O guarda de uma reserva de caça na Horta das Cebolas, em Monte Farelos, perto de Pereiro (Alcoutim), matou a tiro de caçadeira o patrão, esta quarta-feira, cerca das 10h30. O homem foi detido pouco depois pela GNR quando já se encontrava na sua casa, no Pereiro, e não ofereceu resistência.
Ao que o Sul Informação apurou, a vítima foi o empresário Fernando Pereira, de cerca de 50 anos, que era, segundo o ex-presidente da Câmara Francisco Amaral, «um dos maiores empregadores do concelho de Alcoutim».
Osvaldo Gonçalves, atual presidente da Câmara de Alcoutim, por seu lado, acrescentou que se tratava de um empresário ligado ao setor florestal, à cinegética, à agricultura e à pecuária.
«Foi um homem que subiu a pulso, soube fazer crescer o que recebeu dos pais, e criou a melhor zona de caça de Alcoutim», acrescentou Francisco Amaral. A vítima era também proprietária de «centenas de hectares de floresta».
O crime, cuja motivação se desconhece, deu-se numa das coutadas de caça do empresário, a meio da manhã de hoje. Quando Fernando Pereira se deslocava de trator, atravessando uma ribeira, o presumível homicida, seu funcionário e amigo, de nome João Brás, que estava a arranjar uma vedação para gado, deu-lhe um tiro de caçadeira na cabeça, causando-lhe morte imediata.
O agressor dirigiu-se depois para sua casa, na aldeia de Pereiro, onde, segundo testemunhas, deu de comer ao cão e terá telefonado à mulher da vítima contando-lhe o que tinha feito. Foi em casa que João Brás aguardou a chegada da GNR, que o deteve sem que ele tenha oferecido resistência.
Além da caçadeira usada no crime, o homicida terá ainda entregue à GNR duas carabinas e uma pressão de ar.
O Sul Informação apurou ainda que o homicida era funcionário e responsável, há mais de uma dezena de anos, de uma das reservas de caça privadas exploradas pelo empresário Fernando Pereira.
«Este funcionário era uma pessoa da total confiança de Fernando Pereira. Era o capataz. Nada fazia prever este desfecho, não sei que desavenças poderiam ter», disse ainda Francisco Amaral, notoriamente abalado.
«Nas vezes que visitei a coutada, era o único funcionário que comia à mesa com os convidados. Os outros comiam na cozinha», concluiu.
«Isto é uma situação que nos deixou a todos consternados. Trata-se de duas pessoas muito conhecidas aqui no concelho. Ninguém tem explicações para uma coisa destas», disse ainda o presidente da Câmara Osvaldo Gonçalves.
A Polícia Judiciária e a sua equipa forense chegaram a meio da tarde ao local do crime, que se encontra ainda vedado enquanto decorre a recolha de provas periciais. Só depois disso é que o corpo será retirado.