabalhar, mas porque os horários eram simpáticos (em alguns casos 4 a 5 horas diárias), o que lhes permitiu ter tempo para explorar os locais onde viviam. Outros tiveram de trabalhar no duro, como é o caso de João Andrade, que saia de casa «às 7h00 e voltava às 21h00 ou mais tarde». Algo que não impediu este estagiário do curso de Produção e Criação Musical de aproveitar intensamente a experiência de viver em Roma, como o seu relato depressa revelou.
João, como outros dos seus colegas, tirou o máximo partido da experiência, o que o levou a sentir-se em casa numa cidade que não conhecia antes do estágio e a criar ligações de trabalho que ainda hoje perduram. Apesar de já ter voltado de Itália há alguns meses, continua a trabalhar com o mesmo estúdio, a partir do Algarve, e tem um convite para regressar e trabalhar, de forma permanente, na empresa.
O Sul Informação falou com este recém-graduado da ETIC_Algarve, de 28 anos, à margem da sessão, para perceber melhor as oportunidades que se abrem para os que estagiam além-fronteiras. E não são poucas.
«Foi uma experiência fantástica. A maneira dos italianos verem as coisas é totalmente diferente, há uma abertura muito grande. Não interessa se sabemos muito ou pouco, todos podem dar a sua ideia, o que conta é a validade da proposta, algo que não acontece muito em Portugal», disse João Andrade.
O graduado da ETIC algarvia levou consigo na bagagem a experiência que já tinha adquirido em produção musical, uma vez que já trabalhava nesta área antes de entrar para o curso, e convenceu os responsáveis pelo AG Studios de Roma, que insistiram para que ele ficasse a trabalhar na empresa. «Sou capaz de ir. Ainda estou a trabalhar diretamente com eles. Mas tenho de ponderar bem, Roma é uma cidade muito cara e tenho outras ofertas. Estou a estudar a situação. Provavelmente volto para lá depois do Verão, que foi o combinado, e logo se vê», revelou.
Na perceção de João Andrade, a experiência que teve abriu-lhe portas no mundo do trabalho. «Tenho mais propostas, de facto. Mas passa muito pela mentalidade portuguesa. Sem dúvida que lá melhorei o meu trabalho e a maneira de fazer as coisas, mas já trabalhava antes na área. Agora, chego a um local, faço isto ou aquilo, mas mal menciono que trabalhei em Roma, desperta logo outro interesse», disse.
No Dia da Europa de 2017, a ETIC_Algarve aproveitou não só para dar a conhecer a experiência deste e de outros alunos que participaram nas duas primeiras edições do In_Motion, mas também para divulgar a oferta que existe, nesta área, proporcionada pelo programa Erasmus da União Europeia.
A sessão que foi promovida incluiu uma apresentação do programa EYE – Erasmus para Jovens Empreendedores, a cargo de Catarina Marques, da ANJE, e a divulgação do Serviço de Voluntariado Europeu, por Natália Estrela, da Cooperativa ECOS.
No final, Isabel Gradil, da Agência Nacional ERASMUS+ Educação e Formação, entregou os Certificados de Participação aos estudantes e elementos do staff envolvidos nos programas «ETIC_Algarve In_Motion» e «Etic_Algarve In_Cluster».
Fotos: ETIC/Algarve