Os prejuízos causados diretamente aos habitantes da Serra do Caldeirão pelo fogo que atingiu, na passada semana, os concelhos de Tavira e São Brás de Alportel ultrapassa os 25 milhões de euros, em ambos os municípios. Estes valores são apenas números preliminares e as consequências económicas da catástrofe poderão ser mais profundas.
Os presidentes das Câmaras de Tavira e São Brás, Jorge Botelho e António Eusébio, estiveram ontem, terça-feira, em Lisboa para se reunir com uma comissão interministerial para o apoio às vítimas dos fogos florestais. Um encontro que serviu para fazer um balanço inicial e que terá seguimento já amanhã, com novo encontro com membros do Governo, a ter lugar na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve.
Segundo o presidente da Câmara de São Brás, os prejuízos no concelho, entre as perdas diretas e da riqueza florestal, andam perto dos 15 milhões de euros. «Estamos a falar de 60 famílias afetadas diretamente, com mais de cem pessoas. Dez habitações arderam totalmente, enquanto quinze arderam parcialmente, bem como 55 anexos», revelou ao Sul Informação o autarca sambrasense.
Neste campo, o primeiro levantamento aponta para prejuízos na ordem do «milhão e meio de euros em bens», ou seja, no património edificado, no recheio e em bens imóveis que o fogo levou.
Olhando para o que se perdeu, em termos florestais, o prejuízo é bem maior, a aproximar-se dos 13 milhões de euros. António Eusébio frisou que este é «uma estimativa muito extrapolada, que andará cinco vezes abaixo do valor real», por questões técnicas. Um valor que assume que este seria «o ano de tirar cortiça».
«A economia familiar de centenas de famílias, para não falar de milhares, pois há milhares de proprietários, ficou muito reduzida, quando não totalmente destruída», disse. «Ardeu quase toda a área de Serra de São Brás», adiantou. Este concelho tem uma área total de 15 mil hectares e arderam 7162 hectares nos fogos da passada semana, o correspondente «a 46 por cento do território total do concelho».
Em Tavira, os prejuízos ultrapassam seguramente os dez milhões de euros, segundo Jorge Botelho, e apenas foi feito um levantamento preliminar. Aqui, a área ardida foi bem mais extensa que no concelho vizinho, com 19 mil hectares a perder-se para o fogo.
Na reunião de ontem, já se acordou uma linha de ação. Numa primeira fase, «vai disponibilizar-se ajuda para suprir as necessidades básicas de quem precise o mais depressa possível» e logo a seguir «perceber quais as necessidades em termos de alojamento».
«A terceira fase tem a ver com a reflorestação e com a recuperação do território», acrescentou António Eusébio, que, neste momento, ainda não tem «qualquer ideia» dos custos que poderão estar associados à renovação da área ardida.
«Também há muito trabalho que tem de ser pensado para acautelar problemas que possam surgir», defendeu o autarca. Uma das preocupações do autarca está ligada às chuvas de outono, «por vezes torrenciais», que, caso não haja intervenção no terreno, «podem levar ao aluimento de terras, cheias e poluição das águas», nomeadamente das ribeiras e barragens que abastecem o Sotavento algarvio.