Dezenas de proprietários de casas das ilhas-barreira da Ria Formosa, na sua maioria dos núcleos habitacionais da Ilha da Culatra, concentraram-se esta terça-feira às 11 horas em protesto, frente à Câmara de Faro.
Os manifestantes, que se juntam sob o lema «Je Suis Ilhéu», promoveram este protesto, que acabou por se transformar num piquenique, para tentar convencer o presidente da autarquia farense Rogério Bacalhau a «assumir a situação de forma diferente», numa altura em que os habitantes dos núcleos do Farol (zona não desafetada do Dominio Público) e dos Hangares já receberam notificações para deixarem as suas casas.
«Queremos que o presidente da Câmara admita que o processo está errado» e se junte ativamente à luta dos habitantes das ilhas, revelou ao Sul Informação José Lezinho, dos Hangares.
Depois de várias horas de protesto, que chegou a ter momentos de alguma tensão, que levaram a polícia a deslocar-se para o local, Rogério Bacalhau aceitou reunir-se com representantes dos diferentes núcleos da Ilha da Culatra, pelas 14h30.
Desta reunião saiu a garantia, da parte do edil, que iria «agendar uma reunião com o ministro», para que os manifestantes lhe possam transmitir de viva voz os seus argumentos. Segundo José Lezinho, a principal mensagem que os habitantes querem transmitir é que a sua manutenção na Ilha da Culatra «não acarreta qualquer perigo».
«Já se tentou passar a ideia que a situação dos Hangares é igual à da Fuzeta. Não tem nada a ver! Os Hangares ficam a um quilómetro e meio do Mar», defendeu.
Além desta questão da segurança, que é um dos argumentos que tem sido apresentado para demolir as casas que estão no Domínio Público Hídrico na ilha da Culatra (exceto o núcleo com o mesmo nome da ilha, onde o Governo já anunciou que a Polis não fará demolições), há também a questão «humana».
«São vidas, gerações de pessoas que estão ali estão. Há quem lá viva há mais 5 gerações. Muitas pessoas são já idosas. Como é que se explica a essas pessoas que têm de sair?», questionou.
Para já, José Lezinho e os demais habitantes dos Hangares e do Farol mantém a esperança de conseguir parar o processo. «Temos que ter esperança e ir lutando. Se não o fizermos, ainda vão perder-se ali vidas», considerou.
O presidente da Câmara de Faro não quis prestar declarações, após a reunião.
Entretanto, os moradores do núcleos dos Hangares e do Farol, da Ilha da Culatra, já receberam notificações da Sociedade Polis, tendo em vista a demolição das suas casas. No caso do Farol, os proprietários são instados a tirar os seus pertences das casas até ao dia 24 de abril, estando a Posse Administrativa agendada para o dia 27 de abril.
Nos Hangares, a retirada dos pertences deverá ser feita até dia 11 de maio e a Posse Administrativa está prevista para o dia 13 de maio.
Em causa estão «156 casas nos Hangares e mais de 270 no Farol». Nos Hangares, núcleo que José Lezinho representou an reunião de hoje, «apenas vão ficar três casas».