O Bispo do Algarve apelou a uma Europa com “alma” e com “valores”, diferente da que “está a ser construída”, que apenas “vê o lado financeiro” e o “lucro pelo lucro” que “escraviza” e “desumaniza”.
“Uma Europa construída por habitantes que perdem a sensibilidade de «ver» com o coração pode ser uma Europa que vê apenas o lado financeiro e economicista, o lucro pelo lucro, em que a economia não está ao serviço da pessoa”, afirmou D. Manuel Neto Quintas na quinta-feira, 9 de maio, Dia da Europa, durante uma vigília de oração do movimento «Juntos pela Europa», que juntou cristãos católicos, evangélicos, anglicanos e ortodoxos.
O prelado apelou à união na “construção de uma Europa diferente e melhor”, “unida, solidária e acolhedora”, onde o viver seja “sinal de liberdade, justiça e solidariedade”.
Num encontro que juntou cerca de 200 pessoas, o bispo do Algarve apontou a necessidade de se construir uma Europa aberta “com generosidade, aos desafios do mundo pobre, uma Europa que ponha a ânsia de paz e convivência no centro das suas preocupações e do seu trabalho”.
Dar uma alma cristã à Europa esteve na origem de um encontro que juntou em oração cristãos de várias Igrejas, organizado pelo movimento «Juntos pela Europa» que tem por objetivo ajudar a “reavivar a alma cristã” do continente, juntando “talentos e carismas” de diferentes movimentos e comunidades eclesiais e de várias Igrejas cristãs, explicou António Aparício, um dos organizadores da iniciativa, segundo o o jornal Folha do Domingo.
A vígilia foi ainda concelebrada pelo padre Firmino Ferro, vigário geral da Igreja Católica algarvia, pelo padre Ioan Rîşnoveanu, representante de Igreja Ortodoxa romena algarvia, e pelo padre Oleg Trushko, representante da Igreja Greco-católica no Algarve.
Respondendo ao apelo de João Paulo II na vigília de Pentecostes de 1998, fundadores e responsáveis de vários movimentos iniciaram um percurso de comunhão, de mútuo conhecimento entre todos, tendo este caminho sido mais tarde alargado a outras Igrejas cristãs iniciando uma colaboração para “preencher o enorme vazio religioso da Europa”.
Este movimento tem por base o manifesto os 7 SIMs’ que sublinha em sete pontos o desejo de contribuir para uma Europa unida, apesar das diferenças, numa colaboração efetiva entre os movimentos e aberta a todas as pessoas.
Os ‘os 7 SIMs’ propostos são o “SIM à vida, defendendo-a em todas as suas fases”, o “SIM à família, raiz de uma sociedade aberta ao futuro”, o “SIM à criação, defendendo a natureza e o ambiente”, o “SIM a uma economia justa, ao serviço da pessoa e da humanidade”, o “SIM à solidariedade, para com os pobres e marginalizados”, o “SIM à paz, promovendo a reconciliação através do diálogo” e o “SIM à responsabilidade fraterna”, para que as cidades “se tornem espaços e acolhimentos”.