O GAF – Gabinete de Apoio à Família do Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio, EPE – Unidade de Lagos foi apresentado no passado dia 27 de novembro, no Hospital de Lagos. Este projeto resulta de uma interação equilibrada, assente em três áreas basilares – o Serviço Social, a Fisioterapia e a Enfermagem.
A equipa multidisciplinar representada por Paula Braga, assistente social, pela fisioterapeuta Paula Antunes e pela enfermeira Alexandra Ferreira, pretende, nas palavras das intervenientes, “ensinar novos conhecimentos e dotar de competências todas as pessoas potenciais cuidadoras informais de pessoas dependentes”.
A verdade é que quando é comunicada a alta clínica de uma pessoa que se encontra dependente de terceiros, a primeira reação da família é a resistência em acolher esse doente devido ao grau de dependência que apresenta. As famílias não têm conhecimentos técnicos nem experiência que permitam saber tratar do seu doente de forma segura e sem receios, sublinnhou a assistente social Paula Braga.
Este projeto de formação contínua visa contribuir para encurtar o número de dias dos internamentos nos mais diversos serviços hospitalares, ensinar novos conhecimentos e técnicas para as tarefas a desenvolver com o doente, disponibilizar os recursos técnicos hospitalares ao serviço da população, promover uma melhor relação hospital/comunidade, fomentar o crescimento pessoal das atitudes e afetos dos cuidadores informais e ainda fortalecer motivações e espírito de responsabilidade para os novos cuidadores e contribuir para a abertura de mentalidade às mudanças sociais atuais.
«O cuidador informal é um elemento chave no conforto e bem – estar de qualquer doente dependente e como tal, deverá ser formado, acompanhado e valorizado no seu papel», disse ainda Paula Braga, que manifestou a vontade de, a médio prazo, de ampliar este projeto à Unidade Hospitalar de Portimão.
De seguida, a fisioterapeuta Paula Antunes falou um pouco sobre as noções básicas que se pretendem passar aos cuidadores informais, e que acabam por facilitar e tornar o seu desempenho mais esclarecido e seguro – as mobilizações – como devem ser feitas, as adaptações que podem ser feitas em termos de infraestruturas e meio envolvente, as ajudas técnicas que podem ser utilizadas, de acordo com o estado do doente, até pormenores mais concretos, como a escolha do vestuário, e exemplos de jogos lúdicos que podem apoiar e ajudar no restabelecimento do doente em termos mentais.
A enfermeira Alexandra Ferreira encerrou a sessão, apresentando algumas das noções básicas em termos de prestação de cuidados de saúde, que se pretende transmitir aos cuidadores como as estratégias de higiene corporal, oral, cuidados a ter com unhas e pele, com destaque para a correta manutenção dos dispositivos técnicos, dos quais os doentes dependem, e que geram muita ansiedade e insegurança nos cuidadores – como as algálias e as sondas nasogástricas, a administração dos medicamentos, os cuidados com a alimentação, sobretudo em dietas específicas.
A enfermeira acrescentou ainda que o GAF vai contar com a colaboração da dietista Amália Ramos que apoiará nos casos mais específicos, relacionados com a alimentação do doente.
As sessões de formação serão realizadas todas as quintas e sextas-feiras, entre as 14h00 e 15h00 na Unidade de Lagos, por período indeterminado.
O projeto iniciou-se a 29 de Novembro e conta já com vários participantes – familiares e cuidadores de doentes, ou ex-doentes, da Unidade Hospitalar de Lagos.
O Consulado Britânico no Algarve, que tomou conhecimento do GAF no âmbito de outros contactos, já formulou um convite, no sentido estender estas formações à comunidade inglesa residente interessada.
O projeto foi acolhido com entusiasmo, pela plateia que congratulou as intervenientes e a natureza do projeto.
As oradoras terminaram, deixando a seguinte mensagem: «um Cuidador promove vida, conforto e amor. É fundamental e emergente a inclusão da família nos cuidados aos seus doentes!».