Tomadas e interruptores são bem-vindos, bem como fios elétricos, tubos de canalização, tintas e qualquer outro material que alguém esteja disposto a oferecer e possa ajudar a recuperar a sede que a Associação Filarmónica de Faro recebeu da autarquia, situada na Conceição de Faro. Apesar de ser novo nas mãos da coletividade, o edifício está inutilizável.
A associação assinou um protocolo com a autarquia para a cedência de parte da antiga Escola Primária desta freguesia do concelho de Faro, mas teve uma surpresa bem desagradável, quando a visitou pela primeira vez. O espaço tinha sido vandalizado e pilhado, restando apenas «o esqueleto do edifício e, mesmo este, muito maltratado».
A presidente da associação Ana André não esconde que a situação com que ela e a direção se depararam, há cerca de um mês, era «assustadora». «Quando lá chegámos, o local estava atulhado de lixo, servia de casa a sem-abrigo e também era frequentado por toxicodependentes. Tirámos de lá mais de 30 sacos de lixo, com 4 ou 5 quilos cada», descreveu, ao Sul Informação.
A associação já sabia que ia ter de partilhar o edifício com uma outra associação, a quem foi cedida a outra metade da edificação e com a qual partilhará o espaço comum. Mas a presença de outros inquilinos foi surpresa. «Ainda há pouco tempo fomos lá e demos com duas pessoas fechadas lá dentro, que pensamos que pudessem ser toxicodependentes. Tivemos de chamar a polícia», disse.
Há inquilinos indesejados, mas pouco mais sobra. No tempo em que a escola esteve inativa, «levaram quase tudo». «Tudo o que era metal, arrancaram. Não sobra um fio elétrico, uma tomada ou um interruptor, quase não há um vidro inteiro. Há muros deitados abaixo, o chão tem tantos buracos que temos de ter cuidado e andar sobre tábuas e também a canalização foi levada, bem como o lava-loiça da cozinha, que era de metal», descreveu.
Ficaram as sanitas, mas, neste caso, infelizmente. «Já falei com o vereador da Câmara de Faro, pois demos com fezes com anos nas casas de banho, o que é uma situação que coloca em risco a saúde pública», revelou.
Tudo isto faz com que os dirigentes da Filarmónica de Faro estejam «aflitos», já que o protocolo com a autarquia prevê que a mudança para o espaço ocorra no espaço de um ano. Um mês já passou, pelo que restam 11 meses para recuperar o espaço e ocupá-lo.
Mais do que uma sede, estas instalações serão fundamentais para continuar o trabalho de formação dos alunos da Filarmónica, que são atualmente «cerca de 60». Em muitos casos, a dependência da filarmónica é total, pois os instrumentos são emprestados pela associação.
Ana André revelou que já há mão-de-obra disponível para ajudar, sendo agora necessário o material para poderem trabalhar. E tudo serve, desde material elétrico a tintas, passando por vidro e até «grades de ferro», que serão necessárias para colocar nas janelas.
«Já temos uma empresa que nos cederá cimento, mas tudo o resto seria uma grande ajuda», diz Ana André, notoriamente entusiasmada pela perspetiva de haver mais pessoas a ajudar.
A associação não pediu dinheiro, no apelo de ajuda que lançou em diversas frentes, mas quem preferir, também possa ajudar dessa forma, beneficiando das vantagens decorrentes de se apoiar uma Entidade de Utilidade Pública como a Filarmónica de Faro. Ou seja, quem der apoio financeiro, pode descontar o valor total, majorado em 20 por cento, nos impostos (dá cem, desconta 120 euros).
Uma modalidade particularmente interessante para empresas. «Mas se houver uma empresa que não nos queira dar dinheiro e esteja disposta a fornecer, por exemplo, uma tonelada de ferro, para nós é ótimo», disse.
NIB da Filarmónica de Faro: 0036 0032 9910 0385 74218 (Banco Montepio Geral)