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O Centro Museológico do Alportel abre hoje, dia 1 de junho, às 15h00, uma exposição evocativa da vida e personalidade de Manuel Francisco do Estanco Louro, intitulada «Olhares», que estará patente até 11 de novembro.

Estanco Louro, nascido em São Brás de Alportel, em 1890, foi advogado, professor e investigador, e notabilizou-se no campo das letras, deixando uma obra volumosa, com diversos estudos nas áreas da linguística, da gramática, dialectologia e toponímia, da etnografia algarvia, dos estudos camoneanos e ensaios diversos de literatura portuguesa.

Segundo os organizadores da exposição, foi «homem de corpo inteiro, nascido na Monarquia, abraçou o ideal republicano, que norteou toda a sua vida».

«Pedagogo por excelência, não só se destacou na função docente, como criou manuais que, ajudaram professores e alunos a pôr em prática o que na teoria defendia».

Dele se disse e escreveu: «Estanco Louro pertence a uma geração de professores liceais que procurou criar bases de uma pedagogia moderna através do esforço docente, mas também da produção de manuais escolares e de textos didácticos».
Na obra monumental que é «O Livro do Alportel», revela-se Estanco Louro um etnógrafo de exceção sem paralelo nas monografias locais anteriores e como uma referência para as posteriores.

Por outro lado, «aí se mostra um regionalista avant la lettre com perfeita noção dos verdadeiros interesses  da Região, portanto do país, que muitos invejariam nos dias de hoje».

Esta exposição integra-se no projeto «Pioneiros do Conhecimento Científico» da Rede de Museus do Algarve.

A exposição pode ser vista todos os dias, à exceção de segunda-feira, das 14 às 18h00. Para visitas fora do horário, deve contactar-se os telefones 289 842 711 ou 962 471 272.

 

Excerto de «O Livro do Alportel»:

 

«Quási todos os geógrafos que se tem ocupado do Algarve nos dizem que êle se divide em duas regiões – Barlavento e Sòtavento. Nenhum dêles porém nos indica os limites rigorosos ou aproximados das duas regiões; apenas, vagamente, se sabe que o Barlavento é o oeste, e o Sòtavento o este do Algarve. Por outro lado, a nenhum Algarvio que ignore totalmente a geografia se ouvirá qualquer das duas frases: «Eu sou do Barlavento»; «Eu sou do Sòtavento». É pois uma mera divisão convencional, apoiada apenas na tradição scientífico-literária, injustificada, porque lhe não podem servir de base quaisquer factos de ordem geográdica. Aplicou-se ao Algarve, como se poderia aplicar a qualquer outra região. Se aproveitássemos esta divisão vertical e lhe determinássemos uma linha divisória o trôço da linha férrea do Sul e Sueste que, de S. Marcos da Serra vai a Faro, o Alportel ficaria quási no coração do Sòtavento algarvio».

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