«Em equipa que ganha, não se mexe», ou, neste caso, em reforço do dispositivo de segurança no Verão que permitiu baixar os valores da criminalidade, no Algarve, não são precisas alterações significativas.
O ministro da Administração Interna Miguel Macedo esteve esta quarta-feira na sede da Região de Turismo do Algarve, em Faro, para participar na apresentação deste dispositivo para 2014 e considerou, no final, que tem confiança que o reforço será o «suficiente», tendo em conta os resultados de 2013.
«O reforço está em linha com o do ano passado, o dispositivo é praticamente o mesmo. Na apresentação que foi feita pelas forças e serviços de segurança, pudemos constatar a evolução muito positiva que se tem registado no Algarve, do ponto de vista da criminalidade. (…) Asseguraremos este ano que o Algarve possa ser referenciado como um destino seguro», garantiu.
A garantia teve de ser dada pelo ministro, em vez de verificada pelos jornalistas dos muitos órgãos de informação nacionais e regionais presentes, entre os quais o Sul Informação, porque a sessão foi-lhes vedada, depois de um breve período para captar imagens. Dentro da sala ficaram representantes das forças de segurança, os dois membros do Governo presentes (Miguel Macedo e o secretário de Estado do Turismo Adolfo Nunes) e a sua comitiva, dirigentes de entidades oficiais, mas também dirigentes associativos e outros elementos da sociedade civil.
O porquê desta decisão ficou pouco claro, até para o próprio membro do Governo, que estranhou a situação. «Não fui eu que determinei isso. Mas também não vi aqui nada de especial que impedisse a gravação», considerou Miguel Macedo.
A ordem não veio do ministro, mas, tudo indica, veio do seu Ministério. No final, a Região de Turismo do Algarve foi autorizada a divulgar a apresentações feitas na sessão, entretanto enviadas às redações.
Em 2013, o reforço de efetivos na região, entre junho e meados de setembro, foi de cerca de 400 elementos, bem como meios complementares, entre as diversas forças policiais. Números que até aumentam, este ano.
No caso da GNR, que tem a jurisdição em 97 por cento do território do Algarve (embora a PSP tenha uma fatia considerável da população na sua área de influência), até haverá um reforço no número de efetivos que irão ficar na região de 15 de junho até 15 de setembro.
Em 2014, o número de operacionais que serão deslocados, de forma permanente, atinge os 206 (150 em 2013), a que se juntam 18 animais (12 cavalos e seis cães) e 22 viaturas, neste caso, o mesmo número de 2013.
Também no reforço pontual, para ajudar no policiamento de grandes eventos, haverá um aumento no número de efetivos, ligado ao aumento de número de eventos contemplados. Ao todo, serão deslocados 336 militares, ao longo do verão, quando em 2013 foram 224.
A Concentração Motard de Faro é o evento que motivará um maior reforço, de 160 operacionais, que estarão não apenas em Faro, onde a iniciativa tem lugar, mas também em São Brás de Alportel, Olhão e na Fuzeta. Outros eventos que obrigarão a um reforço são o do Torneio Internacional do Guadiana (46), Festival Sudoeste (50 em Odeceixe), o Torneio de Futebol «Albufeira Summer Cup» (50) e a Fatacil (30).
No caso da PSP, haverá um reforço de 18 equipas da Unidade Especial de Polícia e Corpo de Intervenção. O mesmo número de equipas deslocadas em 2013, altura em que perfizeram um total de 234 homens e 36 viaturas.
«Há algumas pequenas alterações. Há forças de reserva. De sublinhar que as unidades especiais de polícia que aqui estão no Algarve, no dispositivo para todo o Verão, estão exclusivamente dedicadas à região. Ou seja, não estão de reserva para situações noutros pontos do país», acrescentou Miguel Macedo.
Os objetivos, continuam a ser garantir um policiamento de proximidade e visível, para aumentar a sensação de segurança dos visitantes e residentes, que também inclui unidades especiais, como a Tourist Support Patrol da GNR e agentes em bicicleta, entre outros.
(Acrescentados dados da PSP, que a RTA já havia tentado enviar perto das 13 horas, mas que não chegaram na altura ao Sul Informação e a outros jornais devido a incompatibilidades geradas por um dos ficheiros anexados no email)
Criminalidade baixou em 2013, no Algarve
Na sessão de hoje foram, igualmente, apresentados dados da criminalidade, no Algarve. Segundo Miguel Macedo, estes dados «são muito positivos, quer na área da PSP, quer na área da GNR».
«Os dados da criminalidade participada, no ano de 2013, apontam para descidas quer na criminalidade geral, quer na criminalidade violenta e grave», disse.
O Algarve até mostrou um melhor desempenho que o resto do país, em alguns indicadores, com a criminalidade violenta «a descer o dobro do resto do país, na área da PSP». «Aqui, a descida, aqui no Algarve, na área da PSP, foi de cerca de 18 por cento», quando em termos nacionais rondou os 9 por cento.
Ainda segundo os dados apresentados pela PSP, ao nível da criminalidade geral, na sua área de influência (sempre zonas urbanas), houve uma queda de 4,48 por cento, em 2013. Menos crimes, também levaram a menos detenções, no Algarve, mais precisamente, menos 6,86% de detidos.
Já no primeiro trimestre de 2014, a tendência de descida da criminalidade violenta manteve-se (- 5,88%), mas houve um ligeiro aumento da criminalidade geral (0,89%) e um aumento substancial do número de detidos (9,18p.p.).
Foram estes dados que levaram Miguel Macedo a concluir que não há «grande necessidade de alteração, nem para mais, nem para menos, porque este dispositivo tem provado estar bem».
Autarquias e Região de Turismo satisfeitas com o dispositivo anunciado
O dispositivo de segurança hoje anunciado é visto como adequado tanto por Jorge Botelho, presidente da AMAL-Comunidade Intermunicipal do Algarve, como por, Desidério Silva presidente da Região de Turismo do Algarve.
«Julgo que estamos no caminho certo. O que foi aqui apresentado é, mais ou menos, uma replicação do modelo e dispositivo apresentado no ano passado, que, claramente, apresentou resultados positivos em vários indicadores. Baixou a criminalidade, o policiamento de proximidade resultou e houve mais visibilidade das forças de segurança. As forças de segurança nunca são em número suficiente, mas, no ano passado, todos verificámos que o verão correu melhor», considerou o autarca socialista de Tavira.
«Desde há dois anos que foi assumida uma estratégia para a região. O que eu tenho dito, e foi assumido, nos últimos tempos, é que o reforço tem de ser muito em função da mobilidade dos turistas e residentes. E tem havido por parte do ministro e forças de segurança essa disponibilidade», disse, por seu lado, Desidério Silva.
«O sentimento de segurança foi muito melhorado e isso é bom para o destino e para a economia da região. (…) A interligação entre as forças de segurança e as entidades da região era algo que não acontecia. Hoje, é o grande fator diferenciador», considerou.