Uma equipa do Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS) da GNR está, ao longo do dia de hoje, a provocar a derrocada controlada de troços instáveis do muro e da arriba no Promontório de Nossa Senhora da Rocha, litoral de Lagoa, numa ação coordenada com a Agência Portuguesa de Ambiente (APA/ARH).
A intervenção vem na sequência da queda, em finais de Novembro passado, de um troço de cerca de dois metros do muro que envolve a ermida de Nossa Senhora da Rocha, bem como de alguns blocos da zona de falésia situada por baixo do muro.
Sebastião Teixeira, responsável pela Agência Portuguesa de Ambiente/ARH Algarve, que coordena as operações no local, disse ao Sul Informação que a tarefa dos elementos do GIPS, recorrendo a técnicas de escalada, passa por «fazer cair o que está com indícios claros de estar instável», ou seja, «uma parte do muro e blocos da arriba».
Aquele responsável, que se reuniu no local com a vereadora Anabela Simão, responsável pelo pelouro do Ambiente na Câmara de Lagoa, e com técnicos e outros responsáveis autárquicos, adiantou que, para já, «não está prevista nenhuma forma de consolidação da arriba».
Sebastião Teixeira: «Para consolidar esta arriba, há que se pesar o valor da opção financeira, o valor da desfiguração do promontório. Tudo isso tem que ser pesado e ponderado»
«Só depois deste trabalho acabado [desmonte controlado das zonas instáveis] poderemos ver se a arriba fica melhor ou pior», acrescentou Sebastião Teixeira. «Presumimos que vai ficar melhor, já que o que estava instável deixou de estar porque o fizemos cair», admitiu, mas isso «não vai dar mais anos de vida à arriba».
«Esta arriba tem sintomas de que há partes que vão cair, por isso nós vamos fazê-las cair para que não caiam quando não interessa», nomeadamente na época balnear, quando houver banhistas na Praia Nova, que fica junto ao Promontório da Senhora da Rocha.
Mas há também que garantir a segurança de quem visita a pequena capela de Nossa Senhora da Rocha, no topo do promontório, um dos locais mais procurados pelos turistas em todo o concelho de Lagoa.
Quanto a uma eventual consolidação, solução que é defendida pela Câmara de Lagoa, o diretor regional da APA/ARH diz que «depois de fazermos esta operação, vamos equacionar o que se pode fazer a seguir».
No entanto, avisou, «qualquer intervenção que se pense em fazer terá que ter em conta os valores religiosos, patrimoniais e naturais» presentes. «Se se puser aqui uma cinta e um muro de betão à volta do promontório, ele desaparece e isto deixa de ter o significado que tem. Para consolidar, há que se pesar o valor da opção financeira, o valor da desfiguração do promontório. Tudo isso tem que ser pesado e ponderado».
José Vieira/Câmara de Lagoa: «Qualquer decisão tem que resultar de uma avaliação técnica conjunta, de vários organismos e com vários níveis, convocando também o Património, que resulte num relatório por escrito devidamente fundamentado»
José Fernando Vieira, arquiteto paisagista e técnico do Departamento de Ambiente da Câmara de Lagoa, responsável pelo litoral, defende, porém, que «o derrube destas zonas mais instáveis é apenas uma primeira fase da intervenção necessária».
«A segunda fase será manter a visitação deste Promontório com alguma dignidade e durante mais alguns anos».
«Se ganharmos mais uns dez aninhos neste processo, teremos mais uns anos para pensar, para avaliar e para implementar soluções. Até poderemos chegar à conclusão de que não há solução possível, ponderando custos e ganhos, a vários níveis. Mas tal decisão tem que resultar de uma avaliação técnica conjunta, de vários organismos e com vários níveis, convocando também o Património, que resulte num relatório por escrito devidamente fundamentado. Não pode ficar por conversas das quais não há sequer uma ata», disse José Vieira.
Nas arribas, os elementos do GIPS, usando ferramentas manuais ou almofadas hidráulicas, pendurados em cabos de rapel, vão fazendo cair os blocos da arriba que, à vista desarmada, se apresentam como mais instáveis. A operação deverá ficar concluída ainda durante o dia de hoje.
O Forte e a Capela de Nossa Senhora da Rocha, situados no Promontório, estão classificados como Imóvel de Interesse Público por Decreto publicado em 25 de Outubro de 1963, época em que sofreram intervenção parcial de consolidação e restauro, trabalhos a cargo da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN).