Casa cheia, com números que andaram muito perto da lotação total, retorno financeiro que cobriu a quase totalidade do investimento feito, satisfação do público e a sensação de ter conseguido, logo à primeira, um evento que marcou pela qualidade. Este é o balanço que a Câmara de Faro faz do Festival F, que decorreu nos dias 5 e 6 de setembro, na vila-Adentro da capital algarvia.
Os números da 1ª edição do festival foram divulgados esta quarta-feira, em primeira-mão, ao Sul Informação e à Rádio Universitária do Algarve RUA FM (102.7 FM), pelo vice-presidente da Câmara de Faro Paulo Santos. O também vereador da cultura da autarquia farense foi o convidado do programa radiofónico «Impressões», onde não se furtou a divulgar todos os dados relativos ao evento.
Desde logo, o do número de visitantes. O Festival F contou com mais de 12 mil pessoas, de todas as faixas etárias, nos dois dias, um valor que andou bem próximo da lotação máxima do recinto que foi pensado, dentro da Cidade Velha, cerca de 6500 pessoas por dia.
«Nós tivemos 5850 pessoas na sexta-feira e 6362 no sábado. Para dar uma ideia, ficámos a menos de 200 pessoas de esgotar a lotação, no segundo dia, porque as questões de segurança eram fundamentais, neste recinto», revelou.
«Tentámos não focar demasiado no número de visitantes, porque se formos comparar os nossos com outros festivais que há no país, estão muito aquém e até podem soar um pouco ridículos», disse, referindo-se aos principais festivais de Verão, que arrastam dezenas de milhar de pessoas.
Paulo Santos: “Naquele momento, não tínhamos os números em concreto e para estar a dizer que é mais ou menos, mais valia esperar uns dias”
Outro dado relevante é o do retorno do investimento. A autarquia investiu 69 mil euros neste evento e acabou por ir buscar, nas bilheteiras, praticamente todo o dinheiro que avançou. «No final, tivemos uma perca na ordem dos 500 euros. Houve alguns pequenos deslizes, mas de pouca monta, na ordem dos 4 mil euros», situação que teve a ver com o facto de se ter tido de reforçar algumas valências, como os pontos de WC, do primeiro para o segundo dia
«Fizemos este evento com muito controlo, ao nível de custos e daquilo que era possível fazer [num espaço com as limitações da Vila-Adentro], e sempre preocupados em que o Festival se pudesse pagar a ele próprio», disse. Embora não tenha havido apoio, em dinheiro, de outras entidades, «houve parceiros que assumiram custos».
Num ano que, como admitiu a organização desde a primeira hora, era também de testes ao conceito, esta adesão do público e o equilíbrio nas contas só podem ser encarados como positivos. Mais que isso, houve muito feedback dos que estiveram no «F», nomeadamente nas redes sociais, o que permitiu melhorias do primeiro para o segundo dia, lição que servirá para o futuro.
«Do primeiro para o segundo dia, reforçámos o número de casas de banho, porque percebemos que eram claramente insuficientes, e reforçámos a segurança. Não por acharmos que era insuficiente, mas mais por sabermos que iríamos ter mais gente no segundo dia», disse.
Numa primeira fase, a autarquia fez um balanço onde não referia números, situação que Paulo Santos justifica com o facto de ainda se estar, na altura, a apurar alguns dados. «Podíamos ter apresentado dados antes, mas acho que devemos prestar contas e fazê-lo com seriedade. As contas são públicas e sempre estive plenamente tranquilo em relação aos números. Naquele momento, não tínhamos os números em concreto e para estar a dizer que é mais ou menos, mais valia esperar uns dias», disse.
Para o ano, já é certo, há mais, embora ainda agora se esteja a começar a pensar na edição dois. O que fica desde já garantido é que o conceito se manterá o mesmo, ou seja, o Festival F continuará a apostar em nova música portuguesa, «de qualidade», e manter-se-á na esfera autárquica, com a produção a ser realizada em conjunto pela Câmara, pelo Teatro das Figuras e pela empresa municipal Ambifaro.
Já um aumento do recinto, com uma eventual expansão para outros locais da vila-Adentro, nomeadamente o Largo da Sé, ainda não está a ser pensado. Tudo depende dos parceiros que a Câmara conseguir encontrar, dado que um passo destes «significaria triplicar o custo do festival».