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Mário Soares defende que o «fim da recessão», antecipado pelo primeiro ministro Pedro Passos Coelho na Festa do Pontal, é uma miragem e que «os portugueses têm de estar conscientes da situação grave em que o país se encontra».

«O primeiro-ministro faz um discurso em que diz que está muito contente, que as coisas estão muito bem e no próximo ano vão estar muito melhor? Estou convencido do contrário, o próximo ano vai ser muito pior», referiu Soares, numa conferência em Loulé.

Para o ex-Presidente da República, as medidas neoliberais do governo não estão a ajudar a ultrapassar a situação muito difícil.

«Nós sabemos o que custou a austeridade, que nos levou à mais grave recessão económica de sempre, à destruição das empresas e ao flagelo – porque é isso que é, um flagelo – do desemprego. A austeridade levou tanta gente à miséria, mas a verdade é que nem assim se conseguiu diminuir o défice. Há agora mais défice que antes, talvez o dobro, mas Passos Coelho diz que não, que vai tudo correr muito bem», disse Mário Soares, realçando que «Portugal não pode ser um protetorado da Troika».

«Um país com nove séculos de história independente aconselha os nossos jovens a ir para fora? É muito grave», disse o ex-estadista. «O pior é que o primeiro-ministro já disse estar satisfeito por estar a ir mais longe do que defende a Troika e se continua a haver austeridade já sabemos que vai haver mais recessão e mais desemprego», prevê.

Para Mário Soares, «os portugueses – que não estão assim tão mudos, como se prova pelas manifestações – têm de perceber que se não podemos mudar a Europa, temos de tentar mudar alguma coisa na nossa terra, voltando àquilo que foram as conquistas desde o 25 de Abril até agora, como o Serviço Nacional de Saúde, que agora parece estar em causa».

«[RTP?] Já disse tudo o que tinha a dizer, aquilo é uma vergonha», disse o ex-Presidente da República aos jornalistas. «Mas vender as Águas de Portugal, a TAP, tudo está agora em causa. O que é que fica no nosso país? Temos de mudar isto [a política neoliberal], se não, todos somos responsáveis», concluiu Mário Soares.

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