Oito centros de investigação da Universidade do Algarve ou a ela associados terão financiamento público, através da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), ao abrigo de uma (polémica) avaliação recentemente concluída e cujos resultados finais foram anunciados a 22 de dezembro.
A universidade algarvia destacou-se, na 2ª fase de avaliação, com três centros avaliados como Excelente e outros tantos como Muito Bom (o nível mais elevado é excecional, reservado a apenas 11 centros de investigação do país). Na primeira fase, já haviam sido classificados com a nota Bom dois centros de investigação.
Os centros que receberam a nota Excelente foram o ICArEHB – Interdisciplinary Center for Archaeology and Evolution of Human Behaviour (12 membros integrados, 100 mil e 617 euros anuais), o CCMar – Centro de Ciências do Mar, (103 membros , 1 milhão e 479 mil euros) e o CEOT – Center for Electronics, Optoelectronics and Telecommunications (14 membros, 125 mil e 861 euros).
Já as unidades CIMA – Centre for Marine and Environmental Research ( 38 membros, 50 mil euros), CIEO – Research Centre for Spatial and Organizational Dynamics (56 membros, 75 mil euros) e CMBR – Centre for Biomedical Research (45 membros, 240 mil e 480 euros) receberam a classificação de Muito Bom, nesta segunda fase.
António Branco: “Fomos todos muito críticos em relação ao sistema de avaliação, pelas razões que então foram expostas. Não mudei a minha posição”
Antes, haviam sido classificados com Bom o CIAC – Centro de Investigação em Artes e Comunicação e o MEDITBIO – Center for Mediterranean Bioresources and Food, que irão receber verbas entre os 5 e os 40 mil euros anuais. Ao todo, a UAlg tem 23 centros/unidades de investigação próprios ou associados, mas nem todos foram avaliados.
Um desfecho que, admitiu o reitor da UAlg António Branco, é positivo para a academia algarvia, embora não o faça mudar em nada a opinião negativa e a oposição aos critérios em que a avaliação se baseou, bem como ao modelo em vigor.
«A minha avaliação global é totalmente coincidente com o ofício que o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) enviou ao sr. ministro [onde apelidava o processo de «um falhanço pleno», entre outras críticas] e para o qual ainda não obteve resposta. Fomos todos muito críticos em relação ao sistema de avaliação, pelas razões que então foram expostas. Não mudei a minha posição», enquadrou.
Aos reitores, juntaram-se investigadores portugueses de renome, entre os quais Carlos Fiolhais, que também arrasou o sistema de avaliação.
«Mas, ao mesmo tempo, não posso deixar de estar satisfeito, porque, apesar de tudo, dentro desse mau sistema, apenas um dos centros da Universidade do Algarve (dos avaliados) não obteve financiamento», contrapôs.
A dúvida que fica é «se o financiamento dos centros todos vai permitir o desenvolvimento dos projetos que estão querem desenvolver», algo que é especialmente pertinente «para os centros, que por aplicação das regras e do sistema montado pela FCT, ficaram de fora do financiamento mais volumoso».
«Já estamos a trabalhar com as entidades regionais, nomeadamente com a CCDR do Algarve, no sentido de encontrar formas de apoio estratégico a esses centros, para que não desapareçam do Algarve áreas cientificas muito relevantes para a região, que a FCT acabou por deixar de fora», revelou António Branco.
Uma das potenciais fontes de financiamento será o Programa Operacional do Algarve que vigorará até 2020, recentemente aprovado.
Quanto às verbas a atribuir pela FCT aos diferentes centros de investigação, ainda não estão fechados. «Sei que há pelo menos um dos centros de investigação da UAlg que vai apresentar uma reclamação, por não compreender a confluência dos critérios de avaliação e do financiamento atribuído., que acha que não são coerentes entre si», concluiu.