O Governo poderá deixar cair as obras de requalificação da Linha do Algarve, nomeadamente a eletrificação de toda a linha entre Lagos e Vila Real de Santo António, caso aplique a nova versão do Plano Estratégico de Transportes e Investimentos (PETI), documento que terá sido revisto, recentemente pela Infraestruturas de Portugal.
Segundo noticiou esta segunda-feira o jornal «Público», a mais recente versão do PETI deixa cair esta intervenção, que permitiria poupanças na ordem dos «400 mil euros por ano à CP».
Neste plano, aprovado em 2014, estava previsto um investimento de 55 milhões na linha férrea algarvia. Esta intervenção e a requalificação dos Portos de Portimão e Faro eram as duas únicas obras a realizar no Algarve que constavam deste documento. Custariam uma cerca de 110 milhões de euros, uma pequena fatia do investimento total.
Contactado pelo Sul Informação, o presidente da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve Jorge Botelho diz que ainda não foi dada qualquer informação aos autarcas algarvios de que a intervenção na Linha do Algarve possa cair. Ainda assim, e tendo em conta a notícia do «Público», já pediram «uma reunião urgente à tutela».
«Se for verdade, é óbvio que não ficamos contentes. Esta seria uma decisão que prejudicaria seriamente o Algarve e tudo faremos para o evitar», assegurou Jorge Botelho. A reunião com o ministro do Planeamento e das Infraestruturas Pedro Marques deverá ter lugar «nos primeiros dias de Janeiro», espera o presidente da AMAL.
Entretanto, o PSD/Algarve já veio a público pedir esclarecimentos sobre a alegada intenção do Governo em deixar cair o investimento na requalificação da Linha de Caminhos de Ferro do Algarve.
«Não é aceitável que o Governo retire da região um investimento estruturante para a concretização de uma política de transportes públicos para o Algarve. (…) Esta é, reconheça-se, uma luta de todas as forças políticas e cívicas da região que sempre defenderam publicamente a necessidade de eletrificação da linha, permitindo por um lado a circulação em toda a sua extensão do comboio alfa pendular e, por outro, criando condições de otimização dos custos da operação. Igualmente estruturante é a ligação ferroviária entre o Aeroporto de Faro e a linha do Algarve tendo em conta que o principal destino turístico do País não tem uma ligação direta a partir da principal porta de entrada de turistas», considerou o PSD/Algarve numa nota de imprensa.
Segundo o PSD, a captação deste investimento «fez parte de uma lógica de políticas públicas de transportes para a região que implicou, entre outras, a renegociação da PPP da EN125, o que levou à anulação de algumas das suas variantes». «Ora, sem estrada e sem caminho-de-ferro não existe política de mobilidade, apenas retalhos de nada», defende.
«O ministro do Planeamento e Infraestruturas deve esclarecer rapidamente os algarvios se efetivamente existe uma “otimização” do PETI e em que medida afeta a região. E a existir, importa perceber se é uma proposta de base técnica ou se está assente numa decisão política. E finalmente o ministro deverá reafirmar o compromisso assumido pelo Governo anterior de concretizar o investimento na linha ferroviária do Algarve. Ao não fazê-lo, para além da deslealdade para com os algarvios, estará concretizada a primeira grande machadada do atual Governo ao Algarve e contará com a firma oposição do PSD nesse ação», concluem os social-democratas algarvios.