O Festival de Órgão de Faro vai começar já no próximo sábado, dia 5, e, no seu quinto aniversário, aposta forte na afirmação a nível internacional. Depois do sucesso dentro de portas, o evento procura agora ter uma maior visibilidade no exterior, contando para isso com conceituados músicos vindos de outros países, mas também nacionais.
Pela primeira vez, os intérpretes estrangeiros estão em maioria, neste festival anual promovido pela associação Música XXI. Mas as novidades não ficam por aqui. 2011 será também o ano em que o festival vai entrar no campo da comunicação de massas, com o primeiro concerto do programa a ser transmitido em direto na internet, nos sites da associação www.acmusicaxxi.com e da Digital Mais TV.
A experiência online acontece já sábado, dia em que o organista Gyula Szilágyi tocará o órgão histórico da Sé de Faro, às 21h30. O músico húngaro-holandês propõe um programa bem original, intitulado «Amsterdam versus Lisboa», onde junta composições de compositores lusos e holandeses.
Além desta transmissão inédita, que só acontecerá com este concerto, também foi introduzido um cariz social em dois dos concertos, o de Gyula Szilágyi e o de José Gonzalez Uriol, «o verdadeiro cabeça de cartaz do programa», que tocará a 26 de novembro, segundo o membro da organização Pedro Nascimento.
Nestes dois espetáculos, pedir-se-á ao público que faça uma contribuição de «no mínimo, dois euros», que reverterão na totalidade para «uma instituição de solidariedade social de Faro», ainda a designar. Esta contribuição é facultativa, já que a entrada em todos os concertos é gratuita.
A escolha da instituição caberá ao Programa Allgarve, que apoiou a realização dos dois concertos e os inseriu no projeto de cariz social «subjacente ao programa».
Quanto ao cartaz, o nome mais sonante é o do espanhol José Uriol, «um dos grandes mestres organistas da atualidade». Este músico protagonizará o último de quatro concertos, distribuídos pelos quatro sábados de novembro, que terá lugar na Sé de Faro.
No dia 12 de novembro, o português João Santos atuará na Igreja do Carmo e uma semana depois a mesma igreja vai receber um concerto de música de câmara com o dueto composto pela organista Carina Lasch e por Pedro Santos, que a acompanhará na flauta de bisel.
«Todos os anos tentamos ter sonoridades diferentes. Em 2011, será a mistura do órgão com a flauta de bisel. A diversidade ajuda a educar o ouvido», ilustrou Pedro Nascimento.
A carga emblemática da quinta edição levou a Música XXI a avançar com o festival, apesar dos poucos apoios. O Allgarve ajudou, bem como outros apoios públicos, mas notou-se a falta de mecenato, num ano que até se justificava que surgisse.
«Este ano, recebemos da secretaria de Estado da Cultura a Declaração de Interesse Cultural do festival, que permite às empresas que apoiem o evento ter benefícios fiscais. Apesar da possibilidade de podermos dar mais qualquer coisa em troca do apoio, não surgiu qualquer mecenas», revelou.
Assim, teve de ser a própria associação a entrar com a verba necessária para cobrir todos os custos, valendo-se «do pé de meia que amealhou ao longo dos anos». Tendo em conta a conjuntura, que terá afastado potenciais mecenas, Pedro Nascimento deixa um «para o ano logo se vê», ao olhar para o futuro.