Várias extensões de saúde do Algarve vão fechar «gradualmente» já a partir do mês de outubro, no âmbito da operação de reorganização das unidades de saúde da região, mas, para já, como um teste.
O anúncio foi feito esta sexta-feira pelo vogal da Administração Regional de Saúde do Algarve Miguel Madeira, que garantiu que só haverá encerramentos quando se verificar que há melhorias no serviço à população.
«O que irá existir é um processo gradual. Numa primeira fase, iremos testar a resposta que pretendemos passar a dar com a transferência de utentes de algumas extensões para os Centros de Saúde», revelou o membro da administração da ARS Algarve, que representou a entidade, devido à ausência de Martins dos Santos, que já apresentou a demissão, mas continua em funções.
A mudança só se tornará definitiva «se verificarmos que há ganhos de qualidade para as populações», assegurou Miguel Madeira. «Depois desta fase, haverá uma avaliação e se se verificar que as vantagens não superam as desvantagens, estaremos, naturalmente, abertos a encontrar outras soluções», anunciou.
«A questão que há que equacionar é: dar apoio de maior proximidade, limitado a um dia ou dois por semana ou dar um médico de família aos utentes, cinco dias por semanas. Tem vantagens e inconvenientes. Isto só é possível fazer se, também, houver transportes», disse o Ministro da Saúde Paulo macedo, à margem da inauguração da Unidade Cuidados Continuados Integrados de Longa Duração e Manutenção do Azinhal, cerimónia a que presidiu.
Admitindo que a extensão de saúde do Azinhal, localidade onde acabava de inaugurar uma unidade de Cuidado Continuados, será uma das visadas, o membro do Governo avisou que os serviços serão «mantidos ou não, consoante a casuística da população». «De certeza que não vamos manter extensões abertas que, por exemplo, atendam uma ou duas pessoas. Se houver transportes, as pessoas até ficam melhor», considerou.
«Por outro lado, se se verificar que o encerramento causa o isolamento de algumas dessas pessoas, a ARS está disponível para equacionar o que se irá passar a seguir», acrescentou. Quanto às acusações do PS de que o Governo estaria a adiar o anúncio das unidades de saúde a fechar na região para depois das eleições autárquicas, Paulo Macedo disse apenas, a rir, que «quando um ministro cá vem, tem de haver críticas».
No fundo, disse o ministro, trata-se de tentar perceber «se os benefícios são maiores que os inconvenientes». «Isso está a ser estudado, mas irá sempre no sentido de haver uma maior racionalização de recursos», acrescentou. Mas, garantiu Paulo Macedo, esta reorganização, nomeadamente a criação do Centro Hospitalar do Algarve, não irá motivar «o fecho de nenhum Hospital do Algarve».
Lembrando que o Governo tem vindo a investir em Hospitais da região, nomeadamente no de Faro, Paulo Macedo disse que uma das vantagens da junção administrativa das unidades de saúde será a mobilidade interna dos médicos que poderão, por exemplo, «dar consultas em faro e em Portimão», em diferentes dias da semana.
Estevens confia em melhoria do serviço, Amaral desconfia
O presidente da Câmara de Castro Marim José Estevens mostrou-se confiante de que a ARS do Algarve irá encontrar uma solução «que será a melhor para as populações». Apesar de se perspetivar o fecho de duas extensões de saúde no concelho, uma no Azinhal e a outra em Odeleite, o autarca acredita que será encontrada uma solução que trará ganhos no acesso e na qualidade dos serviços.
Uma opinião que não é partilhada pelo edil do concelho vizinho de Alcoutim Francisco Amaral, município que já teve de lidar com o fecho deste tipo de unidade de saúde. «Tivemos esta experiência em Alcoutim no tempo do ministro Correia de Campos e acabou por não resolver nada. Antes pelo contrário, prejudicou a vida às pessoas», disse.
O presidente da Câmara de Alcoutim cessante e candidato do PSD a Castro Marim avisou que «as pessoas não são números» e que «a Serra algarvia tem particularidades que têm de ser tidas em conta». «Até em termos psicológicos, é importante a esta proximidade, que as pessoas saibam que há um médico ali por perto», considerou Francisco Amaral.