O poeta algarvio Gastão Cruz vai estar na Biblioteca de Loulé, no dia 21 de outubro, para falar sobre o tema «Porque escrevi o primeiro livro, porque escrevi o último e porque escreverei o próximo». Esta será mais uma sessão do ciclo «Discursos Diretos» da estrutura cultural louletana.
Na sessão da próxima terça-feira, o autor Farense, «nome cimeiro da poesia contemporânea portuguesa», será apresentado porJosé Minhoto Marques.
Antes da sessão da noite, Gastão Cruz está, pelas 16 horas, no «Quadro de Honra» da Escola Secundária de Loulé, no âmbito da iniciativa através da qual a biblioteca pública estabelece pontes com as escolas do Concelho. Nesta escola, o poeta é apresentado por Arlete Santos.
Sobre Gastão Cruz:
«Poeta e crítico literário, Gastão Cruz nasceu em Faro no ano de 1941. Licenciou-se em Filologia Germânica pela Universidade de Lisboa. Professor do ensino secundário, o autor exerceu paralelamente, entre 1980 e 1986, a carreira de leitor de Português no King’s College de Londres.
Dirigiu, nos anos 70 a 90, o grupo Teatro Hoje/Teatro da Graça, que ajudou a fundar. O gosto pelo teatro e pelo mundo da poesia “empurra-o” para a tradução de títulos dramáticos de, entre outros autores, Strindberg, Shakespeare (Conto de Inverno) e Cocteau e para a organização de recitais dramatizados que proporcionam uma intensa divulgação poética.
Homem com uma forte ligação à terra onde nasceu, o autor sente uma grande revolta quando olha para o que o rodeia. A destruição do cenário que o viu nascer e crescer, nomeadamente o da Ilha de Faro onde passava as férias de verão: o mar, a areia, os cardos, as plantas e os seus aromas e, sobretudo, o silêncio e o isolamento são temas recorrentes na sua poética. Mas, na sua obra, perpassam temas diversos como a dor, a metamorfose, a guerra colonial (Outro Nome e Aves), a morte (Pedras Negras).
Começando por assumir uma escrita experimentalista, Gastão Cruz adotou depois formas clássicas como o soneto e a canção, que refletem bem, desde os anos 60, a influência de Camões que, aliás, o autor não desmente. As suas obras são caracterizadas pela contenção quantitativa, sendo assim reduzido o número de textos que compõem cada volume. Ao contrário, cada um destes textos são portadores de uma grande densidade de significação e formam entre si uma unidade que se estrutura como uma teia.
A sua estreia literária ocorreu nos seus 19 anos, com o livro A Morte Percutiva, inserido no volume coletivo Poesia 61, com mais cinco jovens poetas: Casimiro de Brito, Fiama Hasse Pais Brandão, Luiza Neto Jorge e Maria Teresa Horta – grupo que marcaria um virar de página na poesia portuguesa.
Autor de uma obra muito diversa, publicou, entre outros: A Poesia Portuguesa Hoje, 1973; Campânula, 1978; Orgão de Luzes; Transe (1960-1990); As Pedras Negras, 1995; Poesia Reunida, 1999; Crateras (2000, ano em que recebeu o Prémio D. Dinis)».