O livro «O Algarve tal como o destruímos», de Fernando Silva Grade, vai ter o seu lançamento nacional esta sexta-feira, às 22 horas, na Feira do Livro de Faro. Uma obra editada sob a chancela da Escritório Editora que faz uma análise sobre a história recente do Algarve, nomeadamente uma versão que conta «uma história triste de devastação sistemática e avassaladora do património natural, arquitectónico e cultural do algarve».
O conhecido artista plástico farense publica esta obra com o objetivo de «reescrever a história de Faro e do Algarve dos últimos 50 anos, contestando a versão oficial que a descreve como um período de desenvolvimento, de sucesso e de divisas».
Para o autor, que falou à RUA FM sobre o lançamento do livro, esta é uma obra importante para a região pois «pode dar uma contribuição para repor a verdade na história. Essa versão oficial esconde uma outra história muito triste, que tem a ver com o aniquilamento de um território, do património, das paisagens e das suas belezas naturais».
Fernando Silva Grade considera que «é necessário que sejam denunciados os culpados, para que a culpa não morra solteira» e que, por isso, esta é uma obra «polémica porque levanta várias questões nunca antes levantadas, põe o dedo em todas as feridas e chama os bois pelos seus nomes».
Na contracapa do livro lê-se que «em 2006, ainda Faro e o Algarve viviam em função de duas dinâmicas, que se prolongavam desde fins dos anos 70 do século passado: o turismo de massas e a construção civil. E, fundamentalmente, ninguém punha em causa estas duas vacas sagradas, designadamente a população em geral e a totalidade dos autarcas.
É, contudo, de ressalvar um reduto de gente que acompanhou o processo, que durou mais de 30 anos, com uma profunda mágoa e impotência em relação àquilo que decorria perante os seus olhos: a destruição sucessiva, sistemática e maciça de um território com uma concentração de características ambientais, culturais e estéticas raras em todo o planeta. O conde de Lippe, notável militar e político alemão que comandou o exército português durante a Guerra Fantástica (1762), depois de conhecer o Algarve, caracterizou expressivamente as suas impressões acerca desta região: “um pedaço de paraíso terrestre!”».