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Guia geologia paleontologia TAvira (1)Quem quiser uma desculpa para procurar seres que (já) não existem em monumentos e noutros locais de Tavira não precisa de um jogo, nem sequer de um smartphone ou de um tablet. Basta munir-se do Guia de Geologia e Paleontologia Urbana do Centro de Ciência Viva e partir à descoberta de fósseis, rochas com milhares de milhões de anos e outras curiosidades.

O segundo de três guias sobre a riqueza geológica e paleontológica das cidades do Algarve que têm Centros de Ciência Viva – Lagos, Tavira e Faro – foi lançado na passada semana. A publicação sobre Tavira, que se seguiu à sobre Lagos e antecede a de Faro, cuja apresentação oficial deverá acontecer ainda este mês, dá a conhecer um lado desta localidade repleta de pontos de interesse que facilmente escapam ao olho destreinado.

Seja o balcão com 1600 milhões de anos de um moderno café, os fósseis que abundam em pedras existentes em igrejas e noutros elementos patrimoniais, pilares que parecem estar danificados, mas que afinal são mesmo assim de origem, e uma pedra que viajou milhares de quilómetros para sustentar um púlpito num templo tavirense, são muitas as curiosidades reveladas no guia escrito por Luís Azevedo Rodrigues e Margarida Agostinho, com a ajuda da historiadora Rita Manteigas.

Guia geologia paleontologia TAvira (4)Como acontece com a app do momento, também o Guia de Geologia e Paleontologia Urbana pode causar dependência e alterar a forma como nos comportamos, quando entramos num qualquer monumento. «A Rita Manteigas disse-me que, depois de ter estado a fazer este trabalho, sempre que entra numa igreja, a primeira coisa que faz é olhar para o chão e para as paredes, para ver se encontra fósseis», revelou Luís Azevedo Rodrigues, que esteve no Centro de Ciência Viva de Tavira a apresentar o guia, na semana passada.

O paleontólogo, que é igualmente o diretor do Centro de Ciência Viva de Lagos, falou com o Sul Informação e explicou o que se pretendeu, com o lançamento dos três guias.

«Estes livros, que foram editados em português e inglês, fazem um levantamento de rochas e de fósseis que estão, muitas vezes, nelas presentes, num contexto urbano. Pode ser num tampo de um balcão, como o que observámos num café relativamente novo de Tavira, que tinha 1600 milhões de anos, feito de um granito finlandês, ou elementos existentes em edifícios e construções que fazem parte do nosso dia a dia, como igrejas ou praças. Mas sempre num contexto geológico e paleontológico», explicou Luís Azevedo Rodrigues.

O guia permite a qualquer pessoa ver o espaço público com outros olhos. «Muitas vezes passamos nas calçadas e não olhamos para o tipo de rocha que as compõem, vamos às igrejas e focamo-nos nos aspetos arquitetónicos. Mas essa arquitetura baseia-se em rochas que vieram de algum lugar, têm uma história geológica e, muitas vezes, têm restos de seres vivos de há milhões de anos», acrescentou.

Pode, desta forma, ser uma boa ferramenta didática, mas também é ideal para os que visitam Lagos, Tavira e Faro, que podem conhecer outras facetas da cidade, com um enquadramento científico, sem deixar de ter o enquadramento histórico, dado pelos textos de Rita Manteigas.

«No fundo, quisemos abrir o olho das pessoas para outro tipo de conhecimento, para que desfrutem das cidades de forma mais completa», disse Luís Azevedo Rodrigues.

Assim, se visitar uma destas localidades e vir alguém a olhar atentamente para o chão ou com a cara colada a uma parede, provavelmente não está à procura de pokémons, mas sim de fósseis ou de outras curiosidades geológicas e paleontológicas.

sulinformacao

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