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Mesmo à beira da EN125, entre a nova rotunda de acesso a Quarteira e o pontão da Maritenda, há casas, lojas e restaurantes sem água canalizada nem saneamento básico. A situação arrasta-se há décadas, o que levou a que as pessoas afetadas fizessem cartazes, que estão colocados junto à estrada, onde «reivindicam um direito básico».

Vítor Aleixo, presidente da Câmara de Loulé, está solidário com o protesto e acusa as Rotas do Algarve Litoral (RAL), subconcessionária responsável pelas obras na estrada, de «criar obstáculos e mais obstáculos» às intervenções previstas pela autarquia.

O Sul Informação esteve no local, onde falou com Luísa Adrião, da loja de artesanato Galeria Artesanal, situada junto às Benfarras. «Isto é uma situação de terceiro mundo. Há pessoas que, quando vêm aqui, ficam espantadas quando digo que não temos água canalizada nem saneamento básico», considerou.

Já Domitília Gonçalves, proprietária do mesmo espaço, diz que «todos os anos nos dizem que agora é que é, mas a obra nunca avança. Ainda para mais, estamos aqui tão perto de Vilamoura».

Ao nosso jornal, Vítor Aleixo garantiu que continuará «teimosamente a tentar desbloquear a situação». «Estou totalmente do lado das pessoas. A indignação delas é a minha também», acrescentou.

Aliás, segundo o autarca, «o último projeto da Câmara Municipal de Loulé para a execução das obras encontra-se para aprovação da IP (Infraestruturas de Portugal) desde 10 de Novembro de 2016». Esta é uma empreitada que custaria cerca de 2,3 milhões de euros.

«Nunca foi possível resolver o problema. Lamento muito que seja assim, mas tenho-me deparado com problemas de natureza burocrática», disse.

O que o autarca pretendia é que estes melhoramentos da responsabilidade da Câmara avançassem ao mesmo tempo das obras na EN125, para evitar ter de esburacar tudo outra vez. Mas a RAL nunca deu resposta positiva a esta pretensão.

Vítor Aleixo sublinha, ainda, que «aquela é uma zona em que se justifica que haja água e saneamento básico». Ainda assim, Vítor Aleixo fez questão de afirmar: «quem acha que, alguma vez, todo o concelho de Loulé, cuja população é bastante dispersa, terá todas as casas servidas de água e esgotos, não é responsável».

Rui Sousa, administrador executivo da subconcessionária, contactado pelo Sul Informação, disse «não ter conhecimento» desta situação que afeta os comerciantes e moradores.

«Naquela zona, tanto quanto julgamos saber, o saneamento básico e a água canalizada é uma infraestrutura da responsabilidade da Câmara Municipal de Loulé. A RAL não tem qualquer intervenção nesse assunto», acrescentou.

Por agora, a verdade é que vão avançar obras, para ligações de água e saneamento básico, na zona das Benfarras, mas que apenas vão servir casas a Norte e a Sul da EN125. «Uma empreitada começou no passado dia 17 de Julho, junto ao restaurante “O Nando”», avançou Vítor Aleixo.

Já outras duas obras «começarão no prazo de 30 dias», de acordo com previsão do autarca. Uma delas, por exemplo, diz respeito à construção de três estações elevatórias – uma junto à rotunda de acesso a Vilamoura, outra na rotunda dos Olhos de Água, e, por fim, uma terceira no cruzamento que dá acesso à escola das Benfarras.

«Com isto, vamos solucionar um problema que durante muitos anos não foi resolvido», disse Vítor Aleixo.

Só que nenhuma destas empreitadas vai munir, de água e saneamento, estas casas junto à EN125. Por ali, também há cafés e restaurantes, como o popular “Bistro”, pouco depois da rotunda de Vilamoura, mas também o hotel “Parque das Laranjeiras”. Nenhum deles tem água canalizada ou esgotos ligados à rede pública.

Pedro Pereira, à porta do Bistro

Pedro Pereira, gerente do “Bistro”, disse ao Sul Informação que esta situação afeta «muito o negócio». «Praticamente, todas as semanas tenho de esvaziar a fossa. O cheiro também é muito incomodativo», acrescentou.

Por ali, as obras na estrada já terminaram, mas Pedro Pereira alerta: «quando colocarem aqui água e saneamento básico, vão ter de esburacar tudo outra vez».

 

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

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