A Dieta Mediterrânica está associada a um estilo de vida saudável e é recomendada por nutricionistas, dietistas e cardiologistas. Mas também pode ter o dom de “engordar”, e muito, a economia do Algarve, principalmente depois da Dieta Mediterrânica portuguesa, tendo em Tavira a sua comunidade representativa, ter sido reconhecida pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade.
Este reconhecimento pode dar, desde logo, um impulso extra à principal atividade económica do Algarve, o turismo, mas também ao setor primário, potenciando a agricultura e as pescas, além de dar um importante contributo para o desenvolvimento regional e para coesão territorial do Algarve.
Algo que explica o elevado número de entidades que unem esforços para, pela segunda vez, organizar a Feira da Dieta Mediterrânica, em Tavira. O certame decorre de 5 a 7 de setembro e cresceu muito, em relação a 2013, ano em que teve a sua primeira edição, muito por culpa do reconhecimento da UNESCO, concedido em dezembro passado.
Além da anfitriã Câmara de Tavira, que coordenou a execução da candidatura da Dieta Mediterrânica a Património da Humanidade, estão na linha da frente da organização da feira a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, a Região de Turismo do Algarve, a Direção Regional de Agricultura e Pescas, a associação In Loco e a Escola de Hotelaria e Turismo de VRSA.
Jorge Botelho: “Há algo fundamental: que este processo seja um foco agregador de todas as vontades, para levarmos a região a um patamar muito superior, ao nível de atração”
A falta de capacidade de trabalhar em conjunto para um objetivo comum é um problema recorrentemente identificado em projetos na região algarvia e um pouco por todo o país. Mas, percebe-se, a Dieta Mediterrânica também pode ser saudável para as relações institucionais.
«Está a ser determinante para unir a região. Nós há mais de três anos que trabalhamos juntos e aperfeiçoámos mais esse trabalho depois do reconhecimento», ilustrou o presidente da Câmara de Tavira Jorge Botelho.
«Todas as entidades envolvidas percebem que este reconhecimento é uma alavanca brutal tanto em termos culturais, como económicos, e que pode ser potenciado e muito explorado. É isso que estamos a fazer. Este é um projeto verdadeiramente regional, que está em construção, embora estejamos ainda no início», considera o edil.
«Todos podemos ter os nossos interesses individuais, enquanto organizações, mas há algo fundamental: que este processo seja um foco agregador de todas as vontades, para levarmos a região a um patamar muito superior, ao nível de atração», acrescentou.
Dieta Mediterrânica assenta como uma luva na estratégia de financiamento europeu
A explicação para esta vontade em trabalhar em conjunto chega nos discursos de diferentes parceiros, na apresentação da Feira, que decorreu na passada semana. E, percebe-se, desde logo, que aquilo que carateriza a Dieta Mediterrânica coincide com os eixos fundamentais da Estratégia de Especialização Inteligente (EEI) do Algarve, que enquadrará os fundos comunitários afetos à região entre 2014 e 2020.
«Os eixos principais da EEI são o Turismo, a Saúde, o Mar e a Terra, e a Dieta Mediterrânica encaixa muito bem neles», ilustrou a diretora do Europe Diret Centre do Algarve Catarina Cruz, que representou a CCDRA na apresentação da Feira. Esta entidade, que se associou ao projeto há muito, vai lançar, durante o certame, «uma brochura de harmonização de 20 receitas típicas algarvias com outros tantos vinhos do Algarve», além de outras ações para «promoção dos produtos regionais».
Já o presidente da RTA Desidério Silva defendeu que esta feira é uma forma de «tirar as coisas do papel e colocá-las no terreno», de modo a «tirar partido desta distinção que foi dada a Tavira e ao Algarve». A Feira da Dieta Mediterrânica, é um exemplo de ações que podem ser levadas a cabo para pomover «a diversidade, especificidade e, acima de tudo, a identidade do Algarve». Para este responsável, é fundamental esbater a sazonalidade e o reconhecimento da UNESCO pode incentivar «os nossos visitantes a vir cá noutras alturas».
O diretor Regional de Agricultura e Pescas Fernando Severino também concorda que a Dieta Mediterrânica «assume uma grande importância» para o Algarve, mas numa perspetiva diferente. «Temos uma marca, uma prova de excelência e oportunidade de ter um motor promocional sem paralelo, que nos permite levar os produtos de qualidade que produzimos a todo o mundo», defendeu.