Vivem e estudam em Faro, convivem regularmente com a Ria Formosa, mas confessam que desconheciam muitas das suas riquezas e belezas. Esta é a experiência de um grupo de alunos do 6º ano da Escola EB 2,3 Neves Júnior de Faro, que se repetirá em muitos casos, entre os cerca de 300 estudantes de vários ciclos de ensino, que visitaram o Parque Natural da Ria Formosa (PNRF) esta quarta-feira, no âmbito do Fórum Água Jovem, que se associou, em 2016, à Semana da Ria Formosa.
À espera deles, encontraram muitas atividades de sensibilização ambiental, que precederam a cerimónia oficial de entrega dos prémios do Concurso Água Jovem. Mas também encontraram «animais novos», ou seja, espécies que nunca tinham visto (ou notado) antes, apesar de serem endémicas do local onde vivem.
Mais que isso, asseguram, ganharam um renovado respeito pelos valores ambientais. E assim se esperava, já que um dos objetivos do Fórum Água Jovem é dar a conhecer as consequências de alguns dos nossos atos, para a natureza, de modo a estimular a mudança em prol da sustentabilidade.
Lara, Tiago, Jorge e David acabavam de ter a primeira sessão de birdwatching da sua vida e não escondiam o seu entusiasmo.
«Não sabíamos que havia tantos tipos de animais. Foi giro conhecer espécies que nunca tínhamos visto», disse Tiago ao Sul Informação. «Foi engraçado conhecer as caraterísticas destes animais. Muitos de nós nunca tinham vindo aqui», completou a colega de turma Lara.
Este grupo de estudantes tinha passado, momentos antes, pelo RIAS – Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens da Ria Formosa, onde lhes foi explicado que muitos dos inquilinos do centro são vítimas da ação humana. «Vimos ali no RIAS que uma ave ficou sem uma perna, porque ficou presa num fio», contou Laura, visivelmente impressionada.
Desta forma, saem do PNRF com ideias para ajudar a evitar este tipo de situação. «Não devemos deitar lixo para a Ria, como sacos, cordas e fios, porque os animais [marinhos] ficam presos e podem sufocar», resumiram.
As crianças e os jovens que passaram hoje no PNRF gostaram de conhecer melhor as espécies endémicas da Ria Formosa e não só, mas perceberam igualmente que há outras que também vivem na zona lagunar algarvia, mas não deviam.
Um exemplo são algumas das tartarugas que hoje se podem encontrar, em abundância, na Ria. Como explicou Paula Vaz, da Agência Portuguesa do Ambiente, aos miúdos da Neves Júnior, entusiasmados por ver tartarugas num charco, aquela espécie que estavam a observar, com uma risca vermelha na cabeça, é invasora e um grave problema, já que coloca em causa a sobrevivência das suas primas algarvias.
Também na flora há espécies que se dão muito bem com o clima do Algarve, mas não são bem-vindas. Uma das atividades promovidas foi o arranque de chorão e «foi das que mais entusiasmaram, já que envolvia colocar as mãos na massa», segundo os organizadores da iniciativa.
Além do birdwatching, da apresentação no RIAS e do arranque de chorões, foram promovidas atividades sobre cetáceos, sessões sobre o perigo que as palhinhas de plástico representam para a vida selvagem, exibições do filme de sensibilização para a questão dos refugiados «E se fosse Eu?» e uma exposição com os trabalhos do Concurso Água Jovem. A empresa Algar e o centro de investigação do IPMA situado na sede do PNRF também deram a conhecer o seu trabalho.
Atividades que, ao que tudo indica, conseguiram ganhar novos adeptos para a causa da Conservação da Natureza.
Veja as fotos do Fórum Água Jovem:
(Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação)